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Em um mundo extremamente digital, a presença de crianças na internet se torna cada vez mais comum, segundo pesquisa TIC Kids Online Brasil de 2023, mais de 95% da população entre 9 e 17 anos são usuários da internet, 24% deles revelaram que acessaram a internet pela primeira vez antes dos 6 anos de idade, e 88% deles tem perfil em redes socias.
O acesso à internet é de certa forma benéfico já que cerca de 82% deles usam o acesso para a realização de atividades escolares, mas o uso irrestrito trazem dúvidas em relação a segurança dessas crianças e jovens.
Relatório emitido por SaferNet, ONG que investiga denúncias de crimes cibernéticos, revela que mais de 1 milhão de usuários do telegram estão em grupos que divulgam conteúdo de consideradas pornografia infantil, algumas dessas imagens são coletadas diretamente nas redes sociais, compartilhadas pela própria criança e adolescente, ou pelos pais.
Para Pollyana Mendes, professora da rede municipal de educação de Goiânia há 17 anos, atuando hoje como conselheira tutelar, a exposição a conteúdos adultos nas redes socias, como o tiktok, banaliza comportamento sexuais para crianças, que se tornam vulneráveis a abusadores.
“São presas fáceis de pedofilia, de pedofilos, são presas fáceis de pessoas mal intencionadas, com a banalização da sexualização, a criança muitas vezes não consegue reconhecer que está tendo seus direitos violados, que seu corpo está sendo violado, que estão passando dos limites.”
Segundo ela a exposição a esse conteúdo durante a adolescência, onde os jovens tentam se repetir comportamentos de seus pares para se conectar como um grupo, é muito prejudicial na formação do sujeito, e introduz também ao sexo precoce.
A ideia é apoiada pelo artigo Aspectos da atividade sexual precoce, publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, que aponta a exposição precoce a cenas eróticas, como um dos motivos da diminuição da idade onde ocorre a sexarca, ou a primeira atividade sexual.
O artigo indica ainda que uma idade precoce da sexarca, assim como a falta de educação sexual em casa e na escola como um dos motivos que aumentam as chances de uma gravidez na adolescência, e a transmissão de DSTs e ISTs, como HIV e Herpes.
Polyanna nos explica que a educação sexual é primordial, tanto em âmbito escolar, quanto doméstico, para que a criança conheça como seu corpo funciona, para que ela saiba a diferença entre onde ela pode ser tocada ou não, e o adolescente para que ele conheça métodos contraceptivos, e de proteção.
Artigo Erotização Infantil nas Mídias Eletrônicas: uma discussão necessária para pais e mestres, discute sobre a exposição das crianças nas redes sociais e como sua exposição fora e dentro das telas acaba com a infância como a conhecemos:
Polyanna, nos conta que o acesso a internet deve ser controlado pelos pais, que devem restringir tanto o tempo quanto conteúdo que essa criança e adolescente assiste, e que mesmo vivendo em uma época com pais mais permissivos, é necessário pulso firme na educação dos pequenos, para estabelecer os limites necessários para seu bom desenvolvimento.
“Crianças devem ter uso restrito a internet, estudos da neurociência sobre desenvolvimento cerebral, de crianças e adolescentes que estão em pleno desenvolvimento, falam muito que o máximo seria em torno de 2 horas de uso de redes sociais, duas horas de vídeos, justamente para que eles não percam o foco, a concentração nos estudos, nas interações sociais”
Ela nos explica também que quando chegam denúncias da exposição de crianças nas redes sociais de forma inadequada, eles fazem uma notificação aos genitores, os pais, expedem uma advertência, dando um prazo para que o conteúdo seja retirado, pois, ele viola a imagem dela, expondo a mesma ao ridículo, assim como a predadores, e quando os pais não cumprem com a advertência dada, é notificação ao ministério público e judiciário, sobre a advertência e o não cumprimento da mesma, e os pais respondem pelo crime de omissão e exposição.
Para as crianças e os jovens que são acostumados a acompanhar artistas e influencers nas redes sociais, como Melody e Kamilinha, é difícil compreender que o comportamento adultizado é prejudicial, e como cada fase de desenvolvimento é importante.
Mas se fotos e vídeos que parecem inocentes, de uma mãe brincando com seus filhos na praia, ou mostrando seus bebês de fralda recebem comentários pervertidos, imagine vídeos de crianças e jovens dançando músicas de letras explícitas.
É o que nos conta Laura, mãe de duas meninas, teve que restringir o uso das redes sociais, por medo dos comentários que as filhas recebiam.
“Elas faziam vídeos no tiktok, esses de trends, e eu não prestava muita atenção, até que um dia uma delas estava rindo muito para o telefone, pedi para ver o que era, era um cara conversando em chat privado, disse que conhecia ela, que queria marcar para sair, então fucei para valer, e era muita barbaridade nos comentários, tomei o celular e proibi na hora, só Deus sabe onde ela estaria agora se eu não tivesse olhado!”
Plataformas como Youtube já tem grande parte de seus vídeos com crianças com comentários privados, e as outras redes sociais também permitem o bloqueio, mas até que ponto isso protege as crianças dos perigos presentes na internte?
Proposta de lei aprovada pela Câmara dos Deputados, prevê série de medidas como: