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A doação de sangue é um ato voluntário e que pode salvar até quatro vidas. Para incentivar as doações de sangue o Hemocentro Goiás faz diversas parcerias anualmente, uma dessas parcerias é realizada com os clubes goianos e com a Federação Goiana de Futebol (FGF), a atual campanha do Hemocentro recebe o nome de “Doe sangue e marque um gol pela vida”, mas o Hemocentro já teve outras campanhas como o “Doe Sangue pelo seu time”. Denyse Goulart, diretora geral da Rede-Hemo Goiás explicou o motivo da mudança do nome do projeto.
“O ápice do jogo é o gol, então é o melhor momento, é o objetivo maior, que é alcançar a vitória, o gol te aproxima da Vitória, então a gente quis mostrar qual é a importância desse gesto. Quando você doa sangue não é um ato desinteressado, ou que às vezes a gente só vê o problema, ah mas também uma agulha, será que eu vou que eu vou ter um desconforto com aquilo, mas ele tem algo que é muito maior, que é o benefício de você doar a sua própria vida, você tá doando células vivas para outra pessoa, você está promovendo e muitas vezes definindo se a pessoa vai sobreviver, porque a transfusão sanguínea ela tem esse papel sobretudo em cirurgias, em acidentes, ela é decisiva para a pessoa ir a óbito ou sobreviver, então a ideia da gente é que o seu Gol de Placa é realmente salvar vidas, então essa é mensagem que a gente tá querendo levar nessa campanha.”
A campanha “Doe sangue e marque um gol pela vida” foi lançada no dia 27 junho de 2023. O lançamento da campanha foi realizado no Hemocentro que fica localizado na Avenida Anhanguera, em Goiânia. Durante o lançamento do projeto o Hemocentro reuniu a Federação Goiana de Futebol (FGF), dirigentes e mascotes dos clubes goianos e também aproveitou para lançar o mascote do Hemocentro, o “Hemoguinho”. Denyse explicou que o mascote é uma forma de criar um personagem se aproximar do público.
“O Hemocentro começou a se personalizar, deixou de ser algo distante, mitológico na cabeça das pessoas e passou a ter um personagem mesmo, que vai lá que brinca com a torcida, que interage com as crianças. Então a gente tá começando a trabalhar a linguagem que o futebol também adota, todo o clube tem seu mascote, então a gente começou a se aproximar mais desse público.”
A ação que foi lançada no decorrer do Brasileirão 2023 atualmente está sendo feita no Goianão 2024, durante o pré-jogo e intervalo das partidas. A Rede-Hemo e o mascote entram em campo com uma faixa que fala sobre a campanha. A diretora-geral Denyse contou que existe a intenção de continuar com o projeto durante o brasileirão 2024.
Denyse explicou que o objetivo da parceria é ampliar a oferta de doadores. Ela também pontuou sobre a luta contra a cultura da não doação de sangue na sociedade brasileira, e que muitas vezes essa cultura de não doação se dá por uma série de mitos que são disseminados sobre a doação de sangue, por isso surge a necessidade de fazer parcerias que tenham um grande poder de mobilização e que sejam formadoras de opinião. Ela destacou também que os times de futebol têm essa característica de arrastar multidões, de fazer a torcida comprar a ideia proposta e que isso é resultado da paixão que o futebol provoca nas pessoas.
Denyse Goulart também relatou que em forma de reconhecimento aos torcedores que doam sangue os clubes costumam fornecer benefícios como meia entrada mas que o Ministério da Saúde está coibindo esse tipo de prática por considerar que esse estímulo é uma forma de remunerar os torcedores. Além disso ela explicou que uma das formas de atrair o público para as doações é mostrar que o hemocentro é um ambiente, festivo, onde é propagado o mesmo sentimento dos torcedores, demonstrando ter paixão pelo o que faz.
