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A controversa fala da ministra do Esporte
No dia 10/01 desse ano, a Ministra do esporte do presidente Luís Inácio da Silva, Ana Moser, cedeu uma entrevista para um portal da internet. Nela a ministra falou sobre as pautas e projetos do ministério e em uma de suas falas gerou bastante repercussão e comoção na internet. Na fala em questão Moser disse que E-Sports não devem ser considerados esportes e e sim entretenimento e portanto não pretende investir no cenário.
“A meu ver o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. O atleta de ESports treina, assim como a Ivete Sangalo também treina pra dar show, mas ela não é atleta da música, ela é ‘simplesmente’ uma artista, que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, diferente do esporte.” – disse Ana Moser
Devido à fala da ministra, muitas personalidades públicas e da internet se pronunciaram em relação ao assunto. O streamer e Jornalista Casimiro Miguel, considerados um dos maiores streamers e influencers do Brasil, foi um dos primeiros a se pronunciar publicamente. Para Casimiro, a fala foi proferida de maneira arcaica e sem fundamentos, ainda desrespeitando todo um cenário e seus integrantes. O Streamer completa dizendo que o assunto é muito complexo para ser dito dessa maneira e defende os investimentos na área ainda dizendo que tudo que o cenário e seus atletas querem é ser reconhecidos.
“Você pode ter a opinião que você quiser, só não fazer duas coisas: desrespeitar a parada e mostrar uma ignorância f** no comentário. Isso não dá. O comentário foi grotesco e grosseiro, porque parecia que ela não sabia do que estava falando. O que me desagrada é que é um comentário arcaico. Você vai colocar o E-Sport em qual pasta? Porque precisa ter investimento. Ela podia só ter mais cuidado na fala dela, porque desrespeitou muita gente. A discussão é muito complexa para ser encerrada numa frase ruim”, disse Casimiro.
O que define um esporte?
A fala de Ana Moser trouxe novamente esse assunto e repercutiu bastante. O cenário de esportes eletrônicos constantemente recebe ataques e falas que o diminuem e repudiam. Por ser principalmente um cenário muito novo que surgiu com o avanço da tecnologia, muitas pessoas de fora da comunidade ficam receosas e e ate com preconceitos em relação aos E-Sports. Tal situação é normal e sempre acontece quando algo novo surge com o avanço da sociedade tecnológica. Afinal de contas, os Esportes eletrônicos devem ou não ser considerados esportes?
Como dito por Casimiro Miguel, esse é um assunto delicado e complexo, muitos especialistas da área preferem não responder tal pergunta enquanto pessoas de dentro do cenário afirmam que é sim um esporte. Para se ter uma noção melhor quanto a esse assunto se é preciso saber previamente o que se trata o conceito de esporte e o que o define.
Segundo especialistas, esporte é uma atividade competitiva institucionalizada esforço físico vigoroso ou o uso de habilidades motoras relativamente complexas, por indivíduos, cuja participação é motivada por uma combinação de fatores intrínsecos e extrínsecos — diz a definição, sendo que fatores intrínsecos são as motivações próprias do esporte, como o espírito esportivo, e os extrínsecos são aqueles para além do esporte, como o desejo de obtenção de dinheiro.
Já nos dicionários os conceitos de esporte seriam: Pratica metódica de exercícios visando o lazer e o condicionamento do corpo e saúde; Conjunto de atividades físicas ou de jogos que exigem habilidades, que obedecem regras especificas e são praticados individualmente ou em grupo; Atividade de lazer e divertimento, hobby e passatempo.
Dito essas definições básicas do que seria um esporte, em que os E-Sports se assemelham e se aproximam dos esportes. Os esportes eletrônicos são práticas e atividades de lazer e ou profissional, individuais ou em grupos que geram uma competitividade entre seus jogadores. Além de exigirem habilidades diferentes para determinados jogos, ainda apresentam métodos e regras especificas para cada um. Por fim ainda tendem a beneficiar a saúde mental servindo como uma forma de válvula de escape e aliviando a tensão do jogador.
Segundo Alessandra Dutra, psicóloga que trabalha com E-Sports e já integrou o comitê olímpico Brasileiro (COB). Acredita que sim, os E-Sports podem ser considerados esportes e devem.
Existe uma discussão pelos especialistas sobre o que vem a ser esporte. Há aqueles mais conservadores que consideram esporte somente aquilo que vem de esforço físico. Mas há uma outra vertente que acredita que esporte também vem daquilo que há desgaste físico. Aqui entram games, xadrez, Fórmula 1, Stock Car. E-sports têm regras, treinamento, entidades organizadas, campeonatos. Além disso, estamos na era da intersecção do desempenho com a saúde mental. Nos E-sports esse diálogo ocorre há muito tempo.
O preconceito vem porque a história com o entretenimento é muito forte. O que as pessoas precisam saber é que um viciado em game jamais chega ao nível profissional. Não suporta a rotina de um gamer profissional porque há algo de muito errado no comportamento dessa pessoa viciada. A rotina de um gamer profissional é pesada, completamente diferente de Ivete Sangalo na hora que vai desestressar — específica a psicóloga, referenciando a comparação que a ministra Ana Moser fez de um atleta de E-sports com a cantora.