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As festas e os feriados de fim de ano sempre foram um fator que movimentaram o Brasil, tanto o comércio, economia e a sociedade como um todo, e no ano de 2022 não foi diferente. O Natal e o ano novo, influenciam o país e a população e todas suas classes sociais, através do turismo e viagens, grande movimentação nos supermercados e lojas de presentes, festas e celebrações, por exemplo.
Tais casos e acontecimentos podem interferir tanto positivamente e negativamente na economia brasileira, dependendo do progresso e resultados do comércio na época de fim de ano, além do consumo, desemprego e da inflação, que variam nessa data.
Procura e venda por produtos
Na época de fim de ano, principalmente com o Natal, a busca por produtos e presentes é bem maior em relação a outras datas do ano, porém a economia brasileira atual, com a alta inflação e o aumento dos produtos, acarreta a diminuição do poder de compra da população, que pode dificultar a grande movimentação comercial esperada nas datas comemorativas de fim de ano.
Daiane Rodrigues Nunes, gerente da loja O Boticário no Buriti Shopping em Goiânia, comenta sobre as vendas da loja nessa época do ano e a maior procura por produtos mais baratos:
“Eu acredito que as pessoas não querem deixar de presentear as pessoas próximas. Mas elas querem um presente mais barato. O perfume ou um kit com o perfume, sai entre 200 e 300 reais. Há mais busca por presentes com valores menores, por exemplo, sabonetes com hidratantes. Antigamente a gente vendia bastante perfumaria para presente, atualmente teve uma caída. A loja teve um aumento pequeno dessa loja que não chegou nem a 6%. Foi melhor que o ano passado, porém, era esperado um crescimento de 15%, então a gente não cumpriu a meta”.
Esquemas de venda
Durante o Natal, com a intensa movimentação comercial, há enorme disputa de mercado entre as lojas para a venda de produtos, e no final dessa data comemorativa, algumas lojas se saem melhor que as outras em relação ao faturamento e sucesso econômico.
Com essa disputa de vendas entre as lojas, cada uma segue sua própria estratégia de venda e marketing, no Natal e depois no início do ano, como descontos e liquidações.
Um gerente de uma conhecida loja de brinquedos em Goiânia, aborda as estratégias e um pouco sobre as vendas da loja com a alta procura por brinquedos, pelas crianças serem as mais presenteadas nessa data:“Outras lojas vendem coisas como perfumes e outros presentes que, às vezes, é até mais necessário do que o brinquedo, mas nós acabamos no final vendendo mais do que essa turma, muito por apelo de um avô, tio, madrinha, até o próprio pai e mãe também não deixa de presentear a criança a partir do momento que prometeu alguma coisa do tipo. Então raramente deixamos de vender”.
“Tentamos utilizar o cashback também para o cliente estar voltando, compra agora e ganha para próxima compra, e faz ele voltar antes de outra data comemorativa. Acho que a estratégia da empresa é como se todos os meses se tivesse alguma data comemorativa, não apenas esperar o terceiro trimestre do ano para vender”.
Antecedente do Natal
Normalmente, na última semana de novembro, antes do início do mês natalino, acontece a Black Friday, que se tornou um conceito que se estende por uma semana, que se transformou em um dos períodos mais aguardados do ano pelo consumidor, pela alta diminuição dos valores dos produtos e a alta de descontos.
Popularizada nos Estados Unidos há décadas, a Black Friday passou a ser empregada no país nos últimos dez anos, se tornando uma data de imenso impacto na movimentação comercial do Brasil.
Segundo levantamento da Confi.Neotrust, a Black Friday teve um faturamento de R$ 6,15 bilhões no ano de 2022, a data que mais se aproxima no Natal em questão de faturamento econômico.
Porém, a máxima venda e demanda por produtos no Natal, não é algo invariável no comércio. Podemos ver casos em que a Black Friday tem mais sucesso comercial que outra qualquer data comemorativa ao longo do ano.
Wislley Carlos da Silva, funcionário da loja Móveis Estrela “Planalto” em Jataí, aborda um pouco sobre a influência dessa data em seu comércio: “No caso Black Friday, depois que ela começou realmente deu aquela alavancada, a data comemorativa, no caso do Natal não tem mais aquele movimento que tinha antes, e percebo, de uns dois anos para cá, basicamente as pessoas compram com mais impulso na Black Friday, no Natal não costuma ter esse movimento. Então, realmente o movimento da Black Friday, ele é bem mais intenso”.
Impactos da pandemia
A chegada da Pandemia de Covid-19 no Brasil impactou o país e a população de todas as formas, impactos sociais, políticos, culturais, e no comércio e na economia não foi diferente. Devido ao isolamento social, a quarentena, e às restrições sanitárias decorrentes do coronavírus (Covid-19), a movimentação comercial no Brasil foi diretamente afetada, com o fechamento do comércio.
Essa circunstância afetou desde o pequeno comerciante aos grandes conglomerados comerciais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde o início da pandemia, 716.000 empresas fecharam as portas, e 33,5 % das empresas em funcionamento reportaram que a pandemia teve um efeito negativo sobre a empresa.
Quando abordada sobre as vendas de Natal desde ano, uma gerente de uma loja de produtos de beleza e maquiagem em Goiânia, não deixou de mencionar o impacto da pandemia em seu comércio: “Em relação a vendas, a gente teve um aumento de fim de ano, o crescimento não foi ainda o que era antes da pandemia, realmente. As coisas mudaram bastante, mas teve um crescimento relativo ao ano passado. Mas esperamos continuar crescendo. A cada ano mais longe da pandemia a gente espera crescer cada vez mais”.
Impactos na economia, bolsa e emprego
O final de ano, é a época em que há maior movimentação na economia devido às festas de fim de ano. Isso interfere diretamente na bolsa de valores e na falta ou geração de empregos, impulsionados pela movimentação comercial no Natal e no Ano Novo.
Luíz Suzigan, economista formado pela USP, busca esclarecer a influência do comércio nos impactos econômicos trazidos pela data de fim de ano:
“Essa época do ano é, já há muito tempo, caracterizada pela maior procura e comercialização de bens e também de serviços. Assim, as empresas e os consumidores se preparam antecipadamente para aumentar a produção e as contratações temporárias (no caso das empresas) e para os maiores gastos (no caso dos consumidores). Como as empresas já antecipam essa maior procura, o impacto direto sobre a economia não causa desequilíbrios – tais como desabastecimento de produtos ou aumento permanente de preços (isto é, aceleração da inflação). Mas a comercialização de produtos e serviços no período das festas de fim-de-ano tem um impacto indireto relevante sobre a economia, já que é tradicionalmente vista como um termômetro da atividade econômica; e acaba por influenciar o planejamento e as decisões de investimento das empresas para o ano seguinte”.
O economista também esclarece as possíveis interferências que a bolsa de valores e a Ibovespa podem sofrer com a alta movimentação econômica tanto no Natal e ano novo, devido ao consumo exagerado no comércio e ao turismo e às viagens:
“O comércio tem influência moderada sobre a bolsa brasileira. As principais empresas com ações negociadas em bolsas de valores são, principalmente, indústrias extrativas (petróleo e mineração) e instituições financeiras. Mas o comércio vem ganhando alguma importância nas bolsas, sobretudo pela disseminação do comércio eletrônico (vendas pela internet). Mas vale destacar que, indiretamente, o comércio, cujo desempenho é um termômetro da atividade econômica em geral, acaba refletindo o comportamento das ações negociadas em bolsa”.
“A economia brasileira está desacelerando. Dois fatores principais contribuem para essa desaceleração: o esfriamento da economia internacional, que ocorre em contexto de significativa elevação de taxas de juros nas principais economias mundiais (incluindo o Brasil); e a diluição dos efeitos expansionistas das desonerações tributárias que o governo anterior adotou no período pré-eleitoral. As desonerações tributárias ajudaram a sustentar a economia por um tempo, mas provocaram piora relevante na percepção de risco fiscal – e isso tem prejudicado o desempenho do Ibovespa”, esclarece o economista.
As desenoracoes tributárias ditas pelo economista refere-se a diluição dos impostos nos preços dos combustíveis, medida que o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomou no período pré- eleitoral. A medida foi prorrogada pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de acordo com matéria do InfoMoney.
Durante as festas de fim de ano, com a alta demanda de clientes, é necessário, consequentemente, uma alta demanda de funcionários, e isso influencia diretamente na economia e geração de empregos.
Em uma previsão feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o comércio brasileiro deveria abrir mais de 109 mil vagas temporárias durante o Natal de 2022, com o objetivo de arcar com o aumento das vendas durante essa data.
Luís Suzigan, também aborda a questão dos empregos na época de fim de ano no Brasil:
“No geral, a época de Natal e Ano Novo não tem geração expressiva de empregos. Ao contrário, é uma época em que sazonalmente são eliminadas vagas de trabalho que foram abertas temporariamente visando a produção de bens para atender ao maior consumo de final de ano”.
“Há, portanto, bastante redução de vagas na indústria. No comércio, as contratações temporárias se concentram em outubro e novembro; e costumam se encerrar logo após o período natalino. O setor de serviços, em especial de lazer e hospitalidade, ainda sustenta seus níveis de emprego em função do período de férias, em que viagens e entretenimento são atividades mais dinâmicas“, concluiu o economista.
Parabéns, Amadeus!