- Bárbara Ferreira: Experiência Como Jornalista - 29 de abril de 2025
Bárbara Ferreira é uma jovem jornalista, formada na Universidade Federal de Goiás (UFG), hoje trabalha no jornal “Opção” com redação, mas já trabalhou no “O Popular” e na Secretaria do Estado com assessoria política. Ganhou o segundo lugar na categoria de texto da premiação Sebrae de Jornalismo, sua carreira ainda está longe de acabar, e nessa entrevista ela vai falar um pouco sobre sua vida como jornalista e suas opiniões sobre o trabalho.
Como iniciou sua carreira no jornalismo?
Me formei em abril de 2023, então tem dois anos exatamente, eu comecei minha carreira com um estágio, fiz uma prova do governo, a qual não me lembro o nome agora, mas eles tem todo ano, aí eu passei nesse estágio pra um dos setores do governo, e eu acabei indo para a Secretaria do Estado.Foi um estágio muito bom.
Hoje eu sei que eu tive muita sorte.
Eu estagiei por um ano na Secretaria do Estado, onde eu tive um chefe excelente, trabalhei com jornalistas excelentes, com um secretário excelente. E foi uma experiência muito boa de estágio em assessoria, assessoria política. Foi o meu primeiro contato com assessoria, de fato, e com o mercado de trabalho.
E eu fui contratada depois que meu contrato de estágio acabou e passei mais dois anos lá. Fiquei três anos assessorando essa Secretaria de Estado, onde eu convivi com muitos políticos.
Eu fiz muitos eventos, eu fiz muitas viagens, eu viajei para o Goiás inteiro, eu acho que eu fui em quase todas as cidades daqui, então, eu acho que foi, assim, uma experiência muito positiva. Simplesmente aconteceu. Apesar de eu ter decidido fazer a prova, escolhido fazer o estágio, eu acho que isso só aconteceu.
Mas ir para a redação foi uma decisão. Eu decidi que eu queria ser jornalista de redação.
Eu sempre quis, na faculdade eu já falava isso, que eu iria para a redação. E eu decidi isso e comecei a procurar um meio de fazer isso acontecer, eu tentei pequenos cursos, eu fiz um curso com a Folha de São Paulo. Pequenos cursos, assim, que eu vi na internet mesmo, para tentar me aproximar desse mercado, para tentar me aproximar da redação e deu certo.
Eu comentei e expus isso para todas as pessoas que eu conhecia: “Gente, eu quero ir para a redação”.
E assim que as pessoas souberam que existia essa vontade, as coisas aconteceram.
Eu passei um ano e meio no Popular, que foi o meu primeiro trabalho em redação. E atualmente eu estou no jornal Opção, tem bastante pouco tempo, mas foi uma transição também. E já tem quase dois anos também que eu estou em redação.
E pretendo batalhar em redação mais um pouco.
Quais foram suas maiores realizações como jornalista?
Eu acho que eu tenho pequenas realizações todos os dias.
Eu gosto muito de aprovação externa e gosto muito de fazer um trabalho bem feito também.
Então, toda vez que eu tenho tempo para fazer uma matéria bem produzida, bem feita, que eu realmente me orgulho do trabalho, é uma realização, mas se eu pudesse marcar um ponto alto, eu recebi no ano passado um prêmio, foi o meu primeiro prêmio em redação.
Eu fiquei em segundo lugar na categoria de texto do prêmio do Sebrae de Jornalismo. E foi um momento muito especial, eu gosto muito da matéria que eu escrevi, tem um pouquinho de jornalismo literário, que eu sempre gosto de colocar.
E eu tenho muito orgulho dessa matéria, eu gostei muito de saber que ela foi reconhecida, que as outras pessoas leram e gostaram também. Foi muito, muito legal.
Eu me inscrevi meio despretensiosamente. Eu escrevi três matérias nesse prêmio e as outras duas eu tinha certeza que não valiam muito a coisa, tinha certeza que não iam, mas essa eu tinha uma esperança.
Eu achava que se alguma matéria fosse selecionada seria essa, e quando eu ganhei foi muito legal.
Quais desafios você enfrentou e enfrenta até hoje como jornalista?
Eu vou apontar dificuldades diferentes, primeiro em assessoria, eu de fato era muito, muito nova, né? Eu entrei, tinha 19, 20 anos, e eu já fazia, assim, em assessoria política, o trabalho de acompanhar um secretário. E eu ouvi muito isso no começo: “Nossa, como você é novinha” e é um meio muito masculino também.
A redação também é um meio muito masculino, mas a assessoria política e o jornalismo político é mais masculino ainda, então, eu era uma menina mesmo, uma menina muito nova no meio de muitos homens mais velhos.
E, às vezes, eu sentia ali uma resistência de ser levada, assim, 100% à sério. Uma resistência mais masculina, mais de homens mais velhos, mas, no geral, sempre foi respeitado no que eu conseguia ali fazer.
