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A cultura Ballroom tem suas raízes em comunidades marginalizadas, especialmente jovens LGBTQIA+ e negros que muitas vezes eram rejeitados por suas famílias e pela sociedade em geral. Os balls, como são chamados os eventos promovidos, começaram como uma forma de criar um espaço seguro para a autoexpressão e celebração da identidade destas pessoas que lidavam diariamente com a homofobia e o racismo, além das dificuldades comuns de quem vive na periferia. Nestes bailes, os participantes podem manifestar sua autenticidade sem temer qualquer julgamento externo.
O movimento surgiu na cidade de Nova York, nos Estados Unidos, por volta dos anos 60, quando drag queens negras e latinas organizaram competições de dança e moda. Os grupos que participam destas competições são chamados de Casas, cujo seus criadores são denominados “mãe” ou “pai”, que fornecem uma estrutura de apoio aos seus filhos, membros da Casa. O voguing ou dança vogue, uma dança que envolve poses e expressões teatrais performada nos balls, ganhou grande destaque e influência na cultura pop, principalmente após o sucesso do documentário Paris is Burning, que retratava de forma calorosa o cenário dos bailes nos anos 80.
Mais de meio século depois, a cultura Ballroom permanece atravessando gerações, apesar de ser pouco conhecida e debatida em sociedade. A equipe do Lab Notícias conversou com Martinha de Arapô, filha da Casa de Arapô, uma das casas de Ballroom nascidas em Goiânia, para entender melhor este cenário na capital goiana. Acompanhe a seguir:
LN: Sabemos que a cultura Ballroom é um símbolo de resistência e orgulho. Qual o significado da ballroom na sua vida?
A Ballroom significa um lugar de acolhimento.
LN: Quando e como surgiu o nome “Casa de Arapô”?
A casa de Arapô ou Coletivo foi fundada em 11 de dezembro de 2022 e foi anunciada no dia 18 de fevereiro de 2023 no Baile do Macha. O nome “Arapô” surgiu a partir de uma música da rapper Monna Brutal, sendo Opará ao contrário, de Oxum Opará. A ideia inicial veio da Acácia, que é mãe da Casa, e daí ela chamou Andreza e Karlliz Lebara, que são as outras duas mães.
LN: A cultura Ballroom é um assunto pouco conhecido e debatido na sociedade. Como é o cenário dos Balls em Goiânia?
A cena Ballroom em Goiânia vem se construindo há um certo tempo e, no ano de 2019 foi mais estourada, já em 2020 deu uma leve parada por conta da pandemia. Apesar disso, a comunidade continuou a se desenvolver e novas casas surgiram.
LN: As definições propostas pela Casa ressignificam o conceito de família ao serem tratados por “mãe” e “filhos”. O que esta família, escolhida pelo seu livre arbítrio, difere daquela em que nascemos?
Na família Arapô existe acolhimento, carinho, atenção, apoio e entre outros que, muitas das vezes, não encontramos dentro da nossa família biológica.
LN: O que mudou na sua vida após sua entrada na Casa?
O que mudou após a entrada na Casa foi o jeito de ver e viver a vida, cada aprendizado que recebo nos decorreres dos dias são muito importantes.
LN: Como funciona a relação de vocês com outros grupos de Ballroom? Existe, de fato, uma rivalidade devido às competições?
Algumas Casas podem não se gostar e criar uma certa rivalidade, mas existe um respeito estabelecido.
LN: Existe mais alguma história que você viveu dentro da Casa que tenha te marcado e queira mencionar?
Eu vivo muitos momentos com a família, mas um que me marcou foi o dia do meu aniversário. [Ao ser questionada sobre o momento em questão, a entrevistada disse que era algo pessoal.]
Para acompanhar a Casa de Arapo, acesse o Instagram do grupo e fique por dentro dos próximos eventos.