Tempo de leitura: 3 min
Lauanne Pereira Camargo
Últimos posts por Lauanne Pereira Camargo (exibir todos)

Era uma manhã comum em uma metrópole vibrante, mas o que deveria ser um deslocamento rotineiro se transformou em uma verdadeira saga. O sol já despontava no horizonte, iluminando os carros enfileirados que pareciam ter sido engolidos por um mar de impaciência. No volante de um desses automóveis, Carlos, um publicitário de 35 anos, meio que se perdeu em seus próprios pensamentos enquanto aguardava que o semáforo se transformasse de vermelho para verde.

A partir de sua janela, ele observava a cena cotidiana que se desenrolava à sua frente. Trabalhadores apressados, mochilas nas costas, atravessavam a rua quando o sinal dava uma pequena trégua. Mães acompanhadas de crianças, enquanto tentavam manter o ritmo, equiparavam-se a atletas em uma corrida contra o tempo. O tráfego, entretanto, tinha seu próprio tempo, e a corrida parecia uma batalha perdida.

Carlos, em meio a esse caos, não podia deixar de refletir sobre a arte da paciência, uma habilidade cada vez mais rara na vida moderna. “Quantas conexões eu deixei de fazer porque estava sempre apressado?”, pensou. Esse instante de contemplação fez com que ele se lembrasse do que a vida tinha a ensinar, mesmo em meio a um congestionamento.

O trânsito, na verdade, poderia ser um convite para desacelerar, para respirar e reconectar-se consigo mesmo e com o mundo que o cercava. Enquanto aguardava, Carlos viu a vida ali ao seu redor. Um artista de rua se preparava para se apresentar, com um violão nas mãos e um brilho no olhar. Tornou-se rapidamente o centro das atenções. A melodia que começou a ecoar pelas ruas trouxera um sopro de vida ao cenário monótono.

Ao invés de buzinas e argumentações de quem se sentia preso, os ouvintes começaram a sorrir e até a dançar, como que hipnotizados. Carlos, por alguns instantes, perdeu a noção do tempo. Era como se a sinfonia do artista fosse uma ponte entre a pressa e a serenidade, entre a rotina pesada e a leveza momentânea.

O semáforo finalmente se abriu. Com o movimento dos carros, a ilusão de que a vida andava de acordo com a rotina se reestabelecia. Mas Carlos, agora imerso em uma nova perspectiva, decidiu que não voltaria a ser um mero espectador desse frenético enredo urbano. Ao invés de se deixar levar pela pressa, ele dedicaria parte do seu trajeto a pequenas paradas; quem sabe, numa próxima vez, a vida o brindasse com mais momentos como aquele.

Com o coração um pouco mais leve, Carlos seguiu seu caminho, mas agora ciente de que o trânsito, por mais caótico que fosse, tinha suas próprias histórias a contar. E que, às vezes, a verdadeira viagem estava não apenas na velocidade, mas na arte de ser paciente. A vida, afinal de contas, não era uma corrida, mas sim uma longa e bela canção a ser apreciada.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *