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Afinal, o que é o belo? Esse ainda é um dos dilemas da Filosofia, para o qual Platão (350a.C), já buscava respostas. Após muitas teorias e nenhum consenso, a respeito da sociedade contemporânea em que vivemos, o graduando em Filosofia Sérgio afirma que “o compromisso não é produzir beleza, o objetivo é atender o consumo”.
A nutricionista Sarah Nichele, especialista em Nutrição Comportamental, salienta que deve haver uma distinção clara entre um corpo saudável e um corpo esteticamente ideal: “a saúde é um contexto de bem-estar físico, social, emocional e econômico. Não é só o que eu vejo, é a percepção de cada um e depende de como se está. As redes sociais criam esse ideal de corpo que vende-se como algo saudável, e eu uso a palavra vende-se porque a ideia é essa, que você compre um produto de tal marca, ou aquele programa de treinos, ou aquela dieta para ficar do jeito que aquela influenciadora está e daí passam um, dois, três anos e a influenciadora vem à tona falar que aquele foi o pior ano da vida dela, que ela não saía de casa, que a vida dela era ficar dentro de uma academia e comendo, que ela não conseguia comer nada fora da dieta sem se sentir horrível e vende aquilo como se fosse sobre saúde, e nunca foi sobre saúde”.
Apesar disso, a nutricionista ressalta que as redes sociais são um dos fatores que predispõem uma relação ruim com a autoimagem: “essa relação é a partir de quando eu tenho sete anos de idade. Vou pegar uma segunda fatia de bolo e minha mãe me olha torto e fala ‘tu vai fazer isso mesmo, filha?’. É quando eu tenho doze anos de idade e aí tem cinco amiguinhas da minha escola e todas elas estão falando sobre ‘perder barriga’, porque desde criança isso já acontece com essas novas gerações. A relação que construímos com nossa autoimagem é muito antiga, depende de onde eu cresci, das minhas relações familiares, da minha predisposição genética, das redes sociais, da minha cultura. Não podemos resumir isso a apenas um fator, temos que olhar isso como uma mistura e uma mescla de vários fatores que vão ter um impacto maior em alguém que já tem predisposição a transtornos alimentares e distúrbios de imagem”.
Para a psicóloga Bruna Sales, é importante o questionamento de “Por que buscamos o padrão de beleza?” e explica “em tudo que consumimos, os veículos, nas mídias, nas propagandas, em remédios, nos é mostrado que nunca seremos o suficiente, nunca alcançaremos esse lugar, o lugar da beleza. O padrão de beleza muda, mas nunca deixa de existir. Ele vem acompanhado com o ideal de prestígio social, somos mais ouvidos e temos mais posições de privilégio na sociedade quando estamos dentro do padrão. Aliado a isso, você tem a facilidade de acesso a procedimentos estéticos, e as pessoas sequer se questionam o por quê ou consideram os riscos desses procedimentos.” Bruna cita um estudo que, desde 1975, associava dietas restritivas ao transtorno de ansiedade. Sendo assim, afirma que “o padrão de beleza é fundamentado na insegurança e na insuficiência, por isso, nunca estaremos satisfeitos”.
A autopercepção é um tema bastante recorrente no consultório da psicóloga Laura Azevedo: “meus pacientes geralmente se queixam sobre autoestima, eu sei que autoestima engloba várias coisas diferentes, e quando eu peço pra explicar melhor, é sempre algo relacionado a aparência. Isso tem muito a ver com não “se ver” no Instagram, por exemplo. E eu sei que isso vai continuar, sempre surge uma nova demanda, alguma famosa com um novo procedimento e as pessoas vão querer fazer”. A terapeuta também esclarece que existe diferença entre ter inseguranças específicas e buscar um padrão inatingível “algumas pessoas têm inseguranças muito específicas, por exemplo, sente que se fizer uma Rinoplastia vai melhorar; e aí a pessoa faz a cirurgia e fica satisfeita, ela queria só aquilo. Mas também tem outra situação que é uma obsessão, uma distorção de imagem; a pessoa realmente se vê diferente quando se olha no espelho, e nunca parece bom o bastante”.
A marca Dove produziu uma peça publicitária a respeito da autoimagem. Confira abaixo: