“Tirar o acesso desses alunos a esse tipo de conteúdo é extremamente danoso para a própria carreira do estudante de jornalismo.” Fábio Prado, estudante de jornalismo

Fábio Prado é estudante do segundo período de jornalismo da Universidade Federal de Goiás - UFG e, um dos membros do Centro Acadêmico de Jornalismo - CAJ. Fábio concedeu uma entrevista ao Lab Notícias, e comentou um pouco sobre a sua história e, sobre a questão da rádio universitária que está querendo fazer uma junção à rádio EBC.
dez 9, 2022
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Foto: Rafael David Noleto

Há alguns dias, a UFG vem enfrentando um problema relacionado à rádio universitária, por que a diretoria da rádio quer privatizá-la. Que seria uma junção da rádio universitária com a rádio EBC, a mudança seria de AM para FM, para obter maior alcance nas transmissões. Com essa mudança, a rádio universitária deixaria passar os programas laboratoriais como, Doutores da bola, Goiacast etc, e passaria só os programas da rádio EBC.

Iara Brito: Conte um pouco sobre como foi/é a sua vida acadêmica.

Fábio Prado: Então, a minha vida acadêmica até então se reduz apenas ao segundo período de jornalismo e participação no CAJ. Eu produzo alguns conteúdos, algumas entrevistas que a matéria de PTJ, geralmente pede até então não tem uma vida de muita participação acadêmica ainda.

Iara Brito: Qual a sua história com o jornalismo? O que te levou a escolher esse curso?

Fábio Prado: A minha história com jornalismo começa principalmente porque eu sempre gostei muito de escrever e eu queria fazer alguma coisa relacionada no campo da escrita.

Então eu pensava muito em fazer uma faculdade de letras. Só que era um pensamento meio de devaneio porque não era uma realidade meio que pra mim dentro do contexto que eu tava de periferia e interior, de fazer faculdade e eu não me imaginava o que era uma faculdade, eu não tinha gente próxima à mim que tinha feito faculdade, então era só tipo assim, e se um dia eu fizesse uma faculdade sabe? Mas aí um professor meu me incentivou muito.

O professor Tiago de história, do colégio José Alves de Assis, me incentivou muito a cursar e fazer uma faculdade, me mostrou as possibilidades, a potência do que eu conseguiria fazer lá dentro e que eu poderia entrar e que não era nada impossível.

E uma das várias ações que ele fez pra me ajudar que me ajudou no caso, foi em 2018, quando o Childish Gambino, lançou aquele clipe “This is  América”, e eu tinha trocado uma ideia com ele falando a respeito do clipe e ele comentou, que a minha ideia sobre esse clipe e música era bastante interessante, e  se eu tinha interesse em apresentar em forma de trabalho.

Aí eu fui, apresentei e expliquei os contextos e  as referências históricas desse clipe. Após isso eu sempre conversava com ele sobre as críticas que eu escrevia. Ele sempre me incentivou a trabalhar muito com escrita, apesar dele ser do campo da história.

Do ano de 2018 para 2019, teve um contexto muito forte na minha vida, de várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, por exemplo, a prisão do meu pai, acabou que eu não consegui fazer o ENEM naquele ano, mas sempre foi uma vontade dentro de mim, de trabalhar com comunicação e escrita dentro de jornalismo.

Iara Brito: Vi que você é um dos membros do CAJ, por que você escolheu participar dele? Qual a sua função?

Fábio Prado: Eu sou membro do CAJ, e eu sou secretário de assuntos acadêmicos. Então, tudo que diz respeito aos alunos, por exemplo, a mudança da coordenação do curso de Jornalismo, que passou do Alfredo para a Lisbeth, a própria direção da FIC, tudo que for relacionado aos alunos e ao cotidiano deles é uma das responsabilidades do meu setor.  Mas todas as decisões de cada setor são tomadas pelo grupo inteiro. Então o CAJ tem uma dinâmica muito boa de formação. Mas uma das coisas, é que você tem um trabalho muito mais direto com o curso em si. Então, eu acho que o CAJ é um bom portal para conseguir lutar pelo que os estudantes de jornalismo priorizam.

