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Na noite do dia 08 de agosto (segunda-feira), o atual Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), concedeu entrevista ao vivo a um dos maiores podcasts do país, o Flow Podcast. Durante o bate-papo informal, entre piadas e imitações, Bolsonaro contrariou polêmicas, desmontou narrativas que tentam desumanizá-lo e bateu com folga os recordes de audiência de Lula e Beyoncé.

Com cinco horas de duração, a entrevista é considerada um sucesso de popularidade, contando com mais de 570 mil pessoas que assistiram simultaneamente. O número deixou para trás a conversa de Lula no Podpah, em que o candidato alcançou a marca de 290 mil espectadores, além do show de Beyoncé de 2018 no Festival Coachella, quando cerca de 450 mil pessoas ao redor do mundo assistiram a cantora.

Foto: perfil de Jair Bolsonaro no Instagram.

Em um estilo mais informal, esse tipo de bate-papo tem por objetivo a espontaneidade, o que parece não ter faltado ao longo da entrevista do presidente. Entre temas delicados, Bolsonaro fez um panorama do momento atual dizendo que não se preocupa em perder uma eleição na democracia, mas em perder a democracia numa eleição. A respeito de seu gênio forte e da maneira crua como se comunica, ele declarou: “muita gente prefere mentiras aveludadas, do que verdades contundentes.” Sobre a parceria repentina de seu opositor com Geraldo Alckmin, depois de imitar o último, disse: “Lula e Alckmin são como Beiramar e Marcola, se unindo para combater o narcotráfico.” Assim, a longa conversa seguiu.

Foram muitos os assuntos abordados. Dentre eles, a quantidade de militares no Governo. Bolsonaro respondeu: “Se fosse para colocar outro tipo de gente, teriam votado no Haddad [seu rival nas eleições de 2018]. Qual o problema de colocar militar?, os ‘caras’ tem um amplo conhecimento de Brasil.” Após criticar Lula por, compartilhar números falsos no exterior; o atual presidente foi questionado se iria mesmo aos debates: “vou, sem nenhum problema”, destacando a sabatina desta segunda-feira (22) na Rede Globo; lugar onde, segundo ele, nunca foram honestos quanto aos feitos de seu governo.

Para muitos, incluindo Rodrigo Constantino, economista e jornalista, a conversa no Flow foi bem sucedida. Em um de seus comentários para o programa de rádio da Jovem Pan, declarou que “o presidente tem ido bem nesse tipo de entrevista por que ele é genuíno, mostrar esse lado ‘tiozão do churrasco’ desmonta as narrativas de que ele é raivoso, ‘facista’ e etc.”

Segundo o jornalista, por meio da denominada “nova mídia”, “o presidente conseguiu se comunicar com um público que muitas vezes não acompanha política de forma consistente e que nesse formato conseguiu ver um outro Bolsonaro, não aquele pintado e visto por lentes distorcidas e ideológicas da imprensa antiga. Nesse sentido, tem sido um sucesso de campanha.”

Ainda de acordo com a fala de Constantino, o novo meio de se comunicar e informar “desbancou as falácias da velha mídia”: “muita gente teve pela primeira vez a oportunidade de ouvir o contraditório, de ver o presidente prestando contas e explicando coisas que a imprensa distorce diariamente.”

Entretanto, há quem pense diferente. Muitos dizem ter sido exposição demais: “impossível não falar besteira em uma entrevista tão longa” compartilhou um internauta. Igualmente, para o também comentarista, Guilherme Amorim: “eu não acho que ele se saiu bem. O entrevistador poderia ter provocado mais debate, claro, nada que fosse agressivo”.

Prosseguiu: “infelizmente, vimos muitas vezes ali, o candidato repetir condutas, que nós temos condenado, que eu, pelo menos, tenho tido a oportunidade de denunciar: em alguns momentos ele faz ataques às instituições republicanas.” Acrescenta, ainda, o comentarista: “foram poucas referências a um plano de governo e/ou propostas para os próximos quatro anos” levando em conta a duração da conversa.

Na data da entrevista o período de campanha eleitoral ainda não havia começado oficialmente, iniciando, portanto, no dia 16 agosto.

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