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Imagem em destaque: Rascunho | Jornal de literatura do Brasil.
Temos pouco tempo e estamos perdidos nele. Nossas vidas passam de forma acelerada por ele e muitos momentos bons vividos a poucos segundos parecem tão distantes, ao mesmo tempo que coisas vividas no passado parecem estar acontecendo em tempo real em nossas mentes.
A intensidade e velocidade do tempo deixa a sensação que o tempo não dá tempo para que as coisas se desenvolvam, para vivermos. Muito dessa ideia surge pelo fato de nossas rotinas serem pesadas e sem descanso e de não termos tempo. Ou seja, não é o tempo que passa rápido, nós é que aceleramos as coisas neste plano, mesmo sabendo que temos pouco tempo e quanto mais aceleramos, “menos vivemos” e mais perto da linha de chegada chegamos.
Lembro dos momentos felizes que tive no passado e tenho a sensação de que tive mais tempo para vivê-los, parece que o tempo estava congelado até uma fase da minha vida e depois desta fase as coisas passaram a acontecer tão rapidamente que nem as percebo, ou não dá tempo de aproveitá-las tão intensamente quanto seria possível no passado.
Analisando essas questões sobre o tempo percebo que cada fase das nossas vidas parecem ter um tempo determinado, uma velocidade. Na infância tudo era tão lento e maravilhoso, as brincadeiras eram frenéticas e cheias de energia, mas o tempo para elas acontecerem era infinito — ao menos aos meus olhos, que de certa forma não tinham noção de tempo como hoje.
Na adolescência o tempo ainda parecia ”eterno”, na qual eu acreditava que dava para fazer tudo o tempo todo, isso sem nem pensar em descanso, apenas vivendo e aproveitando cada segundo, pensando no amanhã como uma coisa distante.
Hoje na fase adulta, busco tempo para as coisas básicas da vida, mas cada hora eterna da infância parece ter se transformado em minutos. Segundos em milésimos, minutos em segundos, horas em minutos e dias em horas. Cada momento é vivido em um piscar de olhos, quando penso que tenho tempo, o mesmo já acabou e estou com tudo atrasado. O normal hoje é ter que adiantar tudo para tentar não se perder no tempo, mas nem sempre, na verdade, quase sempre não funciona.
Me sinto perdida no tempo, antes tinha muito tempo para tudo e vivia a vida freneticamente sem ligar para horas ou pausas. Hoje quero descansar, dar um tempo na realização das atividades mas não posso, porque não há tempo, deito mas com o notebook no colo, faço uma refeição ao mesmo tempo em que escrevo um texto, e sei que isso não é uma questão só minha, todos dividimos a mesma preocupação, temos pouco tempo.
A mente está sempre trabalhando e o corpo está sempre cansado, mas não tenho tempo para nenhum dos dois. O descanso que nas fases iniciais da vida não tinha necessidade, era uma coisa que eu não prezava tanto, hoje é quase impossível de acontecer, mesmo que eu queira muito.
Hoje sinto falta dos momentos e do tempo que tive naquela época, em que vivia ouvindo minha mãe dizer: “Você não cansa de brincar não, menina!?”