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O longa-metragem Baby, do diretor Marcelo Caetano, estreou nos cinemas em 5 de janeiro de 2025 e se revelou uma das grandes surpresas do cinema nacional. O filme narra a trajetória de Wellington (João Pedro Mariano), que logo passa a ser chamado pelo apelido de Baby. Recém-saído de um centro de detenção juvenil, ele perde contato com os pais e se vê completamente desamparado nas ruas de São Paulo. Durante uma visita a um cinema pornô de rua, conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que o acolhe e, aos poucos, lhe ensina sobre os prazeres, os perigos e as artimanhas da sobrevivência. A partir desse encontro, Baby mergulha em uma jornada marcada pelos altos e baixos de um relacionamento conturbado, explorando as complexidades das relações humanas.
Marcelo Caetano conduz essa história com sensibilidade e uma abordagem quase poética, retratando a luta de Baby pela sobrevivência de forma autêntica e impactante. O filme dá voz a grupos marginalizados e expõe, sem filtros, as dificuldades enfrentadas em uma metrópole onde a desigualdade e o preconceito se manifestam de forma escancarada. A narrativa envolvente e comovente prende a atenção do espectador, tornando Baby um filme difícil de esquecer.
Os personagens são bem construídos e interpretados com maestria. João Pedro Mariano e Ricardo Teodoro entregam atuações arrebatadoras, capazes de emocionar e convencer. O talento de ambos foi reconhecido internacionalmente: Ricardo Teodoro recebeu o prêmio de Melhor Ator Revelação na Semana da Crítica em Cannes, enquanto João Pedro foi premiado com o Coelho de Prata – Prêmio do Júri de Longas pela Melhor Interpretação no Festival Mix Brasil.
Além da forte carga dramática, Baby impressiona visualmente. A direção de fotografia, assinada por Joana Luz (Amor Líquido) e Pedro Sotero (Bacurau), enriquece a narrativa ao transportar o espectador para dentro da história com imagens impactantes e repletas de detalhes. O uso da fotografia não apenas aprofunda os personagens e seus dilemas, mas também cria uma atmosfera que desperta identificação e pertencimento.
Este é o segundo longa-metragem de Marcelo Caetano, que já havia se destacado com Corpo Elétrico (2017). Embora compartilhem algumas semelhanças, Baby se mostra um filme mais maduro, com relações mais densas e personagens ainda mais complexos. A produção reafirma a vitalidade do cinema nacional, mostrando que nunca esteve tão forte e bem representado.
O impacto de Baby foi amplamente reconhecido. O filme conquistou prêmios tanto no Brasil quanto no exterior, incluindo Melhor Ator na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024, Melhor Filme no Festival LGBT de Toulouse e Melhor Interpretação no Festival Mix Brasil. No Festival do Rio 2024, venceu nas categorias de Melhor Longa-Metragem de Ficção, Melhor Ator e Melhor Direção de Arte.
Com uma narrativa potente, atuações marcantes e uma estética visual impressionante, Baby se firma como uma das obras mais notáveis do cinema brasileiro recente.