- Marcação feminina: avanço da mulher em meio à comunicação esportiva - 30 de abril de 2025
No cenário esportivo, a presença feminina é conhecidamente escassa, não só entre os praticantes, como também entre os jornalistas da área. Historicamente, o cenário é majoritariamente ocupado por homens. Segundo o Ministério do Esporte, apesar da crescente inserção do gênero, apenas 12% das notícias da área são apresentadas por mulheres. Sob esse olhar, a graduanda em jornalismo e assessora Ana Maria, que além de atuar no grupo BandNews, faz trabalhos em programas de esporte radialistas, concedeu entrevista a respeito da vivência e desafios para as mulheres que seguem esse caminho.

DS: Qual a origem do seu interesse pela área do jornalismo esportivo?
AM: Foi pelo fato de eu gostar muito de me comunicar, ver as informações com agilidade, contar as notícias em primeira mão, ser bastante curiosa, e claro por gostar muito de esporte e então querer o lado esportivo.
DS: O fato de ser mulher, em algum momento, gerou alguma hesitação da sua parte quanto a seguir essa editoria?
AM: Desde quando entrei na faculdade, já demonstrei que queria a área esportiva, e sempre me falaram para ter cuidado com os assédios que poderia passar, mas nunca olhei isso com medo. Foquei no que eu queria, mas entrei sabendo de tudo o que poderia rolar.
DS: Como você vê casos de assédio moral com as profissionais da comunicação, como por exemplo, o ocorrido entre a jornalista Nathalia Freitas e o presidente Adson Batista na coletiva do Atlético-GO?
AM: Eu acho que existem certas brincadeiras que devem ser feitas só entre as pessoas caso haja intimidade, mas fora do local de trabalho. Aquele momento não era o certo, principalmente por ela ser a única mulher ali, não havia necessidade. E isso acontece diversas vezes, as mulheres na maioria das vezes têm que saber mais que o homem para provar sua capacidade.
DS: Dentro dessas circunstâncias, qual sua visão a respeito da dificuldade de crescimento na área para o gênero?
AM: A dificuldade de crescimento na área para o gênero é um problema que se construiu ao longo do tempo por diversos fatores históricos, culturais, econômicos e estruturais. Apesar de avanços significativos nas últimas décadas, a cobertura esportiva foi dominada majoritariamente por homens por um bom tempo, o que fez a presença feminina ser vista como algo “anormal” ou ser tratada com desconfiança. Ainda hoje, as mulheres que buscam espaço nesse meio precisam provar constantemente sua competência. Mulheres sempre são escaladas para reportagens de bastidores ou então para cobrir o futebol feminino, ai para falar sobre as partes técnicas do futebol masculino, geralmente são homens. Mas, ainda assim, é possível observar mudanças importantes nos últimos anos. Cada vez mais mulheres vêm se consolidando como referências na área, ocupando espaços que antes eram raríssimos. Certas emissoras, jornais e plataformas digitais começaram a investir mais na diversidade de seus times esportivos, tanto por uma demanda social mais forte quanto pela própria competência das profissionais, que demonstram excelência em reportagens, comentários e análises.