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LORRANY LARISSA LACERDA SILVA

Pode parecer mito ou até mesmo impossível, mas a verdade é que cada vez mais adolescentes e jovens adultos, homens e mulheres, estão perdendo o interesse pela pratica do sexo, dando espaço para a era digital eletrônica, onde conteúdo sobre sexo está somente a um clique de distância.

O departamento de medicina da Universidade de Washigton, em ST. Louis, aponta em estudos que 31 % dos homens, entre a idade de 18 a 24 anos, não fizeram ou chegaram a praticar sexo nos últimos doze meses e entre as mulheres essa percentagem chega àa19%, esses resultados aumentam cada vez mais entre os jovens com passar dos anos.

O sexo não deixou de ser um protagonista, no entanto somente está concorrendo com outros assuntos bastante relevantes atualmente, que afetam a maior parte dos jovens adultos, como o vestibular, o mercado de trabalho e a pressa pela própria independência. O prazer de hoje se prática de outras formas, podendo estar a um clique de distância da tela do celular.

Sandro Batista de Paula, de 33 anos, é autônomo e professor de dança: “primeiro, antes de tudo, eu sou homem, então é uma necessidade fisiológica, no entanto, eu consigo me controlar, pois tem coisas que vem antes do sexo e minha prioridade agora é evoluir como pessoa e resolver minha vida”, relata.

O que podemos chamar de prazer solitário digital, seria o prazer das curtidas e comentários nas redes sociais, as duas marquinhas azuladas do WhatsApp, a notificação que chega na tela do celular, uma mensagem ou simplesmente um nude, como relata o antropólogo Michel Alcoforado em uma pesquisa conduzida pela Match Corporate, empresa que trabalha nos segmentos de relacionamentos amorosos, como os aplicativos Tinder e o OkCupid. “Um nude para cá, outro para lá, e já basta, o sexo virtual permite não só a conexão rápida, como também a desconexão sem grandes encargos e desgastes”, comenta, em uma matéria feita para revista veja.

Uma das grandes consequências causadas por toda essa mudança do físico ao digital imediato ou da vida a um toque, seria a fragilidade dos comportamentos de interações sociais entre a maioria dos jovens, que passam a ter certas dificuldades de se manter em um relacionamento, onde os mesmos fazem amizades e até mesmo chegam a ter namoros virtuais ou a distância, tudo através da tela do celular.

O prazer solitário, imediato, fácil, acaba por prejudicar interações sociais fundamentadas no encontro a dois. “Chegamos a um ponto extremo, em que jovens saudáveis não conseguem manter um relacionamento por ser incapazes de se estimular ao lado de outra pessoa,” diz Carmita Abdo, psiquiatra, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), em uma matéria escrita para revista veja.

Outro fator que prejudica em todo esse processo do desinteresse por sexo, seria a geração de jovens que cresce consumindo conteúdos pornográficos cada vez mais cedo, pois o acesso para esse tipo de conteúdo está cada vez mais fácil e prático, Como relata, Jorge Flores Fernández em uma matéria escrita para portal da revista El País, especialista em uso seguro das tecnologias de informação e comunicação e fundador, em 2004, do projeto PantallasAmigas, é especialmente vulnerável.

“O aumento da prevalência e da prática em idades mais precoces tem a ver com o fato de que atualmente existe maior disponibilidade de tecnologia: temos mais dispositivos portáteis, cada vez mais baratos e com conexões que também são cada vez mais baratas, por isso as limitações que podiam existir antes agora não mais existem. Por outro lado, a idade de uso da tecnologia está diminuindo e isso leva os adolescentes a entrarem mais cedo nesse tipo de práticas de risco; eles não o fazem tanto por uma questão sexual, mas como forma de travessura, para chamar a atenção ou por tédio. No fim, eles têm tanta disponibilidade que acabam fazendo coisas que talvez não fizessem se não houvesse tanta facilidade”, conta Jorge Flores.

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