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Solidariedade, você sabe o que é e como praticar?


Muitas instituições precisam de ajuda para se manterem ativas e durante a pandemia alguns abrigos, casas de apoio a doações e projetos sociais acabaram ou ficaram bastante prejudicados sem a falta de suporte.

Para Maria Aparecida Moraes que mora no Bairro Independência Mansões, ajudas dos projetos sociais são o sustento para que ela e a família se mantenham de pé.

“Eu sempre tenho um sentimento de gratidão por tudo que os projetos sociais fazem na nossas vidas, sem eles a gente passa fome. Eu tenho seis filhos e estou grávida e nessa pandemia nós passamos muita fome. Meu marido ficou desempregado, só não passamos fome mesmo, por causa dos projetos sociais, principalmente, do caminhos do bem Goiás. Eu sempre preciso de cesta básica, fraldas, leite, verdura. Meu sentimento é um dia poder ter condições de comprar mistura sempre, pois, graças a Deus a gente sempre recebe as verduras e uma misturinha, infelizmente é complicado né, mas eu tenho fé em Deus que a gente ainda vai conseguir”, disse.

Jussara Maria Aparecida de 62 anos, disse que é uma doadora assídua. Ela reconhece a importância dos atos de solidariedade. Principalmente durante esse período de pandemia. A aposentada afirmou que doa há mais ou menos 20 anos, roupas, alimentos e dinheiro para o Hospital do Câncer e para a instituição Lar Espírita Francisca de Lima.

“Desde pequena meus pais me incentivaram a ajudar as pessoas, auxiliar o próximo nas dificuldades da vida. Cresci com esse pensamento, sempre gostei de ajudar projetos sociais, abrigos e pessoas carentes. E também, passo sempre esse pensamento para minhas filhas e netos(as). Já posso considerar como uma prática familiar passada de geração em geração”, disse.

Jussara ainda relata que, as dificuldades para todas as pessoas foram claras no período de pandemia. E com os projetos sociais não foram diferentes. Além da parte financeira, outro fator agravante é a carência pelo fato da não permissão de visitas. Mesmo com esses empecilhos, ela diz que as doações continuaram durante a pandemia e assim ela procurava doar sempre um pouco mais.

“As vezes não vemos a importância de ajudar o próximo, isso pode mudar muito a vida de uma pessoa. Quando você vai em algum abrigo ou acompanha algum projeto para auxiliar pessoas carentes percebe algo dentro de si, eu sempre em primeira ordem chegando nos locais fico triste, uma realidade talvez até cruel com o ser humano, muita pobreza, miséria e as vezes até carência no quesito amor, isso me faz refletir e ter em mente o quanto minha vida é boa e proveitosa. Quando saio meu coração fica grato em saber que tenho uma vida boa ao lado das pessoas que tanto amo. Isso me faz refletir em momentos que penso em reclamar de algo da minha vida, nestes momentos vem as pessoas na minha mente e logo tudo isso passa. Só percebemos a realidade difícil das pessoas quando começamos a conviver rotineiramente”, conclui.

De acordo com o site da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR) durante a pandemia foram mais de 557 campanhas de doações mobilizadas no País. Dentre todos os estados, São Paulo foi o que mais doou financeiramente. Essas doações foram destinadas as áreas da saúde, assistência social, educação e gerações de rendas no enfrentamento da Covid-19. O programa de captação de recursos conseguiu arrecadar durante uma Live: Fome de Música, onde os cantores Sandy & Junior participaram, mais de R$ 6 milhões.

Abaixo você pode conferir as campanhas que mais arrecadaram financeiramente no enfrentamento da Covid-19 em todo o país.

CampanhasValor
Governo do Estado de São PauloR$ 1.800.000.000
Unidos contra a Covid (Fiocruz)R$ 496.767.513
Fundo solidário Covid 19 para mães da favelaR$ 296.190.120
Comunitas – Fábrica de VacinasR$ 170.000.000
Campanha Salvando Vidas: apoio em dobroR$ 104.350.000
Band contra a FomeR$ 100.000.000
FIEMGR$ 98.504.958
Movimento União RioR$ 94.320.499
Corona no Paredão Fome Não 2R$ 67.841.011
Fundação Banco do Brasil – Proteja e Salve VidasR$ 63.055.506
Dados da ABCR

A ABCR é uma “organização sem fins lucrativos composta por captadores e mobilizadores de recursos e que tem como principal objetivo estabelecer uma ampla rede nacional, fortalecendo os laços entre os profissionais que atuam na área e propiciando condições para o intercâmbio técnico, a troca de experiências e o desenvolvimento comum da profissão”. Atualmente a associação conta com 731.974 doadores e mais de 300 os associados espalhados por todo o país.  A sede nacional da ABCR fica em São Paulo.