Outro fato esclarecido por Denyse foi os fatores necessários para a doação de sangue, como ter entre 16 e 69 anos além de pesar mais 50 Kg, e ter um bom estado de saúde, ela informou que também é importante fazer um agendamento, após isso o doador precisa procurar uma das unidades portando documento oficial com foto e preencher um cadastro na recepção, após isso o doador vai passar por dois tipos de triagem.
A primeira é a triagem hematológica que é observada a pressão arterial, o peso para confirmar se a pessoa possuí o peso ideal para a doação, além disso é feita uma dosagem de hemoglobina para avaliar se os níveis de células vermelhas e ferro estão corretos. Após essa avaliação o doador passa pela triagem clínica onde ele responde uma série de perguntas sobre o histórico de saúde, hábitos de vida.
Também é perguntado se o doador tem alguma atividade de risco, como profissões como pedreiro, que muitas vezes precisa subir em andaime, piloto de avião e maratonistas. Denyse explicitou que a doação de sangue não é incapacitante, mas nesses casos é preciso ter um cuidado especial, ela explicou que a coleta dura em média se cinco a sete minutos e todo esse processo pode levar de quarenta minutos até uma hora.
Denyse divulgou também o novo projeto do Hemocentro que recebe o nome de “Mensagem de vida”, a ideia foi aderida em dezembro de 2023 por sugestão dos próprio doadores, ela explicou que os doadores questionavam se o sangue doado já havia sido utilizado e partir disso surgiu a ideia de mandar uma mensagem de texto informando ao doador que a doação dele estava a caminho de salvar uma vida.
“Depois ele vai ser surpreendido quando o sangue dele for dispensado para transfusão com uma mensagem de WhatsApp bem carinhosa informando para ele que o sangue dele está a caminho de salvar uma vida, a gente pensou em como se comunicar com eles e trazer o sentimento daquele gesto para eles sentirem realmente que teve importância e tem impacto”.
A DOAÇÃO DE SANGUE EM GOIÁS
Sobre os níveis de abastecimento Denyse afirmou que felizmente os níveis de abastecimento das bolsas de sangue no estado de Goiás estão bons, as parcerias do hemocentro estão fortalecidas e regulares, mas ela chamou a atenção para a necessidade de uma regularidade das doações neste período de festividades de fim de ano e férias escolares, ela também destacou que em decorrência da queda das doações no início de ano o hemocentro começa a se preparar no final de novembro e no mês de dezembro para manter o estoque nesse período onde muitos estão viajando.
Outro fator que foi levantado foi o déficit de fatores sanguíneos mais raros, os de fator RH negativo, A negativo, B negativo, O negativo e AB, principalmente o O negativo que é um doador universal, e é muito utilizado e por outro lado é pouco frequente na população, porém ainda assim houve um aumento exponencial nas doações de sangue.
“A gente procura trazer outro ambiente para que a pessoa sinta bem querer vir aqui, ela vem tem uma experiência positiva e deseja voltar é assim que a gente trabalha, e aí a gente veio de um número de 2.500 bolsas de sangue distribuídas para hospitais por mês para mais de 7.000 agora em 2023, um salto e a gente só conseguiu distribuir para as pessoas doaram, a demanda cresceu mas ela doação vem acompanhando o crescimento também, mas a gente não pode parar, a demanda vai continuar crescendo e a gente precisa continuar atraindo novos”
Denyse ponderou também que além do período de festividades e viagens a demanda aumenta com os surtos de dengue que exigem um alto número de plaquetas e que são casos graves podendo evoluir para dengue hemorrágica.
Outro ponto que a diretora da Rede-Hemo explicou é o motivo de uma única bolsa de sangue salvar até quatro vidas, ela explicou que no momento da doação de sangue é doado o sangue total, que é cheio de células de defesas que são divididas em hemocomponentes sendo eles o plasma, as plaquetas, as hemácias e o crioprecipitado, a transfusão é feita só daquele hemocomponente que está em falta, ela ainda acrescentou que a doação de sangue pode salvar mais de quatro vidas.
