Tempo de leitura: 4 min
Felip

O homem é um ser social, principalmente hoje em dia onde o mundo se conecta, compartilha experiências e se apresenta com a velocidade de poucos toques, porém para uma pessoa com o diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Social(TAS) isso não é tão simples.

Sendo mais comum do que se imagina, o Transtorno de Ansiedade Social traz alguns dos sintomas da ansiedade, como o suor, a palpitação, tremor e falta de ar, porém com o diferencial em que indivíduo se enche de preocupações e medo de chacota, de humilhação e de ser avaliado socialmente, dificultando o início e o manter de uma simples conversa. Até mesmo a ida ao mercado pode se tornar um desafio imenso.

De acordo com a psicóloga Daniela Freitas, uma atuante da abordagem cognitiva comportamental, uma pessoa que sofre de ansiedade social tem uma cobrança gigantesca por não conseguir se socializar, muitas vezes não conseguindo nem sustentar um relacionamento amoroso por esse receio que aflige os pensamentos do indivíduo.  

Isso se torna mais evidente com o relato do Nicolas, um estudante de nível superior que diz sempre ter tido medo e preocupações toda vez em que se encontrava em uma roda de conversa: “Uma sensação pior do que só timidez. Meu batimento dispara e começo a tremer muito…E quanto mais tempo tenho que passar naquela situação, maior é esse pânico”.

De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, apenas 4 a 5% das pessoas com esse transtorno são corretamente diagnosticadas, a psicóloga Daniela Freitas acrescenta que isso se deve ao isolamento voluntário dessas pessoas muitas vezes associado ao bullying e à cobrança de socialização.

Por mais que as pessoas sem esse distúrbio não tenham a intenção de prejudicar ou de acabar oprimindo indivíduos com tal transtorno, isso ocorre devido a ignorância ou a uma “falta de tato”, por isso é importante frisar que a melhor forma de ajudar alguém com esse problema não é desprezando a existência dele.

Daniela Freitas comenta que é importantíssimo incluir pessoas com essas características em situações sociais, já que muitas das vezes ela não se sente pertencente a maioria desses ambientes. Sendo a constância dessas eventos excepcional para a perda do medo de se socializar 

O Nicolas comenta que: “Mesmo tentando me acostumar com essas situações, isso [os sintomas] não diminuiu, mas consegui aprender a lidar melhor quando percebo que isso vai acontecer.

Durante o isolamento social na pandemia do Covid-19, foi um grande alívio para as pessoas com esse transtorno poderem ficar em casa longe de situações sociais desconfortáveis e principalmente longe dos pensamentos aflitivos que lhe vem ao conversar com alguém.

Porém, ao ficar tanto tempo longe de situações do cotidiano, várias pessoas começaram a ter os mesmos sintomas da ansiedade social, um problema já normalmente ignorado que acaba agravando não só com a quarentena, mas também com a falsa sensação de convívio social gerado pela internet.

Nicolas afirma: “Passei tanto tempo só em casa, sem poder ver nem mesmo a minha família, que parece que o meu progresso que tinha feito nos últimos anos voltou à estaca zero’.

No artigo “Social Anxiety During COVID-19”, escrito pela psicoterapeuta Jennifer Shannon para a Associação de Ansiedade e Depressão da América(ADAA), ela afirma, que mesmo que você não tivesse ansiedade social antes da pandemia, agora você com certeza tem, devido às várias mudanças e incertezas que vieram com a pandêmia.

 Esse debate sobre saúde mental pós-pandemia foi muito abordado após relatos como o da escola Professor Mardônio de Andrade Lima Coelho, na zona norte de Recife, onde 26 alunos precisaram de atendimento, após um surto coletivo de sintomas de ansiedade.

E apesar de afirmar que os casos de ansiedade aumentaram durante a pandemia, Daniela Freitas afirma que não se trata apenas de ansiedade social, e sim de uma ansiedade especificamente ligada ao medo da do Covid-19, mas não necessariamente medo de ser humilhado em relações sociais.

Com pandemia ou não, a ansiedade social continua sendo o problema em questão e não vai desaparecer facilmente, mas com o devido cuidado e respeito muito pode ser feito para tornar o ser humano ainda mais sociável com o próximo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *