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O Programa de Quinta é um programa cultural transmitido pela TV Brasil Central todas as quintas-feiras, trazendo sempre artistas das mais diversas áreas para compartilharem suas obras. Para conhecer mais do programa e da sua importância, conversamos com a radialista e produtora Carolina Winter, que tem uma conexão com o programa desde a sua criação.
Alice Valadares: Carol, no que consiste o Programa de Quinta?
CW: É um programa que tem o papel de difundir e valorizar a cultura e a arte produzidas em Goiás. Ele é transmitido semanalmente pela TBC, que é a emissora pública do Estado de Goiás. Uma emissora publica tem um caráter cultural e educativo, então a gente fica feliz de ser esse programa cultural e poder entregar para a população conteúdos diversificados.
O Programa de Quinta traz diferentes estilos musicais, recebemos também pessoas das artes plásticas, da dança, do cinema, teatro, circo e afins. Só que o destaque acaba sendo a música, a maior parte do programa acaba reservada a ela.
A gente também fica antenado no que acontece nas políticas publicas relacionadas a arte e cultura, então quando tem um lançamento de algum edital, algum projeto ou oportunidade para os artistas, a gente divulga. Também tem espaço para mostrar o que é feito nas instituições de arte e cultura do estado, como o Basileu Franca, que também são centros profissionalizantes de arte e cultura e não são muitos no país.
Então tem esse caráter de difusão e valorização da arte e cultura daqui, mas a gente também leva o entretenimento. A gente escolhe mostrar repertórios, artistas, conteúdos, que não são amplamente divulgados pela maioria dos veículos de comunicação, mas que é só uma questão de o público conhecer para apreciar.
A: Qual é o público-alvo do Programa de Quinta?
CW: A gente não tem uma pesquisa de audiência pra nos apontar exatamente quem é o público-alvo, o que temos de retorno direto é a própria classe artística e cultural e também quem aprecia e acompanha os artista que vem.
Agora, é muito interessante quando a gente começa a encontrar pessoas na rua e de repente se ouve alguém falando que já assistiu o programa, ou falando ‘Ah tem aquele programa lá que as duas mulheres apresentam’, alguma coisa assim. As vezes o espectador não se recorda do nome do programa, mas ele lembra de ter visto um artista que conhece, ou uma dança.
É interessante, eu adoraria que a gente tivesse uma pesquisa para saber quem realmente é esse público, porque a gente pode se surpreender. Muita gente vai desenvolvendo um carinho com o programa e mesmo nas periferias, que são lugares que eu frequento, as pessoas comentam e sentem que é uma alternativa. As vezes as pessoas querem algo diferente e não encontram, mas no nosso programa elas encontram.
A: Tendo isso em mente você acha que o programa consegue realizar seu papel como um difusor de cultura?
CW: Acredito que sim. Além dos convidados divulgarem o programa até o publico que os acompanham, a melhor surpresa de todas é que a cultura não é algo que interessa apenas ao publico de classe média para cima. Quando se fala em cultura, muita gente pensa que é algo muito distante do povo e não é.
As vezes a gente ouve que o Programa de Quinta é um papo cabeça, meio elitizado, mas acho que isso é subestimar o publico e também é um desconhecimento da realidade. Muitos artistas vivem nas periferias, músicos, artistas circenses, atores e até membros da cadeia produtiva.
É um erro achar que só porque a pessoa não tem dinheiro para pagar 150 reais em uma apresentação de teatro que ela não aprecia a arte, ela aprecia. Aí um dos objetivos do Programa de Quinta é conseguir levar essa arte que as vezes está só nos grandes centros para esse publico diverso de diferentes realidades socioeconômicas.
A: Quando você entrou na TBC o programa já existia, ou você fez parte da criação dele?
CW: Quando o programa nasceu eu fazia parte da equipe do TBC Memória, mas desde o primeiro dia eu rodava o Teleprompter do programa, então lá eu podia acompanhar a estrutura do programa, via os detalhes, como era construído. Então aprendi muito sobre televisão com ele.
Eu estava sempre atenta a alguns detalhes do programa, detalhes do cenário e afins e eu ficava querendo contribuir. Em um momento o produtor teve que sair, ir pra outro órgão do Estado e aí me convidaram para fazer parte. Antes da décima edição eu assumi a produção, mas desde a primeira eu faço parte da equipe, inicialmente rodando TP.
A: Dá para se dizer que você tem uma relação mais intima com o programa, que vai além do profissional?
CW: Totalmente. Eu sou apaixonada por arte e cultura, sempre fui envolvida com isso e com a educação. Acredito que a educação também acontece nos ambientes de arte e cultura, porque muitos valores humanos são transmitidos, muitas informações históricas, muita coisa sobre a vida cotidiana. A arte pode estimular pensamentos em todos os assuntos que se referem a vida no planeta.
O meu trabalho no Programa de Quinta também está muito ligado ao compromisso que tenho como profissional da comunicação de fazer a difusão artística, então eu me importo com a vida dos convidados e me dedico para que o trabalho dele seja valorizado. É muito difícil ser artista no Brasil, então a gente ter esse espaço contribui tanto pro publico quanto pra carreira do artista. Muitos deles tem até mesmo a primeira experiencia com televisão com a gente.
A: Como uma produtora do programa, qual é a maior dificuldade de se trabalhar nele?
CW: Existe um formato que a gente procura seguir, só que nem sempre é possível atender a esse formato. Os padrões do programa sugerem que a gente traga os pontos principais da carreira do artista, alguma novidade relacionada a ele enquanto mostramos a sua trajetória. Só que alguns já estão na estrada a décadas e não possuem registros de imagens.
No programa, enquanto o convidado dá a entrevista, a gente exibe vídeos, fotos etc.; só que alguns artistas com mais tempo não têm esses registros, aí é desafiador encontrarmos maneira de ilustrar. Mas isso a gente resolve, o que me preocupa às vezes é que com a falta de imagens fique prejudicada a imagem do artista.
Se a gente não conseguir produzir um material interessante, fica parecendo que o artista não é interessante e eu quero muito que o artista se engrandeça conosco.
A: No que é preciso melhorar no futuro próximo do programa?
CW: Eu espero que a gente consiga aprimorar a estrutura, porque queremos receber mais gente no programa e nosso cenário e equipamentos como microfones são limitados.
Mas fora a parte de estrutura, a expectativa é que a gente consiga melhorar o conteúdo e a abordagem cada vez mais. A gente sempre conversa sobre como foi o programa que a gente acabou de fazer e isso permite que a gente vá se aprimorando cada vez mais como equipe. Desde o começo até agora já evoluímos muito e eu espero que a gente evolua ainda mais para honrar o objetivo e proposta do programa.