Janeiro Roxo: ‘a melhor forma de evitar a propagação da hanseníase é a informação’ 

O dermatologista explica sobre a hanseníase e instruí quanto às precauções necessárias para o combate da doença
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O Janeiro Roxo é uma campanha do Ministério da Saúde (MS) criada em 2016 para conscientizar a população sobre como cuidar e se prevenir da hanseníase, uma das doenças mais antigas da humanidade, que é negligenciada e considerada, ainda, um problema de saúde pública. 

O Brasil ocupa a segunda posição entre os países que mais registram casos novos de hanseníase no mundo. Entre janeiro e novembro de 2023, o Brasil diagnosticou ao menos 19.219 novos casos de hanseníase na população geral. Em 2022, o país registrou um total de 19.635 casos ao todo. O médico dermatologista Gustavo Limongi Moreira falou um pouco sobre o assunto e alertou sobre a importância de um diagnóstico precoce e os cuidados necessários. 

Foto: Reprodução Governo Federal

Doutor, de que forma a hanseníase afeta o funcionamento e as funções do corpo e dos órgãos?

Hanseníase é uma doença causada por uma bactéria que acomete os nervos periféricos. Então, na pele, isso vai ser representado através do surgimento de manchas, de placas, de caroços, de perda de pelo. E neurologicamente falando, o que a gente vai ter vai ser perda de sensibilidade e perda de força muscular, podendo ter também alteração de postura e alterações de membros, porque muitas vezes, com a perda dessa sensibilidade, essas feridas, esses machucados que surgem nesses membros, muitas vezes não são identificados ou não são sentidos pelo próprio paciente.

A quais sintomas o paciente deve estar atento para procurar um médico para, de fato, realizar o diagnóstico? 

O principal sinal e sintoma que o paciente deve ficar atento para procurar o médico é o surgimento de manchas ou placas com perda de sensibilidade, tanto térmica quanto tátil.

Como é realizado o tratamento da hanseníase? O tratamento inibe sequelas?

O tratamento da hanseníase é realizado com um conjunto de antibióticos, isso aí vai variar de acordo com o tipo de hanseníase que o paciente apresenta e esse tratamento quanto mais precoce ele é  realizado, menor a chance das sequelas da doença.

Como o diagnóstico precoce colabora com a eficácia do tratamento?

O diagnóstico precoce, ele vai colaborar com um tratamento com menos sequelas, né? Quanto antes o paciente fizer o diagnóstico e quanto mais cedo ele introduzir esse tratamento, menor a chance de sequelas. E também vai evitar que esse paciente propague essa doença para outros contactantes.

Se uma pessoa teve contato recente com um paciente diagnosticado com hanseníase, quais cuidados essa pessoa deve ter?

Então, a transmissão da hanseníase é uma transmissão difícil. Então, não é uma doença que se propaga facilmente.Na grande maioria da população, ela tem uma imunidade já relacionada a essa micobactéria. Então, não é um simples contato que vai acarretar uma infecção da hanseníase. Então, a hanseníase, ela é transmitida por aquele contato prolongado, ou seja, são pessoas que convivem realmente com o paciente. Depende também do tipo de hanseníase que esse doente apresenta. Se é uma doença páli-bacilar ou multibacilar, porque os cuidados são diferentes. Mas, geralmente, quando se faz o diagnóstico do paciente doente, os contatos, eles também são investigados. Pra gente saber se aquele paciente tem uma saúde, uma imunidade adequada, se ele está amplamente vacinado. Em alguns casos, o que é feito é uma dose de vacina BCG.

O Brasil chega a ter cerca de 17 mil casos de hanseníase por ano, quais são as formas de prevenção que a população deve adquirir para evitar a doença?

A principal forma de evitar a propagação da doença é informação, porque quanto mais precoce o diagnóstico é realizado e o tratamento é implementado, menor a chance dessa doença se propagar, porque a partir do momento que o doente inicia o tratamento, ele deixa de transmitir a doença, ou seja, o diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento são os grandes diferenciais que vão impactar na dispersão dessa doença.

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