Fim de mural em homenagem a professor falecido revolta discentes de Colégio renomado em Goiânia

Entre polêmicas Colégio gera comoção em alunos após retirar homenagem a professor querido da Instituição.
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Foto por: Izadora Arantes Fideles

Em meio a acusações de censura, o Colégio Visão SEB, do Setor Bueno, cobriu no último dia 20 (quarta-feira) um grafite que homenageava o falecido professor Clinton Marciel – vítima de um ataque cardíaco em agosto de 2019 – gerando comoção entre os discentes.

A decisão vem após uma série de polêmicas envolvendo a instituição, acusada de censura depois de demitir um professor de sociologia, Osvaldo Machado, em decorrência do uso de tirinhas com cunho ideológico em uma de suas listas. Em resposta ao portal de notícia UOL, o colégio declarou ter um “código de conduta que veda manifestações políticas, partidárias ou ideológicas” na escola. O ato gerou agitação nas redes sociais atraindo a atenção do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro Goiás) que emitiu nota de repúdio à demissão, e de outros membros da comunidade acadêmica, que declararam apoio ao ex-docente.

Não houve, por parte do colégio, esclarecimento acerca dos motivos que os levaram a encobrir o mural em tributo a Clinton, contudo, a decisão é, para muitos alunos, uma tentativa do colégio, sob nova direção desde maio deste ano, de se distanciar dos professores, após a controvérsia em evidência. A escolha de homenagear o docente partiu da antiga coordenação como ato de agradecimento e respeito pelo professor que dedicou-se sem medir esforços pela formação de seus alunos e à boa reputação da escola.

O professor de física, Clinton Marciel Rodrigues, morreu aos 53 anos, após sentir-se mal enquanto lecionava no Visão, ele foi levado para um hospital onde recebeu os primeiros socorros mas ao sofrer um infarto fulminante, não resistiu. Segundo relatos dos alunos, mesmo passando mal ele pediu para continuar lecionando. Diante, porém, da insistência dos coordenadores, foi levado para um hospital no Setor Jardim América onde passou por exames e foi medicado. No entanto, era tarde demais.

Para Ilamar Fernandes, ex-aluno e amigo do professor:

“o memorial representava a lembrança constante de que um dia ele existiu, a lembrança constante do que ele representou para as pessoas que ele amava e para o colégio. O memorial, de certa forma, confortava os alunos que carregam uma memória viva do sacrifício e dedicação do professor Clinton para com a instituição e os seus discentes. Representava também reciprocidade, o colégio entregando algo em memória de um professor que morreu ‘dentro’ da sala de aula deles.”

Foto por: Ilamar José Fernandes Filho

Questionado sobre sua opinião como ex-aluno a respeito das últimas decisões da instituição, o estudante de medicina respondeu “o Visão sempre foi um colégio familiar e de princípios, pregava a diversidade e a liberdade, forneciam uma formação completa”, porém, “o Visão foi contra tudo o que eles já pregaram, demitiu dois dos funcionários que mais foram fiéis e leais, que dedicaram uma vida àquele colégio. Um eles demitiram sem dar satisfação nenhuma e o outro eles demitiram apagando o memorial; uma lembrança eterna se tornou uma ausência eterna.”

Ainda de acordo com ex-discentes, a razão do apagamento não poderia ser ideológica, já que, como informaram, não fazia parte da dinâmica de sala de Clinton abordar assuntos partidários, salvo raras exceções sempre em tom de brincadeira. E com brincadeiras, inclusive, ele iniciava suas aulas, trazendo consigo jargões pelos quais era conhecido. Da mesma forma associavam a ele e à sua didática, as vitórias do Colégio em campeonatos nacionais de física.

A comoção não foi somente para os próximos a Clinton:

“Uma das coisas que tornava o Visão acolhedor era o ambiente, principalmente o jardim onde o memorial ficava; era aberto, colorido pelas plantas e também pela parede com o rosto do professor grafitado. Era bem melhor do que ficar simplesmente olhando uma parede branca. Além de demonstrar a humanidade do colégio, cuja equipe era como uma família, e homenagear um grande professor da instituição.”

Confessa a universitária Ana Júlia Noleto sobre o que o memorial repercutia, mesmo não conhecendo de perto o falecido homenageado.

Até o presente momento não obtivemos resposta da Direção e/ou Coordenação do Colégio Visão SEB a respeito do ocorrido.

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