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Robison Rodrigues Oliveira
arquivo:ALPI

De acordo com dados publicados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no primeiro semestre de 2023 houve uma redução de 3,6% de casos de feminicídio na região Centro Oeste, mas, em contrapartida, Goiás apresentou um aumento de 3,2% comparado ao mesmo período do ano passado. Ainda segundo dados do Fórum, o número de estupros e estupros de vulneráveis, teve um aumento de 11,7%, um total de 1.602 casos – 168 casos a mais comparados ao 1º semestre de 2022.

Segundo a Polícia Civil do Estado: “o estado de Goiás é o 9º em assassinatos de mulheres, considerado “machista”. A Capital Goiana registra 6,8 mortes para grupo de 100 mil. É maior o número de vítimas femininas nos crimes de roubo.  A violência contra a mulher é um fenômeno mundial e isso é extremamente aflitivo”.

Impactos causados nos sobreviventes

São muitos os impactos causados na vida daqueles que sobrevivem a algum tipo de violência sexual. A Psicóloga Rayane Guimarães Freitas Carvalho, nos explica: “Uma pessoa que passou por esse episódio poderá ter comportamentos ansiosos, medo, fobia social, medo de todas as pessoas do gênero do abusador, insônia, ausência de apetite, com esses sintomas o convívio em sociedade fica prejudicado e na maioria das vezes a vítima não quer sair de casa”.

Cuidados e orientações necessárias

Para Rayane, o principal cuidado é o monitoramento. “Hoje em dia o perigo está em qualquer lugar, às vezes na visita que dorme junto com o seu filho ou do parente/amigo que vai no banco de trás. Infelizmente o abusador não tem cara, temos que estar em vigilância e atentos aos sinais, mudanças de comportamento”, conta ela.

Conversamos com Aline Alves, moradora de Aparecida de Goiânia, mãe de duas filhas. Uma tem 12 e a outra 4 anos. “Tomo alguns cuidados principalmente com minha filha mais velha. Não deixo ela sair desacompanhada, mas, sempre com pessoas de extrema confiança. Converso sobre o assunto com ela, e explico que o corpo dela é só dela e que ninguém pode tocá-lo sem sua autorização. Oriento a tomar cuidado com as amizades e pessoas que se relaciona, principalmente na escola. Jamais ir ao banheiro da escola sozinha. Se perceber alguém a observando e se sentir ameaçada, procurar sempre um lugar com mais pessoas, procurar ajuda. A mais nova sempre está comigo, com o pai e com a irmã. Mas oriento também, sobre os cuidados com o corpo e que ninguém pode tocá-la a não ser a mamãe, a maninha e as avós”.

Rayane nos explica justamente sobre a orientação relacionada ao toque: “É muito importante que o responsável converse com a criança e explique, onde pode e onde não pode ser tocado. Em consultório trabalhamos o ‘semáforo do toque’, onde pintamos as partes que podem ser tocadas, onde precisamos ficar em alertas e falar com algum responsável e onde não pode ser tocado, cada local de uma cor para que a criança consiga identificar de forma mais lúdica”.

Situações que geram medo, dor e angústia

Segundo Aline, as situações que tem acontecido atualmente são preocupantes. Geram medo, dor e angústia: “Cada dia tenho mais medo. Tenho perdido o sono, preocupada com as crianças e mulheres que tem passado por essas situações. Tenho orado cada vez mais por minhas filhas, para que Deus as proteja e guarde sempre. E dê sabedoria às autoridades para cuidar de todos nós”. Continua Aline: “Peço que [os órgãos públicos] revejam os cuidados que estão tendo com as crianças e mulheres, o que estão oferecendo é evidente que não está sendo suficiente. Peço aos homens: que cuidem bem de suas mulheres e seus filhos, eles são sua responsabilidade, então, os ame e proteja. Que amemos mais uns aos outros para que situações como essas deixem de acontecer”.

Campanha Maio Laranja

Existe a campanha Maio Laranja, que foi instituída pela Lei Nº 14.432, de 3 de Agosto de 2022, nos explica Rayane: “É uma lei de prevenção e combate ao abuso e exploração de crianças e adolescentes. Em hospitais, escolas e locais públicos temos a obrigação de realizar ações efetivas para conscientizar as pessoas sobre a importância de escutar a criança/adolescente e não negligenciar por ser um familiar ou conhecido”.

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