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Quilombolas são os descendentes de comunidades por escravizados fugitivos durante a época da escravidão no Brasil. De acordo com o Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Goiás reúne 30.387 quilombolas. No país, eles são 1.327.802, correspondendo a 0,65% da população brasileira. Esta é a primeira vez que o IBGE contabilizou a população quilombola.
A pesquisa Racismo e Violência contra Quilombos no Brasil revelou que negros, indígenas e quilombolas são os grupos que mais sofrem preconceito étnico-racial. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) registrou 32 assassinatos e múltiplos casos de racismo nos quilombos entre 2018 e 2022, com ocorrências em 11 estados, em todas as regiões do país.
O Lab Notícias conversou com Eli Barretos, Coordenadora Municipal de Igualdade Racial do Quilombo Recanto dos Dourados, em Abadia de Goiás. Eli nos conta que a história de escravidão no Brasil influencia as questões raciais atualmente. ”O povo quilombola luta pela igualdade na cultura, economia e inclusão na sociedade. Na situação atual dos quilombolas, é preciso avançarmos na questão das terras e acesso aos direitos”, diz Eli Barretos.
Terras próprias e educação
A Constituição Federal de 1988 garante o reconhecimento de suas comunidades como grupos étnicos-raciais, que possuem direitos coletivos a terras que tradicionalmente ocupam.
“É essencial que os quilombolas participem ativamente da formulação e implementação das políticas públicas que os afetam. A criação de conselhos e espaços de participação é fundamental. A articulação entre os diferentes níveis de governo (federal, estadual e municipal) é fundamental para a garantia dos direitos dos quilombolas”, diz a Coordenadora de Igualdade Racial, Eli Barretos.
Instituições de Ensino Superior (IES), abriram inscrições para o curso de Extensão, Formação para Docência e Gestão para a Educação das Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola. Este curso capacita educadores para promover a equidade racial nas escolas, oferecendo ferramentas para implementar práticas pedagógicas antirracistas e valorizar a diversidade cultural, especialmente a negra e quilombola. Confira a lista das Universidades que oferecem a formação:
- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB);
- Universidade Federal de Pernambuco (UFPE);
- Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN);
- Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT);
- Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp);
- Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ);
- Universidade de Pernambuco (UPE);
- Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat);
- Instituto Federal de Alagoas (Ifal).
Força e resistência
Em 20 de novembro é comemorado o Dia Mundial da Consciência Negra, instituído pela Lei 12.519/2011. A data faz homenagem ao dia em que Zumbi foi capturado e morto em 1695. Zumbi foi líder do Quilombo dos Palmares, um dos maiores que já existiu. Ele é símbolo de força, luta e resistência para os povos quilombolas.
“O Quilombo dos Palmares teve seu momento mais efervescente na segunda metade do século XVII e foi o mais emblemático dos quilombos formados no período colonial. Situado na então capitania de Pernambuco, na Serra da Barriga, região hoje pertencente ao município de União dos Palmares, no estado brasileiro de Alagoas, Palmares resistiu por mais de um século. Em fins do século XVI, o quilombo ocupava uma vasta área coberta de palmeiras, que se estendia do cabo de Santo Agostinho ao rio São Francisco. Um século mais tarde, esse território encontrava-se reduzido à região de Una e Serinhaém, em Pernambuco, Porto Calvo e São Francisco, atual Penedo, em Alagoas”, diz a escritora Luciene de Oliveira Dias, em seu livro, Aquilombamento.
“Que possamos deixar de ser coadjuvantes e viremos protagonistas de nossa história, e que a gente consiga entender que a equidade é importantíssima nesse país miscigenado”, diz Eli Barretos.