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As tribos indígenas vem existindo cada vez menos com o passar do tempo, seja por causa do avanço tecnológico ou por impactos externos. As mudanças climáticas são com certeza um fator agravante para tal situação, levando algumas tribos a se mudarem inclusive. Além disso outros fatores como desmatamento, invasão territorial e queimadas apenas dificultam ainda mais a vida do povo indígena.
Sabendo de tais coisas, nossa equipe foi atrás da Fundação Nacional dos povos indígenas (Funai) e do Núcleo Takinahakỹ de formação superior Indígena mas infelizmente não obtivemos resposta. Então decidimos falar diretamente com um integrante de uma tribo indígena, e conversamos com Hariama Ijeetura Karajá pertencente ao povo Inỹ-Karajá. Hariama é um Estudante indígena da UFG que esta cursando Jornalismo, e ele nos contou um pouco mais sobre como certos fatores afetam sua tribo.
LN: Onde fica e como é sua tribo?
Hariama: Pertenço ao povo Inỹ – Karajá, da comunidade indígena da aldeia Hawalò, mais conhecida como Santa Isabel do Morro, fica localizada na Ilha do Bananal no Tocantins. O ambiente lá é muito bonito e cheio de vegetação e rios e lagoas. Nós somos muito unidos e eu diria que a tribo é como se fosse uma enorme família onde todos se ajudam.
LN: Para você o que é e como é fazer parte da sua tribo?
Hariama: Fazer parte do povo Inỹ – Karajá é um privilégio, é um povo muito rico em cultura. É muito enriquecedor para mim enquanto pessoa e me inspira muito em dar meu melhor e fazer tudo estiver ao meu alcance. A gente se ajuda e se apoia um no outro e é muito bom saber que tem pessoas que contam comigo assim como eu conto com elas. Agora que estou na UFG eu tive de me afastar mais da tribo para cursar o curso de Jornalismo, e de certa forma é difícil para mim. Eu sinto falta deles e da região mas me incentivam saber como eles me apoiaram com minha decisão de fazer esse curso. Além disso sempre que tem uma folga da universidade, um feriado ou recesso eu vou passar um tempo com eles e matar a saudade.
LN: As mudanças climáticas atingem vocês de alguma forma impactante?
Hariama: Sim, pois devido as mudanças de clima, muitos lagos próximos as aldeias secaram bastante. Assim além de afetar a natureza e prejudicar a vegetação né, muitos peixes morreram e foi necessário organizar um grupo para resgatar os peixes, e transporta-los para outros locais próprios para viverem. Com a seca da água também, muitos dos nossos animais bebem da própria água dos lagos, e com isso ficaram sem ter o que beber, dificultando para cria-los nesses tempos.
LN: Como vocês fazem para combater essas alterações e desafios enfrentados pelas alterações climáticas e suas consequências?
Hariama: Até o momento não tem uma solução para essas alterações de clima, devido a falta de informações corretas direcionadas as comunidades indígenas. Então o que fazemos é achar algumas soluções provisórias para tentar contornar a situação. A gente se adapta, como o caso dos peixes que eu te falei. Não é algo que vai impedir nossos lagos de secarem, mas ao menos podemos salvar as vidas de alguns peixes ate acharmos uma solução mais permanente.
LN: Sabendo dessas consequências, existe alguma reparação governamental que ajuda vocês a lidar com esses problemas?
Hariama: Infelizmente quase não temos ajuda e falta mais apoio por parte do governo. Nós por exemplo não recebemos nenhuma ajuda do governo e é como se estivéssemos por si só, além disso ainda falta uma melhor distribuição apropriada de informação para as comunidades indígenas. Mas, ao menos existem algumas pessoas e ONGs que nos ajudam, sejam com suprimentos, informações e até assistências técnicas e medicas. Sem duvidas essas pessoas nos ajudam muito, mas com certeza falta o auxilio de algum órgão governamental.
LN: Vocês se sentem ameaçados seja por alguma condição climática e ou humana?
Hariama: Sim a gente se sente ameaçado de certa forma, pois nas últimas décadas o calor e a mudança climática ela vem mudando frequentemente. Isso pode acabar nos fazendo procurar uma nova moradia, porque ainda tem as secas causadas né e até queimadas naturais que acontecem na vegetação. Ainda tem as invasões e apropriações dos territórios indígenas que estão cada vez mais frequentes e cada vez mais se vê acontecendo, mas ainda não tivemos algo assim ainda bem. Porém, não tem nada que impede de acontecer com a gente também então é um medo diário assim que temos de algo acontecer do nada.