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Com um estilo leve, firme e sempre atento às histórias do cotidiano, Thiago Vieira se tornou uma das vozes marcantes da TV Anhanguera. Nesta entrevista exclusiva, ele compartilha um pouco sobre sua trajetória, desde o início da graduação até as matérias mais marcantes da carreira, contando sobre sua timidez, desafios e deixando dicas para os novos jornalistas.

Como iniciou sua trajetória como jornalista?

Eu sempre quis. Eu sempre achei que eu fosse ser jornalista. Então, com 7 anos eu apresentava jornal na minha casa, assim, e eu vi os meus pais assim olhando, tipo, me apresentar e eu também não tinha tinha contatos. Eu pensava: “Meu Deus, mas eu vou chegar em TV como?” Lá no fundo, eu sempre quis fazer TV, mas eu pensava assim: “Eu não conheço ninguém e eu sou muito grande, eu sou muito desengonçado, nunca vão me querer no ar”.

Como você começou na televisão?

Eu comecei em assessoria e aí eu fui pedindo emprego mesmo, bati lá no SBT, me deram essa oportunidade, aí foi lindo. Então eu falei assim: “, vou dar a cara tapa dar a cara, eu quero fazer isso, eu gosto de fazer isso e nasci para fazer isso. Eu sempre tive convicção de que eu seria jornalista e aí eu sempre fui muito diligente assim com as minhas coisas. Então eu sempre fui estudar, ler livros, gostava muito de ler dicionário, eu pensava assim, será que o jornalista vai falar uma palavra difícil? E eu tinha muito medo de chegar na redação e pensar: “Meu Deus, se falarem uma palavra que eu nunca vi na vida”. Então eu fui estudar, fui me aperfeiçoar para estar no ar ou para fazer qualquer que era outra função dentro da área.

Quais foram seus maiores desafios na profissão?

Foi a timidez. Sempre fui muito quieto e o rosto de menino. Eles não me devam credibilidade então eu precisei impostar a minha voz. Eu trabalho com uma fonoaudiólogo aqui na tv Anhanguera, foi fundamental para que eu pudesse ter uma voz de jornalista, porque era uma voz de menino. Mesmo tendo 40. Eu fui aparando as arrestar para ter “perfil” de jornalista.

Como foi a sua quebra de timidez? Isso aconteceu na faculdade? Quando você observou isso como um entrave.

Você sabe que eu nunca vi a timidez como um problema, eu sou muito de observar assim, na reunião, por exemplo, na construção do jornal eu dou muito pitaco assim, eu quero saber o que está acontecendo, porque que vai estar essa notícia. Por que que a editora chefe derrubou essa? Então eu sempre dentro da minha timidez com meu jeitinho eu fui tentando entender como é a construção de um jornal. Então não vi como um problema. Agora o que eu achei é se estou numa coletiva como é que eu não vou perguntar para o delegado por que que o cara matou? Qual foi a motivação do crime? Então aí eu precisei trabalhar isso e não foi uma ajuda profissional no sentido de como é que eu vou fazer? Eu tenho que me virar, então tenho que perguntar dentro da minha timidez para o delegado essas questões todas que estou com dúvida. E aqui na TV Anhanguera a gente tem uma profissional maravilhosa que nos ajuda com isso. Como é que eu vou me expressar? Tem uma notícia triste, qual vai ser a minha expressão, se tem uma notícia feliz, eu vou dar essa notícia de tal maneira. Então ela foi me ajudando construir o jornalista que que se põe diante de milhares todos os dias.

5)Como foi a construção da sua voz de jornalista Thiago?

Então, foi uma dificuldade para mim, porque essa construção da minha voz foi assim um processo longo mesmo. Eu não entendia a forma de impostar e eles tiveram muita paciência comigo, assim. De colocar a voz como ela é exibida hoje para no telejornal, é uma construção mesmo, diária, de exercício. Até hoje eu preciso acordar de manhã, fazer o exercício e dormir, desacelerar a voz. Mas isso é para a vida inteira, a Lili Linch tem exercício de voz, o Cabral que tá aqui há 500 anos tem trabalho com uma voz. A gente trabalha com a voz, então é um e método diário.

Como jornalista, você vê muitos entraves tendo essa posição de passar a notícia, de passar essa informação, como você se se posiciona com essa ideia?

