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Na última segunda-feira, 03, foi divulgado pelo jornal O Antagonista, do portal UOL, uma matéria que classifica o governador de Goiás Ronaldo Caiado (União Brasil) como o mais bem avaliado do país, tendo 76% de aprovação segundo os eleitores. A notícia, que se baseia em uma pesquisa de opinião pública realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, foi replicada pelos principais portais de imprensa goianos e colocada como palanque pela gestão comunicacional do chefe do Executivo estadual, levantando assim questionamentos de internautas sobre a veracidade dos dados coletados, assim como sobre sua administração.
Primordialmente, a pesquisa teve como finalidade consultar a avaliação da população a respeito dos governos Estadual e Federal, como também seu posicionamento no que tange o assunto das eleições presidenciais de 2026. De acordo com o Instituto – que tem sede em Curitiba/PR e utiliza métodos de baixa confiabilidade em seus levantamentos – as informações se deram através de dados coletados nos dias 24 a 28 de junho, por meio de 2020 entrevistas pessoais realizadas com eleitores maiores de 16 anos em 78 municípios. Foram levados em conta fatores como gênero, faixa etária, grau de escolaridade, nível econômico e posição geográfica, observados pela metodologia de amostragem estratificada proporcional – baseado no mapeamento do Estado em 5 mesorregiões segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística): Centro, Leste, Noroeste, Norte e Sul goianos.
As perguntas realizadas questionam se a administração é considerada ótima, boa, regular, ruim ou péssima e se até o momento, o entrevistado aprova ou desaprova os seis primeiros meses do segundo mandato de Caiado. O resultado, que tem aproximadamente 2,2 pontos percentuais de margem de erro, aponta uma aprovação por 76% dos entrevistados com a gestão considerada ótima ou boa por 59,7% deles – contra um número 5 vezes menor que considera sua atuação ruim ou péssima. Veja:
Segundo o comparativo emitido em nota pela Secretaria de Comunicação de Goiás (SECOM), o presidente do União Brasil supera em 6 pontos percentuais o segundo mais bem avaliado – Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná – e em quase 10% nomes conhecidos de Romeu Zema (NOVO) de Minas Gerais e Eduardo Leite (PSDB) do Rio Grande do Sul, classificados em quarto e quinto lugar.
Como essa popularidade pode ser explicada?
A popularidade de um político se forma a partir de uma diferença do que o indivíduo espera receber do governante em um período determinado de tempo e aquilo que ele, de fato, entrega. Segundo Pedro Mundim, jornalista e doutor em ciência política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), no âmbito das ciências sociais, isso pode ser explicado por uma junção de fatores:
Identificação – Tudo indica que Caiado tenha uma base eleitoral que caminha ao seu lado ideologicamente. A defesa de alguns valores e pautas do governador está alinhada ao pensamento do cidadão goiano que, em sua maioria, apoia-se no espectro político de centro-direita, assim como ele.
Entrega de políticas públicas – Desde que assumiu, Caiado propõe a elevação de Goiás a “um novo patamar” no gerenciamento da administração pública. Conforme publicação no Diário Oficial do Estado em maio deste ano, foram instituídos oito princípios da governança pública: foco no cidadão, capacidade de resposta, integridade, confiabilidade, melhoria regulatória, prestação de contas e responsabilidade, relações de trabalho humanizadas e transparência.
Efeito das últimas eleições – Devido ao fato de a eleição para o Poder Executivo ter sido tão recente, o fato de governador ter se mantido isolado nas pesquisas eleitorais e sido eleito em primeiro turno pode contribuir para esse resultado. De acordo com o cientista político, as curvas de popularidade têm, em média, o formato convexo – ou seja, elas começam altas, caem no decorrer do mandato e voltam a crescer próximo às novas eleições (principalmente com um maior investimento dos governos para a melhoria dessa aprovação nessa época).






