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Tendo a bola como seu primeiro brinquedo, Peterson, de 17 anos, começou a jogar futebol na infância, época em que surgiu em si o amor pelo esporte. Aos 15, quando atuava pelo São Paulo, descobriu uma síndrome autoimune que o fez “pausar” os treinos. Contudo, afirma que “é difícil, mas não impossível […] eu saia do quarto do hospital e fazia o que eu podia; eu fazia 20 minutos de fisioterapia no dia e falava ‘mãe, a gente precisa fazer mais. Eu posso tentar levantar do banco? Eu vou fazer isso até conseguir levantar do banco’.”

“Se eu conseguisse chutar a bola e ela passasse por um determinado lugar, eu ganhava um picolé.”, diz o jogador sobre uma brincadeira que tinha com o pai quando pequeno.


Perguntado sobre como surgiu o amor pelo futebol e o incentivo que teve para começar a jogar, Peterson destaca:

“Comecei a jogar futebol bem cedo. Eu tinha 4 aninhos quando comecei a me divertir, ver aquilo como uma brincadeira; eu ia no Goiás, onde meu irmão treinava, pra assistir aos treinos dele. Enquanto ele treinava, meu pai levava uma bola e eu ficava chutando no CT; assim foi por alguns anos. Quando você é criança, você quer bater algumas embaixadinhas, aprender algumas coisas e isso foi despertando muito o amor em mim. Meu pai foi muito quem repercutiu essa paixão e essa vontade de jogar, foi tudo começando por ele.”

Trajetória do jogador

Com 9 anos, Peterson jogava na escolinha de futebol do Flamengo em Goiânia e passou em um teste do Ninho do Urubu, centro de treinamento da equipe rubro-negra no Rio de Janeiro. Assim, periodicamente fazia monitoramento no CT. Nesse período, ainda em Goiânia, o atleta passou pela Flagyn e pela ONG+Ação, lugares onde ele desenvolveu a paixão de criança. Na faixa dos 13/14 anos, Peterson foi artilheiro do Campeonato Goiano Sub-13 por duas temporadas consecutivas, quando o São Paulo o viu jogando. Dessa forma, com 14 anos, o jogador entrou para o clube paulista e virou “cria de Cotia” — cidade em que são concentrados os treinamentos da base são-paulina.

Foto: Instagram do jogador (@petersonaquino9)

“Se você pegar minhas carteirinhas de estudante, em todas elas estão coladas a foto do Cristiano Ronaldo. Na Copa de 2018, recortei a figurinha dele e colei [na carteirinha]. Era como se fosse eu mesmo ali, como se fosse ele.”

O Cristiano Ronaldo é uma referência para Petgol. Quando questionado sobre a admiração e a representação que o jogador português gerava nele, o atleta de 17 anos afirma:

Minha paixão pelo Cristiano começou pelo meu pai também. Meu pai é muito importante pra mim, em toda minha história, é um cara muito trabalhador, muito consciente e ‘cabeça’. Ele me ensinou a ter meus ídolos parecidos com o que ele me passava. Então meu pai sempre me falou sobre o trabalho, que o trabalho sempre vence o talento e eu enxerguei isso no Cristiano Ronaldo. É um cara completamente fora da curva. Vendo o que ele fazia, aquilo me despertava uma paixão tremenda e eu queria fazer o que ele fazia. Eu queria fazer o gol como ele fazia. Eu parei de tomar refrigerante aos 13; eu comecei a me alimentar melhor porque era o que o Cristiano fazia. Eu queria ser como ele. Eu queria ser ele.”

Em um momento difícil de recuperação, Peterson chegou a receber um vídeo do ídolo e até hoje se emociona ao lembrar. “Primeiro, eu não acreditava. Eu vi, revi e não acreditava. Só conseguia chorar e pensar ‘não é possível que ele tá falando comigo'”.

“Estás forte; estás a acreditar no teu sonho”. Frase dita pelo próprio ídolo que o atleta leva consigo como motivação para trabalhar sempre mais em sua carreira. “Esse cara já falou comigo. Eu preciso um dia chegar e conversar com ele e pra isso eu sei que preciso trabalhar muito“.”Ele na minha carreira faz uma diferença incrível, porque ele me motiva.”