Você também pode conferir pessoalmente os dados das doações. Basta apertar o botão abaixo:

Projetos Sociais

A pandemia veio para afetar a sociedade de um modo em que todos, de uma maneira ou outra, se prejudicaram na questão emocional, mental, financeira e etc. Com abrigos, casas de apoio e projetos sociais, não foi diferente. Antes mesmo da pandemia já tínhamos noção que muitos já passavam por dificuldades, faltando alimentos, rendas e demais auxílios, com a pandemia isso se agravou, afinal as doações pararam de chegar, os recursos ficaram escassos e a dificuldades aumentaram.

Paulo Henrique, presidente e fundador do projeto social “Caminhos do Bem”, disse que antes da pandemia, o projeto recebia uma ajuda considerável de doações. Conseguiam sobreviver de uma forma que podiam prosseguir com o projeto, até mesmo no início da pandemia as doações aumentaram, pessoas se solidarizando, mas após um certo período, as coisas começaram a tomar outro caminho: “O nosso projeto atende abrigos, casas de apoio, temos mais de 4.000 famílias cadastradas. Conseguimos atender muita gente no ano de 2020, quando começou a pandemia, fizemos até o Natal sem fome, mas no ano de 2021, as coisas pioraram, as doações caíram em 99%. Os doadores não estão tendo mais condições de doar, devido aos acontecimentos dos preços de alimentos e demais utensílios estarem com preços elevados”.

Acompanhe o vídeo na integra.

Ações realizadas pelo projeto Caminhos do Bem

Os altos preços dos alimentos, gás, influenciam para a dificuldade nas doações, os abrigos dependem totalmente das pessoas para uma contribuição e conforme a realidade atual do país as coisas não estão andando no caminho em que deveriam. Abrigos passando por dificuldades, projetos sociais em risco, tudo pela falta da renda e contribuição, dificuldades enfrentadas pelo período conturbado em que vivemos:

“Estamos passando por uma dificuldade muito grande, não estamos conseguindo ajudar os abrigos, não estamos conseguindo ajudar as famílias, estamos tendo que fazer muitas rifas, bazar e mesmo assim não está dando, a nossa rifa mesmo, até hoje não vendemos nenhuma, não estamos conseguindo vender. E os pedidos de ajudas das famílias carentes é de monte, tem dia que recebo entre 40 e 50 pedidos de famílias por ajuda, são mães que não estão nem com o básico em casa, pessoas passando fome, pessoas sem móveis, até mesmo mulheres que sofreram de agressão pelo marido entram em contato. Está tudo tão difícil e é tão triste”, Diz Paulo Henrique.

Muitas pessoas já foram aos circos para rir, divertir, apaixonar pelos momentos e peças que fazem parte do menu dos circos, mas, será que já imaginaram que nos circos também existem projetos sociais? Bom, o Circo Laheto, em Goiânia, possui um projeto onde atendem crianças em situação de risco e que passam por algum tipo de vulnerabilidade social. Maneco, é o nome do diretor do circo, e informa que o projeto tem quase 30 anos e já conseguiu tirar muitos jovens das ruas e de coisas negativas que a vida oferece: “O nosso projeto atende crianças em situação de risco e vulnerabilidade social, um projeto de quase 30 anos, que tem um resultado excelente através das atividades circenses, da arte e do teatro, obtemos resultados relevantes. Isso é gratificante e me deixa feliz, uma forma de não querer desistir, porque sei que vale a pena”. Finaliza, Maneco

Circo Laheto em uma de suas apresentações

Com a pandemia, todos nós tivemos que ter atenções redobradas, principalmente com os idosos, eles foram muito afetados, alguns perderam suas vidas. Uma atenção maior tivemos que ter com as pessoas da terceira idade, pelo fato da imunidade ser mais baixa, sendo assim, estando mais expostos ao vírus.

Nos abrigos para idosos,  os cuidados foram redobrados, pois são vários funcionários que possuem contato com o mundo externo, desta forma, o risco de contágio é grande, pois são idosos nos abrigos, funcionários, famílias, por este motivo algumas decisões foram tomadas, como citado por Adriana Lopes, representante do Projeto Girassol, onde ajudam os abrigos para idosos: “Antes recebíamos visitas dos familiares e demais pessoas, hoje em dia por conta da pandemia as visitas estão proibidas. Precisamos ter cuidados, usamos EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) para os idosos, a nossa preocupação é imensa com a saúde deles. Houve uma diminuição nos casos, mas o covid ainda não foi embora dos abrigos, na verdade, os idosos geralmente se contaminam fora do abrigo, quando vão ao médico por exemplo, para fazer exames, com o contato com outros pacientes, acabam se contaminando”, finaliza Adriana.

