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ANA LUIZA DE ABREU SILVA
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A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é um drama romântico baseado no livro homônimo de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows. Produzido e lançado na Netflix há quatro anos, em 2018. A adaptação literária (segmento da plataforma que vem ganhando força) continua com o título de um dos mais curtidos, de acordo com a avaliação dos usuários do streaming.  

Dirigido pelo cineasta inglês e diretor Mike Newell, que possui 32 anos de carreira e 21 filmes e séries construídas, faz criar expectativas inevitáveis. Mike é responsável por grandes sucessos como Quatro casamentos e um funeral (1994) e o campeão de bilheterias mundial que dispensa apresentações Harry Potter e o Cálice de Fogo (2005).

A primeira impressão não é a que fica, pois ao assistir Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata” por mais que o nome possa gerar indagações ou até certa estranheza, nos três minutos iniciais do filme, os espectadores (do latim spectator, faz referência à pessoa que presencia, observa ou assiste a algo) entendem o por quê. Um grupo de amigos são abordados e ameaçados de prisão por soldados alemães por desrespeitarem o toque de recolher durante a Segunda Guerra Mundial. Para escapar das consequências e em um momento de medo e desespero, eles criam um álibi perfeito: o clube de leitura cujo nome é o mesmo do título do filme. Pronto, mistério revelado.

A trama se passa um ano após o término da Segunda Guerra Mundial e conta as aventuras da escritora e jornalista Juliet Ashton, moradora de Londres, e de Dawsey, um cuidador de porcos e morador da ilha de Guernsey, situada no Canal da Mancha. Tudo começa quando Juliet recebe uma carta do desconhecido Dawsey, na qual ele diz que achou o endereço da moça escrito em uma das páginas do livro que leu e pede ajuda para encontrar outros, já que na ilha não existem mais livrarias e bibliotecas. 

A partir desse dia, tudo mudou. Os dois começam a se comunicar através de cartas e, aos poucos e de forma espontânea, Dawsey conta para ela sobre a sociedade literária que ele e seus amigos formaram durante o período de ocupação alemã na região. O que antes era uma falsa justificativa para não serem presos, aos poucos torna-se genuinamente prazeroso, fazendo surgir entre os membros uma rede de amizade e refúgio frente ao holocausto e à tristeza da época. Os encontros eram sempre às sextas-feiras à noite e a torta de casca de batata era o elemento-chave, pois com a carência de alimentos na ilha, era o que conseguiam cozinhar.

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Apaixonada por histórias e encantada pelos ideais da Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata, Juliet viu nessa história a oportunidade para escrever um novo livro. Assim, a jornalista resolve viajar até Guernsey para conhecer mais de perto, e não somente por meio de cartas e de sua imaginação aguçada, os moradores da ilha e também o clube de leitura. Ao chegar lá, ela descobre muito mais do que imaginava, passando a ouvir relatos feitos pelas vítimas da guerra e que mesmo com o passar do tempo não se apagou. 

Durante os acontecimentos no longa, Juliet participa do clube de leitura, cria laços com todos os membros e pouco a pouco vai descobrindo a história e os mistérios que cada um esconde. Antes mesmo de embarcar na viagem, a jovem escritora é pedida em casamento pelo namorado norte-americano Mark Reynolds, mas sem saber, algo dentro dela muda para sempre durante a viagem e o retorno para Londres. Eis que ao chegar na Inglaterra, a jovem faz uma escolha fiel e movida por seus sentimentos. (Observação: não contém spoiler.)

Uma das sensações provocadas pelo filme é fazer com que retornemos no passado para relembrar as atrocidades vividas durante o nazismo. O que chama atenção na narrativa é que ela é feita de forma ousada e ao mesmo tempo sensível. Uma cena mostra que nem todos os soldados alemães eram monstros, mas sim seres humanos, capazes de sentir compaixão pelo próximo.  

É um filme emocionante que contém drama, romance, reflexões, história, guerra, e acima de tudo é uma obra que incentiva o amor pela leitura e conhecimentos, que mesmo diante do ódio é possível encontrar amor. Portanto, cinéfilos, além do filme, vale a pena aprofundar na leitura do livro. Depois gostaria muito de saber o que acharam.

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