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Com a popularização do sertanejo universitário Goiânia ganhou força no cenário musical e passou a ser conhecida como a capital do sertanejo. Isso aconteceu devido a instalação dos grandes escritórios e produtores, como explica Marcão do Blognejo:
Essa era do universitário fortaleceu em Goiânia com o tempo, porque os grandes escritórios passaram a se estabelecer em Goiânia. Então a gente viu crescer a força da Audiomix e da Workshow, os dois maiores escritórios dessa que é a fase áurea do sertanejo recente. E isso atraiu assim os demais escritórios, grandes produtores e turmas de compositores.
Mudança em busca de um sonho
Ariádina Fiametti é natural de Irani, cidade do interior de Santa Catarina, e desde criança canta em festivais da canção. Aos sete anos ela participou de seu primeiro festival e desde o início cantava músicas sertanejas. A artista também é formada em Licenciatura em Música pela Universidade Estadual de Santa Catarina e atuou como professora de canto e violão, mas sua grande paixão sempre foi o palco.
Ainda na faculdade, a cantora começou a cantar em bares e ter sua renda mensal oriunda desses shows.
Eu comecei a cantar em barzinho aos 18 anos. Às vezes pegava alguém para tocar violão para mim, porque eu ainda não era tão boa assim. Depois comecei a me aprimorar no violão para começar a fazer sozinha. Fui comprando meus instrumentos e comecei a ter minha renda mensal oriunda dos barzinhos.
Em 2022 Ariádina mudou-se para Goiânia para fazer dupla com Santiago. Com essa formação de dupla a artista gravou um DVD de regravações, mas após um mês a dupla se desfez. Mas Ariádina não desistiu da carreira.
Só que eu não sou muito de desistir do que eu sonho. E eu só tenho um sonho na minha vida que é ser cantora. Eu só quero ser isso na minha vida, então não tinha o porquê eu desistir voltar para minha cidade.
A dificuldade de tocar nos bares
O bar é a porta de entrada para a maioria dos artistas. Victor e Leo é o exemplo de dupla que ficou vários anos tocando em barzinhos antes de chegarem ao sucesso. Dudu Purcena, youtuber e criador de conteúdos sertanejos, fala sobre isso:
Victor e Leo ficaram mais de 14 anos tocando nos bares e no tempo que eles ficaram nos bares eles gravaram dois CDs antes do sucesso.
Ariádina fala da dificuldade de entrar nos circuitos de bares da capital goiana.
É difícil conquistar o teu nome dentro da cidade de um milhão e meio de pessoas. Então é muito mais difícil para você entrar em um barzinho, porque tu tens que ter o nome e um círculo de pessoas que sempre vão no teu show. O barzinho em Goiânia pede isso.
Eduardo Melo também começou sua carreira nos bares, mas de Morrinhos, cidade do interior de Goiás. O artista começou com uma dupla com o primo, formando o duo Marcos e Eduardo. Logo de início a dupla conseguiu sucesso na cidade, fixando os finais de semana nas principais casas do município. Entretanto, o cantor enxerga a dificuldade que os artistas de hoje enfrentam.
Agora, eu sei que hoje é bem diferente, muito mais complicado. O artista tem que levar seu próprio público, tem que botar tantas pessoas na lista. Se você não conseguir preencher aquela lista, você não toca naquele bar. Aí vai tocar quem dá conta de levar mais público, que eu acho uma grande injustiça.
Dos bares aos grandes palcos
Eduardo Melo foi vocalista da banda Nechivile, grupo que fez bastante sucesso no início do Sertanejo Universitário. O trio formado por Eduardo Melo, Júnior Melgaço e Léo di Castro foram referências para os grandes nomes do cenário sertanejo, tais como Jorge (Jorge e Matheus), Marília Mendonça, Hugo e Guilherme, Lauana Prado entre outros.
A banda conseguiu atrair o público, que estava acostumado com duplas ou cantores solos, ao dividir vozes e cantar músicas bem românticas e com melodias simples que todo violonista iniciante conseguia reproduzir.
Temos músicas gravadas em 2005 e 2006 que até hoje as pessoas regravam. Sempre eu recebo marcação de artistas novos que estão gravando as músicas. Essa galera que tá hoje em evidência têm um respeito muito grande por mim e pela banda.
O recomeço
Após alguns anos, Eduardo Melo decidiu seguir carreira solo e encontrou uma dificuldade. Suas músicas eram conhecidas, sua fisionomia também, mas seu nome não.
E nesse quesito, um dos pontos mais difíceis foi desvincular o meu nome naquelas pessoas que me chamavam de Nechivile para começarem a me chamar pelo meu nome de trabalho, que é o meu nome de batismo. Foi com muito esforço e muito investimento.
Eduardo, no seu primeiro trabalho solo, tentou se enquadrar no mercado, trabalhando algumas músicas no gênero arrocha, que era o ritmo que mais tocava no sertanejo da época. Porém, a música que mais rodou foi “Deixa eu te amar”, uma música romântica que marca a volta do cantor às suas origens.
Essa música me fez voltar um pouco mais para minha identidade original, que é o romântico. Que é uma música fácil de tocar como eram as da banda. Foi uma música muito importante para mim.
A música sertaneja em sua essência
O cenário atual é marcado por muitas músicas que fazem sucesso rápido e logo são esquecidas, popularmente chamadas de músicas comerciais. Ariádina é uma defensora da música romântica e pretende fazer sucesso cantando o que gosta.
Eu gosto de música romântica do sertanejo romântico, sertanejo antigo, do modão mesmo.Então para mim não faz sentido falar de coisas atuais tipo “Zap”, “WhatsApp”, “Insta”. Para mim não faz sentido eu fazer uma música e cantar uma música que não me representa de verdade.
Eduardo Melo também recorda do primeiro DVD solo e fala sobre a mudança de estratégia para o futuro.
Eu não me arrependo de ter feito, porque até hoje eu preciso dessas músicas num show. Eu não posso fazer um show só de músicas românticas, a galera que vai para festa vai se divertir. Mas eu creio que hoje eu não focaria nesse estilo. Eu percebi que não é aquilo que as pessoas queriam tanto ouvir de mim.