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O audiovisual está em tudo, faz parte da vida da humanidade. É cultura, entretenimento, lazer, e muito mais… Mas o que é o audiovisual?
O audiovisual é uma forma de comunicação que faz uma conjunção de elementos sonoros e visuais, ou seja, conteúdos que possam ser vistos e escutados ao mesmo tempo, como por exemplo, cinema, TV e vídeos para a internet, que são destaques de mídias audiovisuais.
Analisando o audiovisual em um contexto internacional, é perceptível a grande valorização que há. Já trazendo esse mesmo pensamento para o contexto nacional, pode-se perceber que não é apreciado como deveria ser. Um pouco mais regional, buscando essa questão centralizando no estado de Goiás, é inegável a falta de reconhecimento por parte de quem reside no estado.
No entanto, nos últimos anos a área do audiovisual vem tendo um considerável crescimento no estado de Goiás. Em 2006, com o surgimento do curso de “Audiovisual e Cinema” ofertado na Universidade Estadual de Goiás (UEG), surgiu a necessidade de organizar e mudar as demandas do mercado e preparar o estado para acolher esse curso e as formações futuras promovidas. Ainda que o curso seja recente, tem um papel fundamental na valorização dessa área no estado. Além disso, festivais presentes na cidade de Goiânia popularizam, tornam mais acessível e divulgam o audiovisual goiano.
Audiovisual na Universidade
Com o intuito de formar profissionais qualificados na área, a UEG vem contribuindo exponencialmente para o desenvolvimento do audiovisual goiano.
O curso conta com uma grade formada por 8 semestres, além disso, visa seguir as múltiplas atividades que compõem a profissionalização e o aprimoramento da produção audiovisual, seguindo as normas técnicas, éticas e críticas.
Apesar do grande papel que a universidade tem na construção da valorização do audiovisual, ainda falta muito para chegar no nível ideal. Para ter uma mostra de como os alunos enxergam o audiovisual goiano, através de um formulário, com perguntas relacionadas ao tema, foram coletados alguns dados. 20 estudantes participaram desta pesquisa.
Para entender um pouco mais sobre o sentimento dos alunos em relação à esse tema, a estudante de Audiovisual e Cinema, Catarina Lima fala sobre sua experiência e paixão pelo audiovisual:
Minha paixão mesmo é cinema, então eu lembro assim, já sou meio velha, né? Tenho 20 anos, mas eu lembro da época da locadora, ia lá e alugava os filmes. Então isso é uma coisa, assim, que fazia parte da minha vida, sabe? E eu sempre gostei muito de ir ao cinema também, então o cinema sempre foi mais do que uma forma apenas de entretenimento, tipo para passar no tempo, sempre foi também uma forma assim de preencher a minha vida.
Entrevistador: Como você observa o audiovisual goiano?
Catarina Lima: Eu acho que a gente tem tudo para querer ser cada vez mais, porque os Goianos são muito criativos e o Goiano tem uma veia artística muito boa, sabe?! O cinema Goiano é um cinema que tem muito para mostrar mas infelizmente as pessoas de maneira geral ainda valorizam mais aquele cinema que está presente no eixo Rio-são Paulo. Mas no cinema Goiano ele também passa por muitos festivais.
Entrevistador: Como estudante, o que você observa que falta para o audiovisual goiano ser valorizado? Falta de investimento? Falta de divulgação?
Catarina Lima: Então, eu acho que são várias coisas, eu acho que para começo eu acho que existe uma desvalorização vindo das próprias pessoas, é muito aquela ideia de que a grama do vizinho é sempre mais verde, sabe?! Então tem muita a ideia de que o sistema brasileiro não é tão bom assim como seria um norte-americano…
Só que eu acho que isso vem muito de uma questão histórica, é uma herança histórica que a gente tem da questão do imperialismo norte-americano de nós sempre nos sentirmos inferiores e às vezes a gente nem dá a chance de conhecer algo do nosso próprio país porque a gente tem a ideia de que lá fora é sempre melhor. Então eu acho que precisa de mais incentivo, mas eu comento a cultura mesmo. Isso pode ser por parte do governo, do investimento, e por parte também da sociedade, de incentivarem mais essa cultura das pessoas consumirem o cinema do próprio país
Festivais
Festivais são eventos que realizam fatores artísticos, culturais. A realização de eventos abertos ao público para mostrar produções audiovisuais tem extrema importância no processo de valorização de um produto ou uma área.
Em Goiânia, anualmente são realizados alguns festivais, com participação de produções nacionais, que visam incentivar a população goiana a consumirem mais produções feitas no estado e no país.
FICA (Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental) é um dos festivais de cinema ambiental mais importantes do mundo e esse ano realizará a sua 24° edição. Em parceria com a Universidade Estadual de Goiás, a Secult (Secretaria de Estado de Cultura) realiza esse evento anualmente, na intenção de promover a cultura e a valorização do audiovisual goiano. Aceitam diversas inscrições de produções, além da participação de estudantes para contribuir no evento.
Outro festival, realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, é o Goiânia Mostra Curtas. Um evento que pretende contribuir para a formação, capacitação e desenvolvimento do audiovisual no Centro-Oeste e no Brasil. O evento ocorre anualmente e aceita inscrições nacionais, sobretudo estaduais, buscando sempre a valorização da representação da regionalidade.
