Brasil segue sendo o segundo maior em realização de cirurgias plásticas no mundo, segundo a Pesquisa Global anual mais recente da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS), perdendo apenas para os Estados Unidos. Em 2018 e 2019, as pesquisas mostram que os brasileiros chegaram a estar no topo do ranking.
De modo geral, o número de procedimentos estéticos aumentou 11,2% entre 2021 e 2022 em todo o mundo, e o número de procedimentos não cirúrgicos ultrapassou o de cirurgias plásticas. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) afirma que a procura por procedimentos estéticos não cirúrgicos aumentou em mais de 390% desde 2016.
Quando questionado sobre os motivos da crescente procura por mudanças ou melhorias na aparência, o cirurgião plástico Dr. Sandro Alves, afirma que essa preocupação em se sentir bem com a auto estima sempre existiu, porém “vivemos na era da imagem, a era das redes sociais, onde as pessoas além do meio social em que elas vivem fisicamente e presencialmente, hoje aparecem muito nas redes sociais. Então cada vez mais existe uma preocupação em se apresentar bem por meio de fotos, por meio de vídeos, e a cirurgia plástica ajuda muito com relação a isso”. Sandro afirma ainda que a pressão social sobre os padrões de beleza sempre existiu, e hoje é maior, o que também influencia na grande demanda.
Os procedimentos não cirúrgicos mais buscados pelos brasileiros são: a toxina botulínica, preenchedores de ácido hialurônico, bioestimuladores de colágeno e redutores de gordura e medidas. Entre as cirurgias plásticas mais realizadas estão a lipoaspiração, seguida do aumento de mamas, cirurgia de pálpebras, rinoplastia e abdominoplastia, segundo o ISAPS 2021.
Com a crescente demanda, cresce também a oferta: profissionais de diversos segmentos na área da saúde procuram adentrar nesse universo em ascensão, porém, muitos sem especialização adequada e regulamentação dos conselhos, sem os princípios bioéticos e com propagandas sedutoras e custos mais baixos que o de especialistas. A grande demanda e sedutoras ofertas, têm feito com que as pessoas ignorem o fato de que todo procedimento estético envolve, por menor que seja, riscos, e pode gerar complicações.
As complicações em decorrência de procedimentos estéticos, invasivos ou não, podem variar de leves a graves ou até fatais. Na última terça-feira, 7 de novembro, a influencer Luana Andrade, de 29 anos, morreu ao realizar lipoaspiração no joelho. Em nota, o hospital São Luiz, onde Luana estava internada, informou que a causa da morte foi embolia pulmonar maciça. “A cirurgia foi interrompida e a paciente, submetida a exames que constataram quadro de trombose maciça.”
A busca por melhorias na autoestima é válida, porém é de suma importância ter em mente os motivos para tais mudanças, não se deixar levar pela pressão social de uma perfeição irreal. A psicóloga Thauanny Lyn, afirma que o impacto do estereótipo de perfeição imposto pela mídia é “amplamente adoecedor… As pessoas deixaram de ter pensamentos autocríticos, aceitam e se comparam com tudo que é imposto como ideal, o que destrói a saúde mental das pessoas que se frustram por não conseguirem o padrão almejado”.
O cirurgião plástico, Dr Sandro Alves, diz que é de suma importância que os médicos avaliem se a queixa que o paciente traz condiz com o que é avaliado clinicamente, se a imagem que ele está fazendo de si é real, “ têm pacientes que têm uma visão distorcida da sua própria imagem, e cabe ao cirurgião ser responsável e orientar com relação a isso, muitas vezes até contra indicar uma cirurgia”. Além disso, Sandro afirma que são necessários, além dos cuidados básicos como exames pré-operatórios, que o paciente tenha uma boa saúde, tanto física quanto emocional, que pacientes que acreditam que um procedimento estético será a solução para os seus problemas, devem ser desaconselhadas a realizar.
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