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Foto: Valto Leão

Moradores estão inseguros de abrir as portas para os recenseadores. Censo Demográfico é uma das pesquisas mais importantes do país

Quase um mês desde o início das visitas, recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) passam por dificuldades para realizar entrevistas do Censo 2022. Diversos moradores por todo o país recusam receber os trabalhadores, que também encontram domicílios sem residentes.

De acordo com Arthur Oliveira, recenseador do instituto na cidade de Goiânia, a falta de segurança nos municípios e de divulgação da pesquisa em regiões locais, são os principais fatores dessa adversidade. “Algumas pessoas estão muito resistentes para a entrevista do censo, algumas pessoas falam até que não querem ser entrevistadas. Quando uma pessoa nega uma entrevista, ela tá ao mesmo tempo negando o direito dela de ter acesso à uma política pública de qualidade”, destacou o agente.

 “O IBGE já passou na minha casa, inclusive fazem poucos dias. Eu acho que as pessoas estão inseguras porque podem achar que não são recenseadores de fato e sim pessoas que se passam por eles só para colher informações e roubar dados”, relatou Monalisa Vieira, que é moradora da Região Metropolitana de Recife, em Pernambuco.

Camilo Pereira, coordenador do curso de Geografia na Universidade Federal de Goiás, pontua os desmontes de instâncias desde a época do mandato de Michel Temer, e que foram mantidos por Jair Bolsonaro, como um dos motivos que explicariam o atraso do Censo Demográfico 2022 e sua possível desconsideração. “Há uma necessidade de fazer uma explicação, uma campanha na televisão, rádio, na internet, no governo federal, explicando pra população o que é o IBGE; muitas pessoas não sabem o que é o IBGE”, informa ele.

Há relato até de moradores que expulsaram recenseadores, como conta Kelson Ramon, morador do município de Imperatriz, no Maranhão: “Meu avô não quis responder e expulsou o recenseador… ele já é um senhor de idade que mora sozinho e ficou desconfiado. Foi preciso o agente ir na casa da minha mãe, que cuida do meu avô, para responder e passar as informações dele para o agente.” Ele fala que o argumento da insegurança é válido, visto que o cenário de violência no país é crescente.

O geógrafo e editor do Boletim Goiano de Geografia, Tadeu Arrais, explica que o ano de 2023 irá começar com uma grande vantagem, pois o país já terá acesso às informações colhidas pelo IBGE: “O papel do IBGE tem sido traduzir, de tempos em tempos, com diferentes pesquisas, o que é o Brasil. Nós temos que reconstruir esse país. O país estava caminhando para a sua construção e o IBGE é a peça fundamental.”

18 thoughts on “Recenseadores encontram dificuldades para realizar Censo Demográfico”
  1. Muito boa sua iniciativa de fazer um texto sobre algo tão importante, parabéns ! Graças a você agora estou sabendo do censo e vou avisar todo minha família.

  2. Relatos e mais relatos sobre a abordagem do censo e quase nada de publicidade falando da importância dessa pesquisa.
    Iniciativas como a sua, Valto, são fundamentais para a conscientização de uma parcela da população, está de parabéns, você vai longe meu anjo.

  3. Como levantado pela matéria, a divulgação em massa em televisão e rádio é essencial, sobretudo, acerca da necessidade do censo e os meios de garantir a segurança da população na hora da pesquisa. A implementação de QR code nos crachás dos agentes é um bom avanço, apesar de necessitar de tecnologia para a sua efetivação, uma vez utilizado em rua por exemplo pode haver a comunicação de que aquele agente é confiável.

  4. Que matéria maravilhosa Valto! Interessante e necessário para a população ficar cada vez mais atenta com os dados do nosso país, mesmo com tanto descaso por parte do governo, parabéns!

  5. Texto muito importante!
    Ressalva a importância de uma divulgação que abrangesse por boa parte dos municípios de cada região, ainda mais nos municípios menores. A falta de informação até chegar às pessoas faz com que aconteça esse tipo de situação com os recenseadores sendo rejeitados nas portas das casas. Acredito que seja o dever de toda população participar dessa pesquisa do IBGE. O relato que o texto frisa do senhor que expulsou o recenseador de dentro de casa deixa claro que a divulgação do senso se torna falha.

  6. Texto incrível para um tema muitíssimo importante!
    Afinal sem os dados sobre a população, como será possível pensar em políticas públicas para atender suas necessidades?
    Espero que as pessoas tomem consciência da importância do censo IBGE para a manutenção da democracia brasileira.

  7. Excelente e necessário texto! De fato, pouco está se falando sobre o censo deste ano, o que corrobora para a desconfiança da população. Um censo feito a cada década, responsável por desenhar a realidade de todo um país, não merecia tamanho descaso. Infelizmente, não consigo não pensar que todo esse descaso é realmente uma política pensada, afinal, a quem interessa o ocultamente da triste e atual realidade do nosso país?

    1. Obrigado pelo comentário, Isaac! Fico feliz em saber que partilhamos de um mesmo pensamento. Além do mais, de que serviriam esses dados em uma possível campanha eleitoral de reeleição? (Contém ironia).

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