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Nesta semana, ouvi uma conversa de uma colega de trabalho, ela enviava áudios a ex-sogra, questionando o motivo da ausência do ex-marido na vida da filha de apenas 4 anos. A criança segundo ela, estava magoada, sentindo o peso de um vazio que nem conseguia entender direito. A própria menina usa uma frase de apoio em meio ao caos “Papai Deus” sempre será o pai dela, nunca abandonado.
No entanto, a fé não apagava a dor. Durante a troca de mensagens, a mulher desabafava: meu pai falecido há anos, não estava presente porque não podia estar. Mas o pai de sua filha estava vivo, e isso fazia toda a diferença .Ela resumiu o sentimento que tantos outros compartilham: “Eu sou órfã de pai morto, mas a minha filha é órfã de pai vivo.”
E essa realidade, embora dolorosa, é tristemente comum. Vivemos tempos em que a responsabilidade chega cedo para muitos, mas nem todos estão dispostos – ou prontos – a carregá-la. Filhos que nascem em meio a relações frágeis acabam, muitas vezes, carregando os pedaços que sobram dessas histórias. Crescem à sombra de ausências, de portas fechadas, de aniversários esquecidos.
A ausência de um pai – ou de qualquer figura que deveria amar e cuidar – deixa marcas profundas. São cicatrizes que na infância, se manifestam em perguntas inocentes: “por que ele não veio?”, “será que ele não gosta de mim?”. Mais tarde, essas perguntas se transformam em revoltas ou em alguns casos em um silêncio pesado, como se a ausência já tivesse se tornado algo normal.
E o ciclo por vezes se repete. Filhos ignorados podem crescer e reproduzir, inconscientemente, a indiferença que aprenderam. Pais ausentes, no futuro, encontram o mesmo abandono que plantaram, quando já é tarde demais para reparar o tempo perdido