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O relógio da sala de espera do consultório marca 15:52. Eu olho para ele com certa desconfiança, como se a simples contagem dos minutos fosse, de algum modo, uma provocação. Em um mundo em que tudo gira em torno da urgência, a sensação é de que o tempo, mais do que nunca, é algo escasso. O tempo não para, e talvez por isso ele seja tão precioso.
Ao meu lado, estava uma senhora sentada, ela ajeita os pertences em sua bolsa com o olhar perdido em algum lugar distante, dispersa nos próprios pensamentos. Próximo a nós, os outros esperam, distraídos com seus celulares, como se o tempo que passam esperando aqui, não fosse também um tempo perdido. Mas será que o tempo perdido realmente existe?
Frequentemente, me pego refletindo sobre essas coisas enquanto o relógio segue em tique-taque constante. Não há pausa, não há brecha e nem espaço para dúvidas. O tempo é uma linha infinita que só avança. “O tempo não para”, já dizia Cazuza, e eu entendo o que ele quis dizer. O tempo não espera. O tempo não dá margem para arrependimentos ou respiros.
Quantas vezes já tivemos aquele “choque” de realidade ao ver alguém que vimos nascer, hoje tão crescido e cheio de vida? Ou então quando olhamos para os nossos pais e percebemos as feições marcadas pela passagem do tempo? É nesses momentos que nos damos conta de que, à medida que envelhecemos, o tempo é o que de fato, forma nossa memória. O tempo, muitas das vezes, é o que mais fica marcado em nossa essência.
Mas enquanto espero na sala, percebo algo curioso. O tempo, de fato, não para, mas ele não se apressa o tempo todo. Sinto que, nesse pequeno intervalo de tempo que estou aqui, eu sou forçada a parar e observar, a refletir.
Eu poderia estar presa à urgência do relógio que continua em frente. Mas, no fundo, sei que esse tempo não é perdido. O tempo que passa, ainda que não pare, tem o poder de nos ensinar, de nos lembrar da importância de viver não apenas em função do que vem depois, mas de aproveitar o agora. O tempo não para, mas ele é o que fazemos dele.