Eu acho que a minha maior dificuldade em redação foi falta de conhecimento e eu não falo isso, assim, de uma falsa humildade, de nada do tipo, assim, eu acho que eu sabia muito pouco mesmo quando eu comecei, ainda sei pouco, mas eu sabia menos ainda, e eu acho que me faltou bagagem de escola, de faculdade.
Eu sinto que eu sabia muito pouco de estrutura política, de organização, de como o mundo funcionava, de onde eu tinha que ir, de para quem perguntar para saber sobre a forma que a sociedade, o mundo funciona.
Eu sabia pouco de instituições, de organizações, enfim, eu acho que me faltava essa base de entender mesmo de política, de economia, assim, um pouquinho que seja, sabe, para começar. E eu sinto ainda que isso me trava um pouco, claro que isso parte muito do próprio jornalista, a gente tem que ler muito, tem que estudar sozinho, mas eu sinto que se eu tivesse tido um pouquinho mais de incentivo, uma aulinha ali, que detalhasse isso, talvez essa transição teria sido mais fácil.
Apesar de organizado, assim, o jornalismo tem sindicato, o piso também sempre dá uma aumentadinha ali todo ano, apesar de ter certa organização, essa situação de não precisar de um diploma é muito séria.
As pessoas não precisam mais de diploma para exercer. E isso, na prática, não diz tanto, porque muitas empresas ainda exigem diploma, ainda exigem carteirinha, certificado e tudo, mas, na teoria, descartifica a profissão. Parece que qualquer um está apto a fazer jornalismo.
A gente sofre muito desmantelo.
A profissão é muito perseguida, sempre foi, mas ultimamente está sendo mais ainda, a gente só, literalmente sofre ataques, perseguição, salário baixo.
Qual o dever do jornalista na sua concepção?
Eu acho que quando eu era mais nova, quando eu comecei a estudar, eu diria que o dever de jornalista era informar, mas hoje em dia eu não sei se eu penso que esse é o principal dever do jornalista.
Eu acho que hoje em dia jornalista tem o trabalho de analisar, de estudar.
Quando você está produzindo ali conteúdo todo dia, material e notícia, é quase que uma transcrição, então, você enquanto jornalista, você pega um material muitas vezes complexo, política é difícil, economia é difícil, é difícil mesmo, a gente pega um material que às vezes nem a gente entende, e luta para entender, conversa com um monte de gente para entender, mastiga aquilo, transcreve para passar para a população de uma forma acessível. Um texto que todo mundo entenda, uma fala que todo mundo entenda.
Então, eu acho que hoje a função do jornalista é essa, é analisar, é estudar e saber transmitir, isso para a população, para quem lê, para quem escuta, para quem, enfim, assiste, da forma mais correta possível, assim, com as vertentes, com respaldada em especialistas, enfim, com o máximo de informação possível para que as outras pessoas consigam formar opinião a partir do seu trabalho, de uma forma justa, para que as pessoas consigam entender e, assim, ter opinião sobre tudo no mundo.
Você acha que o jornalismo sensacionalista continuará em ascensão?
Vai continuar. Falar dos outros ou das coisas de forma distorcida gera clique, muitas vezes quando a gente fala em sensacionalismo, não fala em necessariamente mentira. Eles não estão contando mentiras, eles estão contando a verdade sobre um ângulo distorcido, enfim, a verdade aumentada, a verdade diminuída.
E aí isso pode causar confusão para o leitor e gera muito, muito clique quando gera confusão.
Os jornais precisam de dinheiro, então, muitas das vezes essa distorção é proposital por clique, por dinheiro, porque funciona ali para aquele jornal, esse clickbait.
Como fugir disso é muito complicado, mas eu acho que depende, um, do veículo que você trabalha, é ele que vai pautar ali o que você escreve, e também é muito pessoal.
Tem como você escrever a verdade mal feita, mal falada, distorcida e tem como você escrever a verdade bem feita, contando o máximo possível, ouvindo o máximo de lados possíveis.
E eu acho que isso depende um pouquinho também de ética jornalística.
Quais dicas você daria para quem está iniciando agora no meio jornalístico?
Primeiro, leia, leia muito, leia notícia, leia jornal, leia livro, leia, estude, estude o máximo que você puder e o máximo de assuntos que você puder.
Se você se interessa por um assunto específico, independente do que seja, saiba do que você está falando.
Outra coisa, colecione boas relações, com seus colegas de sala, com seus professores,
com os colegas da faculdade, é muito importante no meio jornalístico, você ter boas relações com as pessoas, porque a gente precisa de gente o tempo todo, e dentro do trabalho mesmo, eu converso com gente o dia inteiro.
É a minha função, é o que eu faço, é conversar.