Homens lideram as mortes em acidentes, mas mulheres sofrem mais machismo no trânsito

Um levantamento do Detran Goiás apontou que mulheres sofrem mais violência no trânsito
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Uma pesquisa do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-Go) realizada pela Gerência de Educação de Trânsito, revelou que 63,1% de mil mulheres entrevistadas foram vítimas de violência no trânsito.

O levantamento foi realizado em alusão ao Agosto Lilás, mês de conscientização sobre o combate à violência contra a mulher, como parte da campanha “Mulher na direção, respeito é obrigação”.

Porque isso é importante: O machismo mata. Em 2023 foram constatados 1.463 casos de feminicídios, sendo 1 caso a cada 6 horas, segundo o relatório publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).

Apesar da violência no trânsito, não ser uma realidade exclusiva das mulheres e sim, ser um mal geral, a intensidade e recorrência de casos com mulheres é expressiva.

Brenda Silva, de 30 anos, já foi vítima de intimidação e agressão verbal no trânsito de Goiânia.

Eu estava seguindo por uma rua ali, no setor sul. Parei em uma placa de pare e um carro bateu na minha traseira. Ele saiu muito alterado, me xingando de ‘burra’, ‘puta’ e perguntando se eu não sabia dirigir.

Porém, a jovem relata que quando um homem de sua família chegou ao local para apaziguar a situação, o outro motorista se acalmou.

Eu fiquei muito assustada porque esse homem começou a bater no meu vidro e falou que eu ia pagar o conserto do carro dele. Liguei para o meu marido, e ele chegou lá bem rápido. Quando ele viu meu marido se aproximando, recuou do meu carro e foi falar com ele calmamente.

A analista comercial, Isabela Giovanna, contou que já sofreu violência verbal do ex-parceiro no trânsito. Ela afirma que todas as vezes que esteve à frente do volante, comentários ácidos e insultos eram direcionados a ela.

Dirigir era uma tortura, cada coisa errada que eu fazia, ele dizia que era porque não sabia dirigir e que mulher ‘só pilota o fogão’. Esses comentários eram sempre acompanhados de uma risada no final, mas eu sempre me senti inferior.

Mulher no volante, perigo constante?

A realidade da mulher brasileira que convive com o machismo estrutural, é a de ouvir comentários e avaliações sobre a sua capacidade de comandar um veículo.

Uma simples pesquisa no Google pode levar a resultados que reforçam o estereótipo de que mulheres e volante não combinam.

(Foto: Captura de tela/Google)
(Foto: Captura de tela/Google)

🔎 Mas dados mostram o contrário:

  • 89% dos acidentes são causados por homens, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
  • 73% das mortes no trânsito são de homens. A Organização Mundial de Saúde (OMS) constatou que no mundo, 73% das mortes em acidentes na estrada são de homens jovens, com menos de 25 anos.
  •  São 17% são mais caras as indenizações para os homens, segundo dados da Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV).
  • É 15% mais barato para mulheres o seguro de carro. De acordo com dados do site Compara Online, que fez um levantamento dos preços de seguro para automóveis em 2018 e concluiu que elas pagam até 15% a menos que os homens.

Onde você pode denunciar

Existem vários serviços e instituições disponíveis atualmente que oferecem atendimento e apoio para vítimas de violência no trânsito.

  • Conselho Estadual da Mulher – denuncia@conem.go.gov.br
    telefones: (62) 3201-8513
  • Central de Atendimento à Mulher – disque 180
  • Polícia Civil do Estado de Goiás – disque denúncia 197
  • Aplicativo Direitos Humanos Brasil – Governo Federal
  • Delegacia Estadual de Atendimento à Mulher – DEAEM –
    62 3201-2801/2013 – E-mail: deaem@policiacivil.go.gov.br
  • Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito de Goiânia –
    DICT, se a conduta caracterizar crime de trânsito – (62) 3201-2296

Além disso, o Detran-GO visa instalar uma unidade da delegacia de trânsito voltada para o atendimento de mulheres que se sentirem ofendidas, violentadas, abusadas ou desrespeitadas no trânsito.

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