Tempo de leitura: 3 min
ANA JULIA CAIXETA AZEREDO COUTINHO
Últimos posts por ANA JULIA CAIXETA AZEREDO COUTINHO (exibir todos)

Os recorrentes conflitos entre os lojistas e vendedores ambulantes do maior polo de moda do Centro-Oeste.

A famosa região da 44, localizada no Setor Norte Ferroviário em Goiânia, é considerada o maior polo de moda do Centro-Oeste e o segundo maior do Brasil. Segundo a prefeitura do município, existem aproximadamente 17 mil lojas nessa região, pelas quais passam cerca de 250 mil pessoas semanalmente.

Um dos maiores problemas que permeiam a região é um antigo impasse entre os lojistas e os vendedores ambulantes que se instalam nas calçadas. A principal queixa dos empreendedores é que os ambulantes atrapalham suas vendas, pois dificultam a visibilidade e o acesso dos compradores. No entanto, na opinião de Camila, vendedora da loja de tricots CKL malhas, a existência de um não atrapalha o outro. Segundo ela, a qualidade das roupas das lojas é superior e, por isso, não há interferência, visto que a maioria dos clientes prezam por esse diferencial. “O ramo deles não tem nada a ver com o nosso. A principal questão não é nem a da visibilidade, mas sim que os ônibus (de compradores que vem de outras cidades) chegam de madrugada, e os ambulantes ficam aqui de madrugada. Então eles fazem as maiores vendas, porque aqui [nessa loja], por exemplo, só abre depois das 8 horas”, afirma a funcionária.

Outro aspecto abordado por Camila é que, na maioria das vezes, a fiscalização é indiferente à situação. “Eles passam fazendo de conta que não estão vendo. Mas quando eles param mesmo, chegam até a correr atrás dos ambulantes. Muita gente fica revoltada, porque você vê que muitas pessoas estão realmente trabalhando. E eu já vi gente de loja estar na rua vendendo, como ambulante, eles reclamam, mas acabam usando esse recurso”.

A fiscalização

Um vendedor ambulante que preferiu não se identificar também deu seu depoimento ao LN sobre a situação. Nesta matéria, portanto, o chamaremos de Rodrigo. Ele acredita que os ambulantes atrapalham sim os lojistas, pois ele mesmo já teve sua própria loja. “Tinha uma loja aqui na Galeria Centro-Oeste, não dei conta de manter, fechei, e estou na rua”, comenta.

O motivo pelo qual Rodrigo acredita que os ambulantes prejudicam os proprietários dos estabelecimentos é o fato de ele e seus colegas ficarem na rua o dia inteiro e venderem a mercadoria mais barata, pois não pagam aluguel e nem impostos. Quanto à fiscalização, ele relata episódios que já ocorreram com ele: “Essa galeria aqui, e essa daqui (apontando para os prédios) são da mesma dona. Como ela tem dinheiro, ela estava pagando os guardas municipais para tirar a gente daqui, pagando por fora. Os guardas municipais, sem farda, sem nada, já vieram aqui e meteram o revólver na cara de muito camelô aqui na rua, meteram o terror aqui”. Ele completa dizendo que não sabe por quais razões, mas os guardas sumiram das ruas nos últimos tempos.

Além de Rodrigo, outro ambulante também relatou sua experiência. Ele também pediu para não ser identificado. Iremos chamá-lo de Júnior. “A fiscalização na parte da manhã é mais intensa, na parte da tarde é mais tranquilo, é a Guarda Municipal que fiscaliza. Eles tomam a mercadoria, chegou pegou. A Guarda Municipal está usando o poder pra tirar a gente da rua. Se a gente não sair, eles seguram as araras da gente e mandam os ficais pegarem (a mercadoria)”, relata Júnior.

O LN também entrou em contato com a Associação Empresarial da região da 44 (AER44) e não obteve resposta até o momento da publicação desta reportagem.

Foto: Vendedores ambulantes nas calçadas da região da 44. Por: Ana Júlia Coutinho.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *