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Quando uma figura política com uma linhagem já conhecida pelo povo ingressa no meio através de sua própria candidatura, a expectativa criada para uma possível gestão tende a aumentar. A história da família de Caiado na política goiana começa na segunda metade do século 18 com a chegada de Manuel Caiado de Sousa, e daí pra frente outros nomes como Emival Caiado, Totó Caiado, entre outros da linhagem. Já a família de Vilela tem como o principal nome o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, que até então, foi o político de mais destaque do seu grupo familiar.
O cientista político Luiz Signates, que também é pesquisador e professor na Universidade Federal de Goiás, comenta sobre a histórica relação entre familiares e o meio político, passando a impressão de que essa cultura tende a se manter atuante por um bom tempo, seja em nível nacional ou estadual.
“O passado patrimonialista da economia e da política brasileira é, em vários aspectos, referido a interesses familiares. O Brasil, na verdade, ainda convive com déficits de modernidade, no sentido da separação do público-privado como regramento do Estado de Direito. O poder familiar da família de Jair Bolsonaro em seu mandato presidencial mostra que ainda não superamos essa forma de organização do poder. Mas, também, os filhos e netos de políticos, os quais vemos no país inteiro, são exemplos de que essa tradição ainda persiste.”
O professor também usou os exemplos de outras duas famílias influentes e conhecidas em nível nacional para evidenciar e ressaltar que o predomínio dessas linhagens familiares dentro do ramo tende a crescer de forma constante.
“Sarney e Caiado são casos típicos, porém, diferentes entre si. Os Caiado foram uma família poderosa na antiga província de Goiás, e o atual governador é, sem dúvida, o último herdeiro dessa tradição, que aparentemente não prosseguirá depois dele. Já a família Sarney não tem o mesmo passado; ao contrário, o primeiro e principal líder, o ex-presidente José Sarney, começou na política no Maranhão justamente combatendo o coronelismo lá, mas, tão logo assumiu e estabeleceu os filhos na política, fazendo uma filha ser governadora e um filho ser deputado federal. As diferenças desses casos parecem mostrar que a “familiocracia” ainda permanece na política brasileira, mas, com nuances próprias, sofrendo diferenças, em face das mudanças dos tempos.
Para a sorte de uns e o azar de outros, a administração feita por antecessores familiares desse indivíduo gera um “peso extra” sobre a sua própria governabilidade. Ou seja, qualquer deslize pode se tornar primordial para fazer a população criticar todo o trabalho anteriormente feito. Porém, se a credibilidade for mantida, sendo semelhante às gestões passadas de um parente, o prestígio e a confiança obtida tende a dobrar de tamanho dentro da avaliação da sociedade.
Um exemplo mais recente sobre a questão de assumir uma gestão política é sobre o caso de Daniel Vilela, que está a frente da administração do Estado de Goiás na função de vice-governador, ao lado do atual governador reeleito Ronaldo Caiado, cuja linhagem política também é bem conhecida. Gleysson Cabriny, ex vice-prefeito de Trindade-GO e formado em Comunicação Social na Universidade Federal de Goiás, fala sobre a situação logo abaixo:
“Daniel foi vereador, deputado federal e agora é o atual vice-governador de Goiás, e apesar do falecimento do pai, que também foi um político importante e influente, Daniel seguirá com seu mandato sem negar as raízes familiares, e por mais que ele tenha um certo prestígio por ser filho de Maguito, ele possui as prerrogativas de ser um bom gestor, uma pessoa carismática, que todos buscam para conversar, além de ser comprometido e focado com as causas públicas.”
O ex vice-prefeito também abordou a questão de ser desafiante concluir, com aprovação popular completa total, um mandato político, e ainda citou que o seu sobrenome (Cabriny) o ajudou a ganhar uma maior confiança para ser eleito em Trindade-GO na época em que concorreu.
“Claro, as coisas boas e ruins atribuídas a seu pai enquanto figura política também serão correlacionadas com Daniel, e isso o fará colher os frutos anteriormente plantados por Maguito, afinal, uma gestão política é feita de altos e baixos.”
Questionado sobre a influência desse âmbito familiar dentro da política do país, o Dr. Carlos Fernandes, psicólogo renomado no Estado de Goiás, com convites já recebidos para participar da Câmara de Deputados da cidade de Trindade-GO, opina sobre o assunto:
“O Estado possui três pilares para sua formação: A população, o território e o governo. E ao governo eleito, sempre é esperado que ele faça uma gestão em prol de seu povo. Mas, é válido ressaltar que a população precisa sempre buscar o máximo de conhecimento para definir seus possíveis candidatos, uma vez que o modelo familiar ligado ao meio político pode favorecer de forma mais ampla a corrupção, a exemplo das diversas obras paradas que já existem por todo o Brasil que ainda estão em processo de licitação, o que agrava áreas importantes como a educação e a saúde. E isso faz o governo oriundo de uma base familiar perder credibilidade e confiança por parte do povo, não pelo partido político ou pelo próprio político, mas sim por conta desse modelo vigente.”
Conhecido popularmente como “Cleytinho do Flori”, vereador ativo também em Trindade-GO, o político deixa suas considerações sobre as chances de um candidato vencer uma disputa eleitoral justamente por ter a vantagem de carregar um sobrenome muito influente politicamente.
“Com certeza, quando uma família que representa uma região, um país, um estado ou uma cidade há gerações, que tem trabalho prestado, onde o nome ou sobrenome é respeitado e existe gratidão do povo, com certeza este candidato terá uma vantagem pelo que foi feito por antecessores familiares e será mais fácil a conquista de uma vitória, e isso independe do cargo, sendo de maior ou menor valor. A administração contemporânea é uma evolução da política colonial que veio se modernizando com o tempo. A política está no meio de tudo e de todos, e ela é como todos os seguimentos, seja ele comercial, industrial, social, educacional e ademais, ou seja, todos vão se aprimorando e evoluindo, buscando mais exatidão através de novas tecnologias e estudos.”
Acredita-se, em um aspecto geral, que a tradição de se manter famílias diretamente ligadas ao meio político tende a ser constante no decorrer dos próximos anos, e a formação de novos grupos com essas características pode surgir a qualquer período eleitoral.