Então eu estou com 40, mas me considero jovem. De que maneira que você vai convencer quem está em casa, a que aquilo que você tá falando é verdade? Então, eu acho que a sua postura diante de tudo que você faz na vida, e ela tem que refletir aqui dentro do jornal. Eu acho que a dificuldade maior ainda mais num país, a sobretudo aqui em Goiás, que não tem como a gente não falar de política, que é tudo muito dividido. As pessoas acham que a TV Globo é uma TV de esquerda e você tá falando no estado onde majoritariamente as pessoas são de direita. Então, como é que você vai convencer todo mundo que assiste a gente que você esta falando é verdade, que você tá falando é jornalístico, é uma postura correta. Eu acho que o jornalista precisa ser direito para convencer as pessoas. A gente se esbarra em opiniões contrárias, se esbarra em quem não gosta de TV, se esbarra em quem vê você com com com um olhar torto porque você tá usando uma roupa que não convence, porque você tá usando o tom da sua voz que não convence. Então, é você ter convicção de que sua postura correta te faz um jornalista direito e aí você não se importa com essas opiniões periféricas. Por exemplo: “Ele é da TV Globo que é esquerda, mas eu sou de direita, mas eu acho que o que ele está falando é verdade, faz sentido”. Então é isso, é ter uma postura verdadeira diante de todo mundo que te vê.

Durante a sua graduação, teve alguma outra área que você se encantou?

Eu sempre tive certeza, como eu tava dizendo, mas o meu pai colocou muito muita coisa na minha cabeça que eu teria de fazer direito. E aí eu comecei, antes de fazer jornalismo, eu fiz um período de direito, mas assim, completamente perdido, não me encontrei, aí foi quando eu sentei com ele e falei: “Pai, não é não é para mim, não gosto e então vou para onde eu sempre sonhei, que é jornalismo”. Mas no curso não.

Quais são os seus principais objetivos dentro da sua profissão?

Como eu de disse que eu formei há 15 anos, mas que nada, eu tenho 15 anos de TV, de profissão, formei antes. É, naquele tempo não tinha, eu vou fazer jornal para aparecer na TV, ou para ter o meu nome no jornal. A gente sempre foi muito apaixonado por notícia mesmo. E assim continua sendo. É óbvio que é muito bom ter o reconhecimento das pessoas na rua, as pessoas falando que gostam do seu trabalho. Mas para mim jornalismo é uma missão mesmo. Aquilo que eu puder contribuir e influenciar para o bem das pessoas, eu quero continuar fazendo. Quando a gente, por exemplo, colocar no noticiário o fim da pandemia, que acabou, que não estamos mais em uma pandemia. Isso é muito bom. A gente tá mudando a vida de milhões de pessoas. Então, eu quero com o meu trabalho, sejam nas pequenas ou nas grandes notícias, impactar de alguma maneira, e genuinamente eu penso assim, todas as vezes que eu venho pro jornal, eu quero dizer assim, será que a gente mexeu com a vida das pessoas hoje?

Hoje vê isso como hoje uma missão de vida?

Sim, isso é para mim uma missão de vida. Levar a informação e contribuir de alguma maneira na vida do telespectador.

Durante esse tempo que você teve na TV, teve alguma reportagem que te marcou por algum motivo específico?

Em outubro do ano passado, eu fui gravar com uma criancinha que foi baleada e sobreviveu. Então, eu acho que essas histórias assim que ninguém nunca mais vai lembrar desse menino, tipo esqueceu, daqui dois anos ninguém vai saber mais. Eu não lembro mais o nome dele, foi lá gravar. Mas isso mexe de uma maneira tão grande comigo que você não sai de lá achando que é a mesma pessoa, porque você imagina você vai falar com um menininho, como é que foi que ele para ele levar um tiro e ele te dá uma resposta assim: “tio, agora eu estou vivo”. Tipo assim, o que aconteceu, não importa mais, o que importa é que eu estou vivo. Eu tava na Serra Dourada e fui gravar com uma mãezinha que deixou o filho morrer afogado numa piscina. Essa mulher nunca mais vai ser a mesma. Ela nunca quis que o filho dela morresse afogado, ela não deixou isso acontecer, por um momento de distração isso aconteceu. Então, essas notícias que mudam a vida de alguém, seja negativamente ou positivamente, mexem comigo também.

Para quem estar começando agora qual conselho você daria?

Eu acho que eu consegui galgar alguns degraus na minha carreira, porque eu sou um leitor eu posso dizer que eu tiro 10 no quesito leitura. Desde os primeiros horas do dia até a hora que eu for dormir, eu tenho interesse em leitura. Isso nunca passou assim. Desde pequeno, enquanto eu lia dicionário ou hoje eu leio cinco jornais e isso não é, meu Deus, porque é importante pro jornalista. Sabe? E, você lendo, 50% dos seus problemas são resolvidos, porque você fica por dentro do que esta acontecendo no seu estado, no seu mundo e e isso é importante para hora que você for discutir notícia, o que vale e o que não vale. Naturalmente, a leitura te leva para um lugar de jornalista respeitado. Eu acho que vai um pouco além do respeito, é repertório. Se você lê bastante, você vai ter repertório para saber fazer uma boa redação, para não errar na escrita. Se errar na escrita, não vai ser o fim do mundo, mas é interessante você saber escrever.

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