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A depressão e a ansiedade têm sido temas crescentes de preocupação entre os jovens, refletindo uma realidade cada vez mais complexa e desafiadora. Essas condições, muitas vezes interligadas, estão se tornando mais comuns na sociedade contemporânea, gerando um impacto significativo na saúde mental e no bem-estar dos indivíduos.
De acordo com dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo, afetando cerca de 264 milhões de pessoas, enquanto a ansiedade atinge aproximadamente 284 milhões de indivíduos globalmente.
Entre os jovens, essas estatísticas são ainda mais alarmantes. Pressões sociais, acadêmicas e econômicas, juntamente com a incerteza em relação ao futuro, têm contribuído para um aumento significativo nos índices de depressão e ansiedade nessa faixa etária.
Além das pressões externas, como as expectativas acadêmicas e profissionais, as redes sociais também desempenham um papel significativo no aumento dos níveis de estresse e ansiedade entre os jovens, criando uma constante comparação e um sentimento de inadequação.
A equipe do Lab Notícias entrevistou a psicóloga clínica e psicanalista Isadora Marques Teodoro, especialista em saúde mental, que fala sobre esse assunto:
Reprodução: Televita
Ana Luiza: Como a psicologia percebe a relação entre a depressão e a ansiedade em jovens, considerando o contexto atual?
Isadora: Considerando que o contexto atual é pós pandemia, é provável que a gente perceba uma crescente em depressão e ansiedade, principalmente em adolescentes. Os adolescentes foram privados durante a pandemia de um processo que a psicologia chama de socialização, então é percebido que ansiedade, depressão e outras doenças, tem se apresentado mais nos jovens.
Ana Luiza: Quais são os principais desafios enfrentados pelos jovens que lidam com a depressão como uma consequência da ansiedade em relação ao futuro?
Isadora: É muito difícil dizer quais são os principais desafios, pois cada indivíduo é único, mas de modo geral, é a socialização, o mercado de trabalho, dúvidas em relação ao futuro, autocobrança a uma ascensão social, e também o medo de errar. Os jovens estão sendo expostos a uma série de desafios emocionais e psicológicos que podem desencadear ou agravar condições como depressão e ansiedade
Ana Luiza: Na sua experiência, a tecnologia e as redes sociais impactam a saúde mental dos jovens, contribuindo para a prevalência da depressão?
Isadora: Enormemente, hoje tem uma denominação para essa dependência do digital, que é chamada de Nomofobia e pensando nisso, influencia muito e prejudica muito os jovens que já tem uma predisposição, que já tem esses traços de perfil depressivo. A tecnologia contribui muito para o isolamento social, então isso também prejudica. Com a imersão do mundo digital, é muito difícil diagnosticar que o jovem está em uso excessivo da tecnologia e que isso está agravando seu quadro depressivo.
Ana Luiza: Quais estratégias psicológicas são eficazes para ajudar os jovens a lidar com a pressão do desempenho acadêmico e as incertezas do futuro?
Isadora: Cada sujeito é único, mas o indicado em todos os casos é buscar por uma psicoterapia para entender como esse sujeito lida com o estresse, lida com a pressão. Porque a partir do momento em que ele entende como lida, consegue pensar em formas de agir. Existem pessoas adeptas a técnicas de respiração, tem pessoas adeptas a arte, que gostam de escrever, cantar. Então de modo geral, é tratado com psicoterapia.
Ana Luiza: De que maneira a sociedade pode desempenhar um papel positivo na prevenção e no apoio aos jovens que enfrentam essas questões de saúde mental?
Isadora: A principal maneira de prevenção é poder falar abertamente sobre saúde mental, quebrando esse tabu. Muitas pessoas ainda tem preconceito, mas hoje é discutido como uma doença real, e isso é muito importante. Por isso, a forma mais eficaz de prevenção é poder falar abertamente sobre saúde mental.
Ana Luiza: Como a abordagem terapêutica difere ao lidar com a depressão causada pela ansiedade em relação ao futuro em comparação com outros tipos de depressão?
Isadora: Cada abordagem terapêutica tem seu devido valor e sua devida importância. Depende muito do paciente e da visão de mundo que ele tem. E depende principalmente da adaptação ao tratamento terapêutico. Não acredito que exista abordagem mais eficiente que outra no tratamento para depressão.
À medida que a conscientização sobre a importância da saúde mental continua a crescer, se torna necessário que sejam implementadas medidas eficazes para enfrentar os desafios da depressão e da ansiedade, especialmente entre os jovens, que representam o futuro da nossa sociedade.