Atriz, roteirista e diretora. Karine Teles, homenageada na 21° edição do Goiânia Mostra Curtas, falou um pouco sobre a sensação de ter sido homenageada, importância de festivais e sua carreira:
Eu estou fazendo 30 anos de carreira, mas na minha carreira as coisas foram acontecendo aos poucos, né? Essa minha história no cinema, que a Goiânia Mostra Curtas acabou homenageando é uma história já um pouco mais recente, ela tem por volta de 10,12 anos. Eu fiquei muito lisonjeada.
Entrevistador: Como você se sentiu sendo homenageada pelo evento Goiânia Mostra Curtas?
Karine Teles: Eu fiquei muito lisonjeada. Fiquei muito feliz, achei até que era um certo exagero, falei gente: “mas será que eu mereço?” talvez não, talvez… mas aceitei e fiquei honrada principalmente porque estava incluído na homenagem uma amostra com os meus filmes e eu gosto muito de muitos curtas que eu fiz. Eu fiquei feliz que eles estavam sendo representados, que as pessoas iam poder assistir de novo. E isso era uma coisa importante para mim, porque curta-metragem assim, né? A gente geralmente só vê em festival. É raro: hoje em dia tão começando a ter plataformas em que você tenha curtas disponíveis, mas ainda é muito novo, ainda fica no circuito muito restrito a festivais, então toda oportunidade é válida.
Entrevistador: Você já participou e foi premiada de diversos festivais, como você enxerga a importância dos festivais?
Karine Teles: Eu acho que a coisa mais legal do festival é trazer gente de lugares diferentes, fazer com que as pessoas de lugares diferentes se encontrem, né? Festivais nacionais e internacionais tem essa característica de promover encontros e debates e eu acho que são oportunidades muito importantes para quem está envolvido.
São muito importantes porque são momentos em que pessoas de lugares, origens, histórias diferentes, se encontram. Assim, desses encontros muitas novas ideias surgem, né? A gente abre a cabeça, descobre novas coisas, novas possibilidades, entra em contato com outras estéticas e eu acho isso fundamental para evolução de qualquer obra. Por isso eu acho que os festivais tem que ser comentados, tem que acontecer e são importantíssimos.
Áreas do Audiovisual
O audiovisual é uma área extensa, diversas são as possibilidades de atuação nesse meio, como:
Direção: Responsável pela execução da obra. Aprova roteiro, define elenco e figurino e supervisiona a edição.
Produção: Lidar com o planejamento, tirar a obra do papel e transformar no visual, lidar com as técnicas e questões conceituais.
Profissional de Som: Equipe responsável pela captação dos sons, além de cuidar da edição de sons.
Roteirista: Criar o roteiro, responsável pela linguagem do produto.
Entre outras, também, no meio acadêmico. A Doutora em Meios e Processos Audiovisuais pela USP e professora do curso de Cinema e Audiovisual da UEG, Géorgia Cynara, falou sobre a sua perspectiva como profissional da área:
Meu interesse por audiovisual, ele passa a ser diretamente desenvolvida a partir da minha graduação em jornalismo na UFG no início dos anos 2000 e como as primeiras disciplinas de audiovisual vem com a Matriz semestral do curso de jornalismo ali no ano de 2004, foi a partir daí que de fato eu comecei a me voltar para o audiovisual. Inclusive participando de oficinas de audiovisual oficina de produção cinematográfica que aconteceu na cidade dentro de festivais.
Entrevistador: Como você tem observado o audiovisual goiano?
Géorgia Cynara: Eu vejo audiovisual goiano com muito otimismo, porque desde o início dos anos 2000 eu percebo o seu crescimento, desenvolvimento, amadurecimento tanto em termos de linguagem, amadurecimento das obras quanto e sobretudo em termos de Recursos Humanos, né? Então desde 2006 o curso cinema audiovisual, por exemplo, da UEG existe e desde então a gente vai percebendo a profissionalização dos sets de filmagem. A relação com os profissionais veteranos que vieram antes do curso, já estavam aqui produzindo muito antes de vir o curso cinema e o visual da UEG. A gente percebe por exemplo, desde mais ou menos, no início da década de 10 um reaquecimento da produção de longas-metragens em Goiás, o reaquecimento que só foi desacelerado por conta do governo federal anterior, mas que já mostra sinais de reaquecimento também, né? Tendo aí os editais públicos de fomento a produção como um grande impulsionador.
Entrevistador: Você acha que há uma desvalorização do audiovisual goiano?
Géorgia Cynara: Eu não acredito que haja exatamente uma desvalorização do audiovisual goiano, porque isso implicaria em as pessoas conhecerem o audiovisual Goiano e não darem o devido valor. O que eu acho é que há um desconhecimento da população, ou pelo menos da maior parte da população em geral, não ligada direto ou indiretamente ao audiovisual em relação à produção Goiânia, produção regional.
De acordo com a doutora e professora, para melhorar o contexto do audiovisual goiano seria importante ter uma continuidade de politicas publicas para a produção e distribuição desse audiovisual produzido em Goiânia. E que as mídias tradicionais poderiam colocar em suas grades de programação mais produtos audiovisuais não jornalísticos, para que houvesse um contato mais massivo do público nessas produções.
Muitas são as áreas de atuação, entretanto a concorrência é muito grande. É importante valorizar o audiovisual regional, compartilhar dessa cultura e regionalidade.
Saiba mais:
Audiovisual e Cinema UEG: <https://ueg.br/laranjeiras/conteudo/10963_graduacao>
Festival Goiânia Mostra Curtas: <https://www.goianiamostracurtas.com.br>
Festival FICA <http://www.ficafestival2022.com.br>
Excelente entrevista! Interessante pesquisa, parabéns