Foto: Rafael David Noleto

Iara Brito: Para você como estudante ou como um membro do CAJ, o que acha dessa situação da rádio em si? Qual a importância desses programas para os estudantes de jornalismo?

Fábio Prado: Como estudante e como membro do CAJ, eu acho essa situação toda extremamente lamentável porque, tanto a curto como a médio e longo prazo, isso prejudica muito os alunos.

Porque houve uma luta das gestões anteriores, para que justamente os alunos conseguissem participar da rádio já no primeiro período, como muitos dos meus colegas participam.

Então dentre todas essas lutas, a rádio universitária é um portal que o aluno presta um serviço para a rádio e ao mesmo tempo ele presta um serviço pra própria carreira, aprendendo ali como se comportar numa rotina.

Não é um programa feito de qualquer jeito, então os alunos que participam têm horários a cumprir, eles têm pauta, eles têm programações específicas dentro da área de esporte, da área de cultura e assim é uma maneira da gente manter a juventude goiana ocupada com a própria história goiana.

Tanto a história do que já aconteceu como a história do que está acontecendo agora e tirar o acesso desses alunos a esse tipo de conteúdo é extremamente danoso para a própria carreira  do estudante de jornalismo.

Então assim, como membro do CAJ e como aluno, eu me posiciono contra Acho extremamente triste porque a rádio universitária não precisa e não é essa a função dela: cumprir com dever comercial de competitividade de mercado. Então se a função dela é só que seja laboratório para os alunos de jornalismo se especializarem na área, que deixe da forma que está.

Iara Brito: Para concluir, oque tem que ser feito para isso não acontecer? Oque o CAJ poderia ajudar nesse quesito?

Fábio Prado:

O CAJ se posiciona contra, e a gente está se organizando junto com os alunos de jornalismo, junto com os veteranos de jornalismo e junto com outros CAs, como por exemplo, o CA de Filosofia.

A gente tem realizado assembleias e alguns encontros, reuniões também pra gente decidir os feitos do que vai acontecer e os caminhos, no caso do que irá acontecer com a Rádio Universitária.

Mas a nossa posição é sempre de enfrentamento a qualquer tipo de ataque que a rádio possa sofrer. Porque as pessoas que estão há mais tempo na rádio relatam que nem na época da ditadura militar a rádio sofreu um ataque desse tipo. O CAJ tem feito que pode dentro das medidas possíveis até que isso se escale para que essa situação não seja promulgada.

Para que a gente possa continuar tanto continuar com a rádio da maneira como ela tá, como melhorar o serviço dela. Porque também tem essa questão. Não basta só lutar pela rádio, né? A gente tem que lutar pra que ela permaneça  entregando um serviço de qualidade.

Dessa forma o CAJ está sempre atualizando também os alunos de jornalismo, e quem quiser na verdade seguir nas redes sociais do CAJ, no caso no instagram, lá a gente tá sempre se posicionando a respeito das lutas que estão acontecendo, a gente tem feira, tem alguns dias que a gente cola o lambe lambe, que a gente faz cartazes e dias de ocupação como por exemplo hoje: o CAJ apoiou os estudantes da pós-graduação que tiveram a bolsa do CAPES cortada.

Então assim, tem literalmente gente passando fome nessa situação e o CAJ acha lamentável como é um instrumento de luta dos alunos de jornalismo a gente sempre tem que se organizar para trabalhar bem nesse tipo de situação.

Ontem (08), a direção da rádio universitária, garantiu a permanência dos laboratórios da rádio. Porém, ainda está em discussão como será a grade para esses programas. 

Essa informação é do diretor da FIC- Faculdade de Informação e Comunicação.

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