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Fonte: arquivo pessoal

A jornalista Stella Gontijo, atualmente produtora da TV Pai Eterno, atuou durante a faculdade na Rádio Universitária (atual Rádio UFG), estagiou na TV UFG, escreveu para o Curta Mais e para o Jornal Diário do Estado. Além disso, realizou um estágio de dois anos no Ministério Público, na assessoria de comunicação, trabalhou no marketing da empresa de software LG Lugar de Gente e como social media no Set UFG, projeto da Universidade Federal de Goiás (UFG) com o Estado de Goiás.

1. O que te levou a escolher o jornalismo?

De certa forma, eu “caí de paraquedas” no jornalismo, mas foi uma coisa boa. Desde nova, nunca pensei em fazer jornalismo, era sempre moda, algo relacionado a essa área. Por um tempo, cheguei a fazer curso de pintura, desenho, queria ir para essa área. Quando chegou a época do vestibular, não consegui passar para moda, então, no outro ano, fui fazer cursinho. Na hora de escolher o curso, não via mais moda como profissão. Então, comecei a pensar: “O que faria agora?”. Eu não tinha um plano B, mas quando tinha 15 anos havia feito um teste vocacional com a psicóloga, o que me ajudou muito. Pois, nesse teste, havia inúmeras coisas que combinavam comigo e que poderiam ser caminhos a seguir, e um desses era o jornalismo. Então, quando eu tentei de 2018 para 2019, fui querendo algo legal, para o qual minha nota fosse suficiente. Tentei jornalismo e direito. Só que, para direito, eu não sabia exatamente se era o que eu queria, então deixei como segunda opção. Mas, em direito, talvez eu não passasse direto e teria que esperar a lista de chamada. Já jornalismo, desde o primeiro dia que eu coloquei, minha nota dava certo para passar, e eu deixei até o final. Então, com o incentivo da minha mãe, acabei fazendo e me apaixonando.

2. Como foi sua experiência acadêmica?

O que eu mais gostei da experiência acadêmica foi o curso ser muito prático. Essa parte de produzir, entrevistar, correr atrás da fonte, acho que esse tipo de coisa fez o curso ser mais leve e eu gostar ainda mais. Se fosse um curso muito teórico, eu não teria gostado tanto; eu queria realmente “colocar a mão na massa”, fazer, ver o resultado. Nesse ponto, a faculdade cumpriu bem. Mas, com a pandemia, muita coisa prática se perdeu por causa desse período, mas, no geral, foi muito bom.

3. Quais habilidades são importantes desenvolver enquanto se é um acadêmico?

Acho que, na comunicação em geral, eu diria networking: ser uma pessoa aberta a conhecer pessoas, fazer amizades, ter interesse pelos outros, porque é isso que acaba te ajudando mais na frente. A nossa profissão, querendo ou não, exige que a gente se abra, converse, pergunte, porque tem coisas do dia a dia que é preciso fazer, como ligar para alguém, conversar no telefone, falar com alguém que nunca tenha visto antes. Trabalhar essas habilidades durante a faculdade é muito importante; a maior habilidade mesmo é a comunicação, tentar diminuir um pouco a timidez, falar, conversar, fazer o máximo de conexões.

4. Ser jornalista é buscar pela informação e transmiti-la de uma forma compreensiva a todos. Seguindo isso, a profissão requer intelectualidade do profissional, como aconselharia a buscá-la?

Quando falamos sobre intelectualidade, pensamos muito em ser uma pessoa que lê muitos livros. Mas não necessariamente; livros são ótimos, existem muitos livros bons de comunicação que nos ensinam muita coisa, é super importante. Entretanto, não é somente os livros; você ser um jornalista antenado em notícias, buscar estar atualizado sobre os acontecimentos do mundo e lembrar-se da teoria quando assiste ao telejornal e quando lê jornal impresso, ler diversos conteúdos, como um romance, pode te ajudar na escrita.