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Com a pandemia, Peterson voltou pra casa com o foco de evoluir em sua carreira, chegando a treinar quatro vezes no dia. Em um sábado, o atleta começou a sentir muita dor nas pernas. Chegando em casa, tentou nadar na piscina e não conseguiu. À noite, não conseguiu fazer uma flexão. “Quando eu desci pra fazer a flexão, eu não conseguia mais levantar do chão.” Foram 19 dias perdendo a força e emagrecendo até descobrir o que estava por trás, chegando a perder 15 quilos.

“Se você pesquisar sobre a síndrome, aparece que não tem cura. Eu tinha 15 anos, via aquilo e só chorava.”

Quando tudo aconteceu, Peterson publicou em seu Instagram sobre a doença, o que gerou muita repercussão e, nisso, muito apoio. Ele afirma ter recebido muita força que o fez agir pensando positivamente, ainda que estivesse muito acometido pela síndrome autoimune. “Eu queria muito evoluir, eu compartilhava também porque sabia que inspirava muitas pessoas.”

“No hospital, eu queria correr sem conseguir nem andar. Eu me orgulho muito disso; eu sei como foi difícil e lembro como foi quando consegui levantar sozinho pela primeira vez. Foi muito especial.”

Recuperação e retomada

O processo de recuperação foi lento, mas Peterson sabia que “precisava ter fé no processo”, ainda que demorado. Ele ficava cerca de 10 horas por dia em fisioterapia todos os dias. “Eu sei o quanto eu inspiro pessoas, por isso eu tento moldar minhas atitudes e ser exemplo.”

Perguntado sobre o incentivo que teve na recuperação, Peterson afirma, sem dúvidas, ter sido a família a base. Além da rede de apoio, o vídeo de Cristiano Ronaldo, os amigos e a torcida são-paulina, que o acolheu, foram extremamente importantes para sua retomada. “Eu desenvolvi uma mentalidade muito forte com minha fé e constância. Sobre ser constante e manter isso em minha vida. Acredito muito em não ser o mais alto, mas reproduzir o melhor que você pode por muito tempo.”

“Eu queria voltar a jogar futebol; queria voltar ao meu sonho. Especialistas falaram ‘você não vai voltar a jogar, não vai conseguir’. Ainda sim, eu vou tentar, vou tentar mais uma vez e não me importo.”

Hoje, Peterson chegou ao Goiás e atua pelo sub-17. “Graças a Deus eu fiz uma boa temporada no São Paulo e agora estou no Goiás, estou bem, fazendo gols, decidindo algumas partidas e sendo muito feliz porque sei que trabalhei muito por isso. Tenho muito orgulho de mim e, claro, de todos os profissionais que trabalhei. Sou muito grato.”

Chegada ao Goiás

Assim que saiu do São Paulo, Peterson recebeu uma proposta do clube esmeraldino. “O diretor da base, Eduardo Pinheiro, conversou comigo e com meu pai, e eu fiquei muito interessado porque eles se preocuparam com meu lado humano. Eles se preocuparam não só com meu lado atleta, mas com meu lado humano e isso foi muito importante”.”Minha vinda é muito importante e sou muito grato pela oportunidade. Hoje, graças a Deus, estou muito bem e conseguindo jogar.”

“Eu sei que não estou 100% ainda, mas sei que vou ficar 100%. Sei que minha evolução é gigantesca, mas sei também que ainda preciso evoluir muito.”

O atleta diz ainda ser o início de uma história “linda” com o clube e pretende estar muito bem em 2023 para a nova temporada. “Toda minha gratidão ao Goiás Esporte Clube pela oportunidade.”

Por fim, perguntado sobre um sonho que tem dentro do futebol, Peterson diz que é, desde criança, vencer uma Copa do Mundo. “É uma das coisas que me motiva a levantar da cama todos os dias: ser campeão do mundo.” Além disso, estrear profissionalmente com a camisa do Goiás. “Eu acho que vou, sim, conseguir conquistar e chegar a esse alto patamar do futebol brasileiro.”

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