No projeto Girassol, idosos fazem ginástica laboral

Além dos projetos sociais, abrigos que já existiam antes da pandemia, conseguiram sobreviver na época. Durante a pandemia, também foram criados novas casas de acolhimento para idosos. O abrigo Lar Di Lourenço foi criado durante a pandemia, a capacidade do local é para 60 idosos, atualmente conta com 43.

A porta-voz Priscila Quirino frisou que todos os cuidados são feitos da melhor maneira possível, para que a segurança dos idosos estejam garantidas, ainda mais para um abrigo que começou durante a pandemia: “Foi montado o plano de contingência, bem como capacitação aos profissionais com o uso correto de ILPIS (Instituição de Longa Permanência para Idosos), como isolar os casos suspeitos e confirmados, suspensão de visitas presenciais, realizar chamadas de vídeo para manter o contato com os familiares, retorno às visitas, desde que o familiar apresente os cartões de vacina em dias”, diz Priscila. Sobre as atividades oferecidas aos idosos, Priscila cita: “As atividades oferecidas são: fisioterapia, comemoração de festas em datas comemorativas, caminhadas, jogos com dominó, dama e baralho”.

As dificuldades já existiam nos abrigos antes da pandemia, paramos e pensamos – imagina para um abrigo que foi criado na pandemia? Não é diferente. As dificuldades existem, o carinho familiar faz falta, os altos preços dos alimentos e produtos também são problemas para o abrigo: “A maior dificuldade enfrentada é a falta de vínculo familiar, pois os idosos sentem muito a ausência de seus entes queridos, o que pode desencadear casos de depressão. Além disso, tem a questão de insumos, pois tudo está alto, então há uma grande dificuldade em relação aos produtos, tanto como LPIS , quanto a alimentação”, finaliza.

Confira agora o resumo das informações sobre o Histórico de doações da ONG Caminho do bem e do Projeto Luz.

Infográfico sobre o histórico de arrecadação de duas instituições
Feito no Canva

Se você deseja ajudar entre em contato com as informações disponibilizadas logo abaixo:

ProjetosDoações (Pix)Contato
Caminhos do Bem(62)9 9253-7362@caminhosdobemGoiás
Seja Luzprojetosejaluzgo@gmail.comWhatsApp: (62) 9 8327-1875
Projeto Girassol(62) 9 9538-6129WhatsaApp: (62) 9 8171 -1702
Circo Laheto CNPJ: 01.206.329/0001-76WhatsaApp: (62) 9 9633-0551
Dados Pessoais

Quem garante direitos aos grupos vulneráveis?

Promover a educação em direitos à sociedade é também uma das funções da Defensoria Pública do estado de Goiás (DPEGO). Para além de prestar atendimentos jurídicos e promover a defesa judicial dos cidadãos em situação de hipossuficiência econômica, o órgão se ocupa em atuar juntamente aos projetos sociais em Goiás com a promoção de direitos humanos como habitação, moradia e combate ao racismo.

A pandemia consolidou um novo formato de atendimento da DPEGO na capital. A Defensoria, que antes recebia notificações marjoritariamente presenciais, se viu num cenário de muitos contatos via whatsapp, que já era utilizado, porém em menor frequência. A partir daí, a instituição reestruturou o atendimento, consolidando seu exercício de acolhimento no ambiente remoto, o que o tornou mais acessível e funcional.

Quem atua diretamente frente às notificações que chegam à Defensoria é o Núcleo Especializado de Direitos Humanos, que cataloga em sistema todas as demandas recebidas. São vários os temas organizados em pastas: violência policial, vioalação de direitos humanos em presídios, racismo, população LGBTQIA+, despejos, pautas étnico raciais, dentre outros.

De acordo com a Tatiane Pimentel, que é membro do Núcleo Especializado, “algumas situações de violações de direitos humanos ficaram em maior evidência durante a pandemia. Um exemplo foi a situação das famílias moradoras de ocupações irregulares que, enquanto o Poder Público determinava o distanciamento social e o isolamento domiciliar para o enfrentamento ao vírus, sofriam remoções compulsórias efetivadas sem qualquer alternativa habitacional”.

Frente ao cenário de pós pandemia, a instituição chama a atenção ao aumento de pessoas moradoras de rua. A Defensoria acredita que tal respaldo, neste caso, é atribuído ao Poder Executivo, a notar pelo grande número de empregos perdidos, que também influenciou, inclusive, o aumento significativo de moradias irregulares, segundo o Núcleo Especializado de Direitos Humanos.

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One thought on “Projetos sociais em Goiânia: Antes e depois da pandemia”

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