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Problematização do abandono em Goiânia e contextualização
O problema do abandono animal, ocorrência comum no contexto nacional, intensificou-se ainda mais durante o período pandêmico na maioria das metrópoles do país, inclusive em Goiânia. Um estudo realizado pela Amparo Animais chegou a confirmar que entre julho de 2020 e fevereiro de 2021, o número de casos de abandono animal no Brasil aumentou em cerca de 60% em relação ao período que antecedia a pandemia. Dessa forma, instituições como a Secretaria de Vigilância e Controle em Zoonoses de Goiânia, sofrem com um contingente cada vez maior de animais adentrando seus canis, enquanto poucos conseguem ser adotados.
Isso faz com que vários animais permaneçam na instituição durante anos, como o cachorro Boiadeiro, batizado pelos veterinários do Centro e que ficou lá por mais de 3 anos. Houve muitas tentativas por parte dos funcionários para garantir um lar para estes animais, desde a campanha “Adote um Vira-lata” a apelos nas redes sociais pessoais dos veterinários da Zoonoses. Entretanto, os canis continuam em lotação máxima. A recíproca é verdadeira para ONGs e abrigos de caridade, que desde o começo do período pandêmico vêm sofrendo com a superlotação e o déficit de recursos.
É pertinente falar que, apesar da diminuição dos protocolos de isolamento e da queda no número de casos de Covid-19, os números de abandono animal ainda não se estabilizaram, afirmam os veterinários da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás, cujo campus recebe cada vez mais animais desde o início da pandemia.
Outro fator agravante da problemática do abandono animal é o período de férias, que segundo ONGs e ativistas, leva a um aumento nos casos de abandono, e contribui ainda mais para os problemas de superlotação, caso da organização Lar dos Animais, de Goiânia. Os veterinários do Centro de Controle em Zoonoses corroboram essa tese.
“É um desapego com o animal. Algumas pessoas pegam o bicho só para ter e se esquecem que é um ser vivo, consciente, que precisa de carinho, lazer e atenção. Ao invés disso, negligenciam o bicho e tratam como objeto, e na hora de fazer planos de viagem, não consideram o animal e para não gastar com hotel de pet ou com alguém para cuidar, simplesmente abandonam. Muitas vezes soltam na rodovia, ou amarram em poste, uma coisa verdadeiramente detestável” – afirmou a veterinária Rafaela Macêdo.
Estratégias para a promover a adoção e a importância do debate nas redes
Existem vários projetos governamentais e independentes para tentar remediar o problema de abandono animal na capital metropolitana e, embora o maior foco seja em campanhas de adoção, existem outras alternativas consideradas pelos veterinários como uma espécie de “profilaxia” para a atual situação em Goiânia. Principal entre elas são as campanhas de castração animal. O projeto mais famoso na cidade é a iniciativa Tampatas, que através do dinheiro da reciclagem de tampinhas plásticas, realiza a castração de animais abandonados.
Além disso, o projeto, muito engajado nas redes sociais também divulga e incentiva diversas campanhas de adoção, configurando-se como uma das maiores defensoras de pautas animais. Com pontos de coleta em diversas instituições conhecidas pela metrópole e se expandindo para Aparecida de Goiânia e outras cidades próximas, a organização possui um grande alcance e consegue a cirurgia de milhares de animais. Entre os principais pontos de coleta na capital pode-se citar a Assembleia Legislativa de Goiás, o Goiânia Shopping, a franquia de pet-shops Via-Pet, o campus da Universidade Federal de Goiás, dentre outros.
As redes sociais tornaram-se campo de batalha decisivo na luta para encontrar um lar para animais desamparados, para além dos perfis já citados – Lar dos Animais e Projeto Tampatas – outro perfil que se destaca na luta pelos direitos animais no Centro-Oeste é o da vereadora Luciula do Recanto, fundadora da ONG Recanto Anjos Peludos, que adota animais de rua, e que usa sua plataforma nas redes sociais com seus mais de 28 mil seguidores no Instagram para divulgar pautas animais, denunciar casos de maus tratos e campanhas de adoção, vacinação e castração por toda a capital.
Aproveitando-se do grande escopo proporcionado pela web, outros eventos culturais também decidiram engajar-se em campanhas de adoção, um exemplo recente desse caso ocorreu nesse domingo, dia 12, na Feira das Minas em Goiânia. O evento, criado em 2018, tinha o intuito de ajudar mulheres a empreender, bem como o de incentivar a economia e cultura local. Rapidamente a feira tornou-se sucesso de público e acabou se tornando a maior feira de mulheres do país. Neste ano, a feira, em parceria com a Secretaria de Vigilância de Controle em Zoonoses e outras ONGs tornou-se ponto de adoção, divulgando em todas as suas redes sociais a pauta da adoção responsável e incentivando os visitantes a adotarem.
As publicações repercutiram e as atrações da feira atraíram centenas de pessoas, muitas das quais estavam dispostas a adotar, dessa forma, dos 11 animais levados pela Zoonoses, 10 foram adotados. A ocasião reforça a importância do debate de pautas sociais nos meios culturais e de entretenimento. Os funcionários do Centro em Zoonoses ficaram comovidos com o impacto que a feira trouxe para a causa. A demanda pelos bichos era tamanha que segundo os presentes, havia uma fila de pessoas antes mesmo da chegada dos animais.
“São animais que estavam ali há anos sem ser adotados ou que quando eram adotados, eram devolvidos logo em seguida. Ver toda essa gente, ter doado todos esses animais, é uma satisfação que não tem preço, ver que todo o nosso esforço com as organizadoras valeu a pena é muito reconfortante. Foi a primeira vez que eu vi uma coisa assim, a feira começava às 16h, mas eu fui mais cedo para levar os cães e quando eu cheguei lá tinha uma fila imensa de gente, esperando para adotar, foi um momento mágico e muito recompensador. Eu realmente nunca tinha visto isso antes”. – Continuou Macêdo.
Além disso, o evento não só conseguiu um lar para os animais presentes como também chamou atenção para os outros disponíveis nos canis da instituição. Dessa forma, os veterinários sentem-se otimistas de que talvez, com ajuda das redes sociais e de novas parcerias, a situação possa ser revertida.
Como ajudar
Interessados em adotar devem ligar para o Centro de Controle em Zoonoses de Goiânia pelo telefone (62) 3524-3131.
Pontos de coleta de tampinhas em Goiânia, por bairros: https://airtable.com/shr2GL5dnqa4V6tjk/tblveadJ7Jy1ONmg5
Pontos de coleta de tampinhas em Aparecida de Goiânia, por bairros:
https://airtable.com/shrBAfBp1HLbcGC8e/tblEpiOAIZpLxKV0r
Pontos de coleta de tampinhas em outras cidades:
https://airtable.com/shrcpzhFe2ziTmu2L/tblSVOwaMkSV2MdHF
Interessados podem doar para o Lar dos Animais através do link:
Interessados podem doar para o Recanto dos Anjos Peludos através do link: