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Oficialmente iniciada na última semana, as eleições decepcionaram a população mais uma vez com a pequena quantidade de candidatas. Mesmo completando 90 anos da conquista ao voto feminino, nota-se a ausência de representatividade nos partidos.
Resistindo diariamente, as mulheres têm conquistado seus lugares, mas ainda sofrem em ambientes violentos e preconceituosos como o Congresso Nacional, apesar de ser um país laico e democrático, na teoria. Historicamente, elas conquistaram muito, mas possuem um longo caminho pela frente. O Supremo Tribunal Federal informa que o Brasil apresenta apenas cerca de 15% de mulheres na Câmara Federal, diante de 27% no Afeganistão.
Segundo a professora, doutoranda na Universidade Federal de Goiás e candidata ao Senado Federal, Manu Jacob, a formação da sociedade brasileira contribui para a perpetuação até os dias atuais da ideia de que o homem é o centro de tudo, excluindo as mulheres de diversos processos.
“Quando fui candidata à prefeita da cidade, eu fui participar de um debate na TV e cheguei lá para entrar na emissora. A recepcionista me perguntou aonde eu estava indo, falei que estava indo participar do debate para prefeita e ela disse ‘olha, o debate é só para prefeitos’. Eu falei ‘moça, eu sou candidata à prefeita’. Ela continuou: Você tem certeza?”. A professora cita também os desgastes causados pelas situações desconfortáveis nos próprios debates e em outros momentos dentro da política brasileira, afirmando ser um “lugar masculino, violento e misógino”.
Embora as lutas das mulheres sejam diárias, as altas taxas de feminicídio e a baixa participação no Parlamento mostram a exclusão delas na sociedade como cidadãs ativas. Dados da Organização Mundial das Nações Unidas apontam que o Brasil tem uma das menores participações femininas, ocupando a 140ª posição em uma lista de 191 nações.
Foto: Reprodução
Saber escolher seus representantes é o primeiro passo para construir um país melhor, pois até mesmo quem se ausenta alegando não gostar do assunto acaba sendo punido, afinal “quem não gosta de política sofre e sofre muito na mão de quem gosta”, completa Manu. O segundo é ampliar os debates sociais para as periferias, fazer um trabalho para além das eleições, utilizando o conhecimento produzido nas universidades e o estreitar às comunidades, se organizando e levando também o que é do povo para dentro destas instituições. “A gente precisa conhecer, estudar, transmitir e aprender”.
Para finalizar, Manu enfatiza sobre as frequentes tentativas de silenciamento e desqualificação das mulheres na era das fake news: nunca é pessoal, é sempre político.