“Mas a doação de sangue salva mais de quatro vidas porque no hemocentro a gente tem um projeto do envio do plasma excedente. O plasma não é muito utilizado para transfusão hoje em dia porque a gente tem no mercado medicamentos que substituem esses fatores de coagulação, inclusive a gente trata esses pacientes aqui no ambulatório do hemocentro, mas ele é feito a partir do plasma humano esse medicamento, e o ministério da saúde tem uma indústria brasileira que chama hemobrás que está agora em reativação, ela usa uma tecnologia internacional a gente manda esse plasma para fora do Brasil e ele volta na forma de medicamento gratuito no SUS, então quando você doa sangue, você está salvando milhares de vidas, o plasma vai virar medicamento que vai atender milhares de pessoas”.
Vale lembrar que desde 2005 o dia 14 de junho foi oficializado pela Assembleia Mundial da Saúde como dia mundial do doador de sangue, o intuito da criação da data era conscientizar e incentivar as pessoas a doarem sangue. A data homenageia o nascimento do médico e biólogo Karl Landsteiner, que nasceu no dia 14 de junho de 1868 e foi o classificador dos sistemas A B O e descobridor do fator Rh.
No Brasil, além do dia mundial do doador de sangue, também é celebrado o dia nacional do doador de sangue. A data 25 de novembro foi decretada como dia nacional do doador de sangue em junho de 1930. O mês de novembro foi escolhido devido à queda de doações que acontecem no final do ano. O dia 25 de novembro também foi a data da criação da Associação Brasileira de Doadores Voluntários de Sangue.
O doador de sangue e plaquetas, Mauriano Alves, relatou que suas primeiras doações de sangue foram direcionadas para amigos e familiares de amigos. Ele contou que as experiências foram gratificantes , e que depois das primeiras experiências doando para pessoas específicas ele criou o hábito doar sangue regularmente por livre e espontânea vontade, chegando a doar 3 vezes ao ano.
“De cara para mim já foi uma experiência muito gratificante, aquela imagem que se tem de dor na hora cai por terra, de fato não deixa de ser assustador, mas a experiência foi fantástica”
“Desde o início da coleta de informações sobre mim mesmo, essa triagem de informações foi o pessoal super tranquilo. Acho que justamente sabendo que ainda é um tabu digamos assim, para muitas pessoas e que era para mim também me acalmaram ali e a doação foi perfeita, foi super tranquilo”.
Mauriano também contou que não foi possível doar plaquetas na sua primeira tentativa pois foi informado que suas veias eram muito finas, e que diferente do processo de doação de sangue, a doação de plaquetas é um processo caro, e pelo fato de suas veias serem finas tinha o risco delas serem perdidas durante o processo.
A segunda tentativa de doação de plaquetas de Mauriano foi no Hemocentro. Mauriano explicou que sempre costuma realizar suas doações em locais diferentes, e que durante uma visita ao Hemocentro para doar sangue foi dado a ele a possibilidade de doar plaquetas, já que o intervalo recomendado para a doação de sangue não tinha sido completado.
Ele explicou que após contar a situação anterior foi feito a testagem e após o teste foi confirmado que Mauriano estava apto a doar plaquetas. Ele informou que além de doar plaquetas nesse dia também criou o hábito de doar regularmente, chegando a doar até 3 vezes por mês durante o período de dengue, quando a demanda aumenta. Mauriano também trouxe a tona o mito de que hoje em dia é necessário ficar com os dois braços parados para realizar a doação de plaquetas.
“Porque na minha mente eu tinha que ficar com os dois braços paralisados, eu tinha em mente um conceito. Cheguei lá era outro, hoje com os equipamentos mais modernos você não fica com os dois braços impossibilitados de mexer, é apenas um, assim como é o processo de doação de sangue”.