Mundim ainda ressalta que, dentro dos estudos de popularidade, a tendência é de que haja uma queda nesta aprovação, principalmente pela média apontada de que segundos mandatos são menos bem avaliados que primeiros.
“Eventualmente, governos muito bem sucedidos criam uma armadilha para si próprios, eles sempre têm que entregar mais”.
Prof. Dr. Pedro Mundim
Os resultados de um bom marketing político
Ronaldo Caiado possui perfil ativo nas redes sociais e tem quase 2.2 milhões de seguidores, somando Instagram, Twitter, Facebook e TikTok. Sua assessoria tem o colocado como figura participativa das trends que estiverem bombando na internet e procura manter uma relação de proximidade com o cidadão, seja respondendo a maioria dos comentários em suas fotos ou divulgando momentos de descontração ao lado das filhas e da primeira-dama Gracinha Caiado.
Conforme afirma Guilherme Carvalho, internacionalista e mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a gestão comunicacional do governador tem feito um trabalho orquestrado para destacar as pautas fundamentais de seu mandato, como, por exemplo, ações para recuperação fiscal do Estado e os números favoráveis da segurança pública:
“Isso se dá no bombardeio constante de mensagens como: ‘Goiás, o estado mais seguro para se viver’. E bem, quem é o gestor de Goiás?”
Prof. Me. Guilherme Carvalho
Além disso, a abordagem adotada nas duas campanhas pode ter gerado uma expectativa no cidadão goiano que o elegeu em primeiro turno tanto em 2018, quanto em 2022: a primeira, voltada para a fiscalização econômica e maior arrecadação para os cofres públicos; a segunda, voltada para o social e a construção de políticas públicas. Carvalho ainda afirma que o tom mais ameno usado por Caiado em conversa com o presidente Lula (PT) – opositor ao apoiado pelo governador nas últimas eleições – tem contribuído para a sensação de que tudo o que já melhorou vai continuar melhorando.
Especulações para 2026
Apesar da distância, a pesquisa ainda abordou a situação frente à corrida presidencial de 2026. Segundo o observado, se as eleições fossem hoje e decididas somente em Goiás, Caiado seria o nome mais relevante no cenário. Porém, o estado representa apenas 3% do eleitorado nacional, o que ainda de acordo com Guilherme Carvalho, complicaria as deliberações em grandes fóruns e na busca por alianças entre partidos.
Na visão do cientista político, o estadista teria muito mais chances como vice do que encabeçando uma chapa majoritária, pois apesar de ser um nome reconhecido nacionalmente, teria muitas dificuldades com nomes mais ilimitados como Romeu Zema (MG) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP): “Por outro lado, ainda existe a questão de o União Brasil participar do Governo Lula. Para que ele fosse candidato, o UB teria que sair e fazer oposição ao governo enquanto o próprio Caiado vem elogiando a gestão do Lula”.

Isso também é reafirmado por Pedro Mundim, que ainda destaca outro ponto importante a ser observado: o futuro da Direita brasileira com a incerteza da elegibilidade de Bolsonaro. “Se tanto ele quanto o Zema se lancem candidatos, eles vão precisar de algum tipo de apoio do bolsonarismo para conseguir catapultar suas candidaturas se tornem competitivas. Do ponto de vista quantitativo, o Zema já sai na frente porque o eleitorado em Minas é maior do que Goiás”, salienta.
O Instituto
Fundada em 1990, a empresa Paraná Pesquisas informou ao Portal UOL que realiza pesquisas usando diferente métodos, a depender do que foi acordado com o financiador do levantamento. Por isso, hoje, o instituto não tem um padrão de amostra, margem de erro e índice de credibilidade em seus levantamentos, o que levou seu rompimento em 2017 com a ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa). No ano de 2022, foi apontado como um dos maiores recebedores de verba do Governo Federal, com um contrato de 1,6 milhão de reais e publicações que indicavam um empate técnico entre o então presidente da república Jair Bolsonaro (PL) e o petista Luís Inácio – indo na contramão do que institutos credibilizados como o Datafolha e Ipec afirmavam – Lula sempre com vantagem em relação a Bolsonaro.



Dias antes do lançamento que envolve diretamente Ronaldo Caiado, especificamente em 27 de junho, o instituto havia publicado uma mesma pesquisa que classificava Rafael Fonteles (PT) do Piauí como o governador mais bem avaliado do país. Na ocasião, o nome do governante goiano sequer é citado entre os 13 primeiros na curva de aceitação. Observe:

Apesar de a investigação sugerir a realidade de uma pesquisa encomendada conforme o interesse de quem a contratou, é inegável que Ronaldo Caiado possui forte influência no âmbito da política nacional e tem sabido fazer da opinião pública sua aliada.