5. O que é mais importante para a formação de um profissional na área do jornalismo?

As experiências, acho que as experiências de estágio, profissionais, de faculdade, de voluntariado, mesmo sendo algo por pouco tempo, toda experiência é válida. Ter a prática do que está estudando, eu diria que é o mais importante. Existem pessoas que saem da faculdade sem ter a prática e acabam prejudicadas pelo mercado. Uma coisa importante de falar é que a faculdade te prepara muito bem academicamente, então você é um profissional que pensa criticamente a respeito da sua profissão, mas não tem a função de te preparar para o mercado. Você não sai um jornalista pronto, e isso você pega na prática. Existem muitas coisas que na prática são diferentes da teoria, então, por mais que a base da universidade seja ótima, muita coisa muda, não vai ser daquele jeito; as pessoas estão se reinventando, com as mídias, muitas coisas se reinventaram no jornalismo. O estágio é importante de ter, pois há a contrapartida do que se aprende e o que se está fazendo.

6. O que aconselharia um acadêmico a buscar, no quesito experiência em prol de exercitar as habilidades adquiridas durante a formação?

Eu indicaria o seguinte: a universidade abre um leque muito grande. O que mais me impressiona no curso de jornalismo é que há inúmeros caminhos a seguir, e é bom experimentar um pouco de cada coisa; a universidade tem ótimos laboratórios. Mas, caso você seja uma pessoa com um objetivo certeiro, eu aconselharia a focar nisso desde o princípio, não deixe para fazer isso só quando sair. Se determinada área te atrai, procure fazer mais trabalhos focados nela. Pode-se dizer que na faculdade você quer experimentar tudo; tudo bem, mas por fora procure cursos, vídeos, informações sobre o que mais te atrai.

7.Quais são as maiores dificuldades que um recém formado pode enfrentar ao adentrar o mercado de trabalho?

A questão da experiência profissional na área que se almeja; a questão da preparação, em saber mais da teoria e pouco da prática, mas isso a experiência resolve. A questão do mercado funciona por indicações, por isso a importância da comunicação, do networking, o que é uma dificuldade para quem está começando e leva um certo tempo. E também a questão salarial, pois ao sair para o mercado pensa-se que já se vai começar a ganhar bem, entretanto, não funciona assim, o que leva à dupla jornada e pode desanimar as pessoas, mas não deixa de ser uma área muito boa.

8.  O que pode levar um estudante ou recém formado ser  negado em uma entrevista de estágio ou emprego?

A questão da falta de experiência, pois sempre buscam pessoas com mais experiência, por isso tentar estágios durante a faculdade é bom. Também, as características pessoais como ser uma pessoa dinâmica ou introspectiva, por exemplo para quem for trabalhar no impresso, se ela for introspectiva não é um problema, mas caso vá trabalhar na TV, tem chance de ter problemas, e precisar trabalhar a desenvoltura dela. O perfil da pessoa, é um modo de avaliar se ela combina com a vaga. 

9. A prática em sua maioria é diferente da teoria, quais seriam as diferenças entre a teoria da faculdade para a realidade do exercício profissional?

Na faculdade, nós estudamos, achamos os problemas e realizamos as soluções, o que fazer e o que não; já na prática, não é bem assim. Na hora em que se está trabalhando, é diferente do que se ouve os professores falando; por mais que muita coisa tenha em comum, na hora de fazer não será a mesma coisa. Tudo depende do lugar, da dinâmica; são diferenças sutis que pesam. Na faculdade, pensa-se muito antes de fazer uma pauta, um título, mas no mercado segue-se a linha que o editor ou dono do portal pede.

10. Com as redes sociais, muitas pessoas fazem um trabalho muito parecido com o jornalístico, mesmo sendo jornalista. Nessas situações, o que a academia falta nesses casos? 

Não podemos desconsiderar que tudo o que aprendemos na faculdade é extremamente valioso, principalmente a questão ética, moral e a parte teórica. E esses produtores de conteúdo não tiveram isso, então eles não possuem a mesma responsabilidade pelo que publicam; a responsabilidade jornalística falta nesses produtores. Por mais que isso gere dúvidas sobre o jornalismo acabar, no final, as pessoas sempre buscam uma fonte jornalística para confirmar as informações.

11. Poderia dar um conselho para quem está iniciando a faculdade?

Faça amigos e conexões, e não se deixe afetar pela negatividade de quem já está na área. Faça o que tem vontade, corra atrás, não fique fechado. Não se deixe levar pelos outros, faça seu trabalho, confie no processo e tudo vai dar certo.

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