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De acordo com um estudo realizado pela professora Jéssica Nascimento Pacheco, em uma escola pública de um pequeno município do litoral norte do Rio Grande do Sul, a pandemia evidenciou as desigualdades educacionais desde a educação infantil até a graduação.
Além disso, a falta de acesso à informação e às tecnologias necessárias para a educação remota agravou o problema, afetando principalmente os alunos que já enfrentavam dificuldades de transporte e qualidade de vida. Os professores também foram impactados pela pandemia. Além de terem que se adaptar às mudanças na rotina e na forma de ensino, eles tiveram que aprender a lidar com o uso de tecnologias, como criar lives, utilizar microfones e câmeras. A interação entre os alunos também foi prejudicada, o que é essencial para uma formação educacional completa.
O estudo foi realizado da seguinte forma: “Ao longo de seis meses, três turmas de séries finais do ensino fundamental de Palmaresdo Sul foram acompanhadas, verificando a frequência e a participação discente nas aulas remotas, através de dois componentes curriculares (Ciências e Língua Portuguesa). Os registros do trabalho docente, compostos por diários de classe e planilhas de controle das entregas das atividades remotas, foram as principais fontes de pesquisa. A eles foram somados dados de fontes oficiais (como o IBGE e o Inep) que permitiramcaracterizar o referido município”, escreve a autora do material.
A pesquisa mostra que apenas 27,7% da população tinha acesso à internet, indicando uma baixa inclusão digital. Além disso, a maior parte da população possuía uma baixa escolaridade, com 56,3% não tendo nenhum grau de instrução ou apenas o ensino fundamental incompleto.
Também foi constatado que havia altos índices de infrequência escolar no município, com cerca de 70% dos estudantes não frequentando a escola. Com relação às aulas remotas, a pesquisa identificou altos índices de abandono escolar e uma média/baixa participação dos estudantes, o que se agravou com a adoção do ensino remoto.
Dificuldades de uma aluna nas aulas remotas
Segundo Clara Soares de Oliveira, estudante de Publicidade, a mudança foi positiva para sua família, pois seus pais economizaram tempo e dinheiro com transporte. “Para os meus pais foi uma coisa boa e uma coisa ruim. Foi bom por que eles não precisam mais se locomover pra levar a gente pra escola e isso economizou muito tempo e gasolina”, relata Clara.
No entanto, para ela e sua irmã, que estudavam em horários diferentes, foi difícil acompanhar as aulas e o aprendizado foi prejudicado, tanto para os alunos quanto para os professores, que também não estavam preparados para essa modalidade.
“Pra gente isso já não foi legal, eu e minha irmã estudávamos em horários diferentes, ela a tarde e eu de manhã, então sempre que uma saia da tela do computador a outra já tava lá em cima. Além de que dificultou muito o nosso aprendizado já que tanto nós como os professores não estavam preparados pra isso e nenhum de nós, sendo bem sincera, queria estar fazendo aquilo”, conta Clara.
Experiência de um professor na pandemia
Em entrevista, o professor Breno Magalhães, da Centro Universitário Unifasam, ressaltou que a pandemia apenas revelou e acentuou as desigualdades educacionais já existentes no país. Ele destacou os desafios enfrentados pela educação remota, como a dificuldade de manter a atenção do aluno durante longos períodos de tempo e a falta de interação entre eles.
“A Educação por si só, se desafia o tempo todo, desde o saber docente a como transmitir o seu conhecimento. É também uma questão estrutural de salários e qualidade de trabalho. Quando a educação remota se acentua, o desafio do professor de transmitir o conhecimento, tentar prender a atenção do aluno e ter uma resposta avaliativa deste aluno através do conhecimento transmitido, se torna um dos maiores problemas. O aluno não tem paciência, o hábito de sentar em frente ao computador durante 4 horas”, explica o professor
O professor também discutiu como sua formação profissional o preparou para enfrentar um momento como o vivido durante a pandemia. Ele destacou que debater e pesquisar sobre o ensino remoto foi fundamental para desenvolver uma postura mais sensível diante da situação.