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A história de nascimento de Goiânia remonta a 9 décadas atrás, com a fundação da nova capital goiana pelas mãos de Pedro Ludovico Teixeira, e junto dessa memória dos goianienses, japoneses e descendentes, não obstantes, chegavam ao estado e mais tarde também a capital, para iniciar sua caminhada cultural em Goiás. Pouco após os 10 primeiros anos de vida da tenra filha de Ludovico, por volta da década de 40, os primeiros japoneses, advindos dos portos paulistas, e em sua maioria, experienciados nos cafezais da região, adentraram o território brasileiro à procura de melhores condições de vida. 

Poucos japoneses advindos do estado paulista seguiram direção à Goiás, aparente nos números inexpressivos na década de 40, segundo os dados presentes no Anuário Estatístico do Brasil, de 19461, na qual apontavam cerca de 138 japoneses em Goiás, número expressivamente pequeno em comparação aos quase 149 mil em todo o país, constatados nos registros do Departamento Nacional de Imigração2. O crescimento da descendência japonesa começa a demonstrar relativa expressividade em meados da década de 60, no censo realizado em 19583, no qual Goiás possuía cerca de 1800 indivíduos de raízes japonesas. 

Kikuko Namba (84), filha de japoneses, relata a experiência vivida por seus pais nos cafezais como uma rotina dura, de trabalho físico intenso, de péssimas condições alimentares e pagamentos muitas vezes baixo. Ela relembra a vinda da família do interior de São Paulo para Goiás, baseada na expectativa de novas e melhores condições de vida. “Meu pai trabalhava na Colônia Santa Rita, nas proximidades da Estação Vila Bonfim, onde ficava uma linha de trem e mudou para várias outras colônias antes de deixar São Paulo e tentar uma vida melhor em Goiás”, apontou.   

Kikuko rememora que a vinda a Goiás foi motivada pelo incentivo de rumores que tratavam de terras e melhores condições de trabalho que haviam sido encontradas na região: “Meus pais encontraram notícias de uma região onde outros japoneses já haviam ido e feito uma pequena comunidade, e assim acabaram seguindo boatos, e vindo parar lá em Nerópolis”. Ela conta que a vida no campo era humilde e simples, mas satisfatória, mas seguindo a inauguração da nova capital goiana, sua família decidiu se mudar para Goiânia na tentativa de acompanhar as novas oportunidades que apareciam. 

Apesar do vagaroso início, a partir da década de 80, como consta os dados estatísticos do Centro de Estudos Nipo-Brasileiros (CENB)4, a partir do censo de 1987, realizado pelo IBGE, das 142 milhões de pessoas habitando no território brasileiro, um percentual aproximado de 0,87% eram descendentes de japoneses,  número que se aproxima a quase 1.2 milhões de indivíduos. Décadas depois, o Brasil se torna um dos países com a maior concentração de japoneses/descendentes no mundo, segundo levantamento realizado pela Embaixada do Japão no Brasil5, totalizando cerca de 2,7 milhões de nipo-brasileiros no país. 

Dados Japoneses no Brasil

População Japonesa em Goiás e no Brasil

Mapa do Brasil
Japoneses em Goiás:
Japoneses no Brasil:

Para verificar a aplicação na íntegra, confira aqui: https://lucasyuji906.github.io/JaponesBrasil

Fonte/Dados: IBGE, CENB, Embaixada do Japão, Departamento Nacional de Imigração e Fátima Mota (1992) - Imagem: Banco de imagem / gerada pelo ChatGPT - O Gráfico e as funções interativas foram criadas através das funcionalidades do ChatGPT. - A montagem da aplicação foi feita em código .html por meio de uso de IA (ChatGPT).

Representatividade local

Em Goiânia, um dos grandes expoentes da comunidade nipo-brasileira na cidade é a Associação Nipo-Brasileira de Goiás (ANBG) ou comumente conhecida como Kaikan, localizada na Vila Itatiaia. Historicamente, o espaço que já residiu em outras localidades da cidade, representava o cultivo e manutenção da cultura nipônica para os japonês e filhos de, que moravam em Goiânia. Hoje, entretanto, a associação trabalha na tentativa de integrar de maneira orgânica a cultura japonesa à espacialidade cultural goianiense. 

Daniel Kenji (20), um dos administradores do Seinenkai, conta que o Kaikan ainda é uma comunidade em crescimento, mas já possui notoriedade como a maior associação nipo-brasileira do Centro-Oeste. O jovem administrador também aborda o caráter de resgate cultural do espaço, por vezes, procurado pelos descendentes de famílias japonesas que residem em Goiânia, para o aprendizado da língua japonesa. “No Kaikan, além das aulas de japonês, acaba tendo o resgate de alguns outros aspectos da cultura, porque também temos aulas de Taiko, instrumento japonês de percussão, além dos festivais esportivos e culturais abertos à comunidade em geral” . 


  1.  Dados obtidos a partir da pesquisa realizada por Fátima Mota (1992) – MOTA, Fátima. Meia volta ao mundo. Imigração japonesa em Goiás. Goiânia: Gráfica e Editora Bandeirante Ltda., 2008. Disponível em: https://tsuishi.wixsite.com/imigracaojaponesa/010.
    ↩︎
  2. Dados obtidos a partir da pesquisa realizada por Fátima Mota (1992)
    ↩︎
  3. Dados obtidos a partir da Universidade de Tóquio por Teiiti Suzuki (1964), “THE JAPANESE IMMIGRANT IN BRAZIL”# University of Tokyo Press – 1964/69 ↩︎
  4. Centro de Estudos Nipo-Brasileiros (CENB) – Disponível em: https://www.cenb.org.br/articles/display_pt/Distribuicao%20Regional%20da%20Populacao. ↩︎
  5.  Embaixada do Japão no Brasil – Disponível em: https://noticias.r7.com/brasilia/imigracao-japonesa-no-brasil-completa-116-anos-nesta-terca-18062024/ .
    ↩︎

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