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Na reta final da terceira temporada, investigação e mistérios marcam o sexto episódio de The Mandalorian e saem um pouco do tom habitual com a direção ousada de Bryce Dallas Howard.
Novo lugar, velhos hábitos
Ao acompanhar a jornada de Bo na busca pelos Mandalorianos dispersos pela galáxia, somos apresentados a Plazir-15, onde uma força mercenária Mandaloriana, liderada por Axe Woves, antigo parceiro de Bo-Katan, está situada. O planeta que não faz parte nem da República e nem do Império tem um suposto índice democrático pungente e aparenta reservar todos os bônus de uma sociedade em que a maioria participa ativamente nas decisões da conjuntura, ao passo que as máquinas operam os serviços mais pesados no lugar dos seres vivos a fim de construir uma vida tranquila para aquelas pessoas.
Como um clássico episódio de The Mandalorian, não é apenas isso que acompanhamos de imediato. À medida que a trama se desenvolve, a direção de Bryce Dallas Howard, que já comandou outros episódios em temporadas anteriores, destoa um pouco do tom da temporada mas mantém um bom ritmo no capítulo em questão. Com uma visão sempre mais humanista em vista dos personagens até não humanos, Bryce desenha em Star Wars a sua marca ao replicar situações puramente cotidianas dentro do universo de galáxias e seres excepcionais. Como, por exemplo, na cena de abertura onde os mandalorianos que não seguem a doutrina “resgatam” o filho de um líder importante que contratou os serviços deles como mercenários: se por um breve instante a direção queria mostrar como o romance entre duas espécies alienígenas pode ser abordado dentro de um contexto tão complexo, ela conseguiu. Outra forma é a maneira como aborda a questão dos droides com defeitos, que remetem diretamente a uma ideia de vício em substâncias ilícitas por parte das máquinas do planeta.
A ideia de que Bo-Katan e Din desviem o rumo de seu objetivo a convite da realeza para resolver um problema de funcionamento dos droides parece ser boa a princípio, mas se desenvolve mal com um desfecho quase que de modo cartunesco como em Scooby-Doo. Descobrir que o problema dos droides com mau funcionamento é parte do plano de um separatista infiltrado que alcançou alto cargo dentro de uma sociedade recém-formada soou apenas como uma oportunidade de fazer mais uma referência às trilogias passadas, dessa vez, citando o conde Dooku como alto ideólogo dos separatistas.
Participações especiais
Apesar do pouco desenvolvimento acerca da história principal, o episódio trouxe surpresas para o público com a presença da cantora Lizzo e os atores Jack Black e Christopher Lloyd, que dão vida aos personagens Duquesa de Plazir-15, Capitão Bombardier e Comissário Helgait, respectivamente.
O personagem de Jack Black dentre os três é o mais interessante de se acompanhar. Por ser um ex-imperial reformado pelo programa de anistia da Nova República, é natural que se tenha um ar de desconfiança em relação a ele, no entanto, o que o episódio entrega é justamente a tranquilidade de alguém que, de fato, não parece ser uma ameaça, e sim quem está vivendo outra vida, uma vez que encontrou em seu casamento um novo sentido para sua vida.
O tempo amadurece as relações
Ao longo da temporada, observamos o desenvolvimento da relação de Bo-Katan e Din através de dois espectros: diálogos sinceros a respeito de seus respectivos passados e em momentos de ação onde a confiança um no outro determinou o sucesso de seus objetivos. Neste episódio acompanhamos o clássico arquétipo do good cop/bad cop, no qual os instintos de Din ao se deparar com droides imperiais reprogramados comprometeu a missão por algumas vezes na mesma medida em que a experiência de Bo-Katan deu luz a alguns desses problemas. Os droides em questão são do mesmo modelo dos droides que atacaram o lar de Din em sua infância a serviço do Império, por isso não é de impressionar que Din tenha deixado que suas emoções soassem mais alto do que sua razão nesse momento.
Por fim, o episódio não diz muito sobre a trama principal da temporada, e apenas no final conta um pouco a respeito do que Bo-Katan pretende fazer para reunir os Mandalorianos. Ao encontrar seu antigo parceiro, Alex Wolves, Bo trava uma batalha física com justificativas ideológicas a respeito do caminho que cada um decidiu seguir.
Após essa batalha, um diálogo expositivo nos revela algo que o início da temporada já havia deixado no ar: Bo-Katan é a atual detentora do sabre não apenas porque Din cedeu o objeto a ela, mas pela lógica. Ao vencer quem venceu Din em um embate físico pelo sabre, ela se tornou digna, dentro dos preceitos da doutrina, de empunhar a arma e, com isso, estar apta para liderar a equipe novamente.
Esse texto foi produzido pela equipe do Correio Cultural, de autoria de Fábio Prado e revisão de Hayane Bonfim e João Vitor de Jesus.