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Fundado em 9 de março de 1975, o Estádio Serra Dourada, que já foi um dos maiores palcos do futebol brasileiro, hoje, tristemente, carrega apenas a nostalgia de sua grandiosidade. Com um público recorde de quase 80 mil pessoas, recebeu jogos da Copa América, Copa Libertadores, Copa Sul-Americana, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e outras competições. Durante o final da década de 1970 e início dos anos 2000, viveu o seu apogeu, sendo um dos principais palcos do futebol nacional. Ao longo da sua história, recebeu em seus gramados craques como Pelé, Romário, Ronaldo e Neymar, além de estrelas internacionais como Maradona, Robben e Van Persie.
O templo goiano sempre foi admirado não apenas pelos torcedores locais, mas também por ícones do futebol, como Zico, ídolo do Flamengo e da Seleção Brasileira, que o classificou como “um dos estádios em que mais gostou de jogar”. No entanto, infelizmente suas glórias ficaram no passado. Um dos últimos estádios “raízes” do Brasil, hoje recebe pouquíssimos jogos por ano, além de alguns festivais de música e suas dependências são ocupadas por órgãos da administração pública.
O seu declínio ficou evidente no final de 2019, quando os clubes da capital optaram por mandar suas partidas em estádios próprios devido aos altos custos de atuação no Serra Dourada. Para resgatar o local, a solução encontrada pela administração pública foi concedê-lo à iniciativa privada, seguindo o modelo adotado em outros estádios brasileiros, como o Mané Garrincha, em Brasília, e o Mineirão, em Belo Horizonte.
O leilão de concessão do Serra Dourada ocorreu no início deste mês e de maneira decepcionante teve apenas um concorrente: a empresa Construcap, que venceu a “disputa” por R$10 milhões. A concessionária administra o complexo pelos próximos 35 anos e deverá investir pelo menos R$215 milhões em sua modernização.
É lamentável que um estádio tão importante, não apenas para o futebol, mas para toda a população goiana, tenha chegado a esse ponto. O ideal seria que a administração pública buscasse parcerias com os times locais para manter o lugar ativo, o que beneficiaria a qualidade esportiva e fortaleceria as equipes no cenário nacional. No passado, o Serra Dourada proporcionava aos clubes um maior número de torcedores e, consequentemente, maior arrecadação financeira. Isso tornava o futebol goiano mais competitivo.
No entanto, não adianta lamentar o que já passou. A privatização da praça esportiva surge como uma alternativa à incapacidade do governo estadual de gerir o estádio. Não se trata de culpar uma gestão específica, mas sim de reconhecer que a degradação do Serra Dourada é resultado de uma política de afastamento e da falta de consenso entre o Estado e os clubes, uma situação que se arrasta por pelo menos uma década.
Agora, resta aguardar para ver se a privatização e o processo de modernização do complexo esportivo não vai prejudicar o verdadeiro protagonista: o amante do esporte. Muitos estádios brasileiros, ao se transformarem em modernas arenas, perderam a essência que os tornava únicos e se tornaram espaços genéricos e elitizados. É fundamental que o Serra Dourada preserve essa identidade e siga sendo um espaço acessível ao público que sempre o fez pulsar: o torcedor humilde e apaixonado.
Embora o Gigante do Cerrado tenha ficado marcado na memória dos torcedores, isso não significa que sua história deva ser deixada de lado. Nada mais justo do que criar um museu dentro do estádio, resgatando a trajetória do futebol goiano e preservando a memória de seu maior templo. Seria uma oportunidade de reviver as emoções do passado e transmitir às novas gerações, que infelizmente não tiveram a chance de conhecer os tempos de glória do Serra Dourada, a grandeza de um estádio que ficou marcado na história.