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A principal causa da morte súbita, especialmente em homens adultos acima dos 50 e mulheres acima dos 60 anos, é o infarto. Normalmente, o acarretamento não parte de um adoecimento progressivo, mas de fatores genéticos, como incidência de casos familiares e/ou fatores que predispõem para arritmia maligna, tais como hipertensão, colesterol alto, diabetes e tabagismo. No caso dos jovens, embora seja comum a incidência de infarto, existem outras causas, como a cardiomiopatia hipertrófica, por exemplo, onde músculo do coração fica hipertrofiado e pode levar à morte.
Para o médico cardiologista Israel Guilharde, formado pela Universidade Federal de Goiás, o tratamento pré-hospitalar é crucial, visto que a cada 1 minuto a chance de um indivíduo se recuperar de uma morte súbita cai em 10%. Ele ressalta a importância da população saber identificar esse tipo de ocorrência:
“Se quem estiver por perto tiver noção de reanimação, orienta-se que se faça a checagem de pulsação de grandes artérias. Classicamente, utilizamos a artéria carótida (que fica na região lateral do pescoço). Quando não há pulso detectável, diagnostica-se a parada cardiorrespiratória e podemos iniciar as manobras de ressuscitação (massagem cardíaca), além de fazer contato imediato com o serviço de urgência (SAMU)”.
O cardiologista cita que os sintomas da morte súbita são semelhantes aos de outros problemas de saúde, por exemplo, tontura, vertigem, perda de equilíbrio, náuseas e visão embaçada.
“Interessante notar que muitos casos iniciam-se com sinais que lembram uma convulsão, causada pela súbita interrupção de circulação de sangue no cérebro. Além da massagem cardíaca bem feita, é também importantíssimo que se tenha disponível em locais de grandes aglomerações o aparelho chamado de Desfibrilador Externo Automático (DEA). Este aparelho identifica automaticamente arritmias malignas e efetua uma descarga elétrica quando apropriado. Quanto à respiração, apesar de termos a imagem do ‘boca a boca’ como parte do processo, ela é secundária e pode ser dispensada no ambiente extra hospitalar quando o atendimento é feito por uma equipe de não médicos”.
Já no pronto-socorro, é fundamental que o paciente seja levado com a circulação de sangue já restabelecida e com as manobras de reanimação devidamente realizadas pela equipe de resgate, para assim, ser transferido à unidade de terapia intensiva (UTI) e esteja pronto para receber o tratamento necessário, além de fazer o monitoramento de agravos.
“Durante a internação faremos rastreio das possíveis causas da parada cardíaca para prevenção de novos eventos. Dentre os exames, frequentemente lançamos mão do cateterismo – inserção de um cateter que avalia a existência de obstrução de artérias no coração (que leva ao infarto)”.
Ainda segundo a SOBRAC, 86% das paradas cardíacas ocorrem nos próprios lares das vítimas, sendo que metade desse número são casos assistidos por menores de idade, sem nenhum adulto por perto. Já os outros 14% ocorrem em lugares públicos, como aeroportos, shoppings, academias, parques e estádios esportivos.
Guilharde lembra que, apesar de algumas condições apresentarem alertas, existem casos em que o primeiro sintoma é a morte súbita, como o do jogador de futebol dinamarquês Christian Eriksen, que teve uma morte súbita abortada durante um jogo pela Eurocopa, em 2021.
Eriksen sofreu uma parada cardíaca e precisou ser ressuscitado por mais de 15 minutos em campo. As imagens chocaram toda a torcida presente e os telespectadores que acompanhavam o jogo Dinamarca x Finlândia, no estádio Parken, em Copenhague. O que chamou a atenção foi o fato de Christian ser um jogador profissional, que certamente passava periodicamente por exames cardiológicos e mesmo assim, estes não foram capazes de detectar nenhuma doença que justificasse o ocorrido.
AGRAVOS RELACIONADOS À COVID-19
Muito além da contaminação, as consequências deixadas pelo coronavírus podem afetar a saúde de imediato e no decorrer dos anos, principalmente pela piora de problemas já existentes antes da pandemia. Por ser uma doença com tendência para a hipercoagulabilidade – formação de coágulos sanguíneos, a COVID, principalmente quando se tem uma situação agravada, aumenta o risco de desenvolvimento de condições cardiovasculares que podem culminar em morte súbita, incluindo o infarto fulminante e a miocardite (inflamação das células do coração causada pelo vírus).
“De fato, algumas vacinas estão associadas com um discreto aumento do risco de miocardite, mas em proporção muito menor do que a própria doença. Além disso, os casos registrados que tiveram relação com a vacina foram todos leves e não levaram à morte”.
O cardiologista ainda destaca que, mesmo com a disseminação de informações que levantam dúvidas da população, a vacinação é uma forma de prevenção tanto contra as cepas do coronavírus quanto às chances de morte súbita pela COVID-19. Visto que, de acordo com uma pesquisa de realizada pela Universidade Federal de Londrina, em 2022, a vacinação reduziu óbitos em todas as faixas etárias, enquanto os não vacinados representam 75% das mortes pela doença.
CASOS
Em entrevista ao Lab Notícias, Márcio José Firmino de Oliveira, técnico em enfermagem e radiologia, relata o caso de um paciente que teve um mal súbito quando recebia atendimento em um hospital onde ele trabalhava, em Goiânia: “O homem deu entrada, aparentemente, sem gravidade, com um quadro de pressão alta, relatava dor torácica e um incômodo nas costas. Logo foi estabilizado, a pressão foi controlada e a dor passou. Como já estava medicado e aguardava o resultado de exames, pediu permissão à enfermeira para ir para o lado de fora do pronto-socorro e ela autorizou, só que no caminho até a porta, ele caiu. Tudo aconteceu muito rápido e de forma inesperada, suspeitamos até que pudesse ser o calor, já que estava muito quente naquele dia. A equipe toda se assustou, afinal, ele havia apresentado melhoras. Apesar do atendimento rápido, infelizmente, ele veio a óbito. A parte complicada é ter que avisar a família sobre a fatalidade logo após avisar que o paciente estava normalizado”.
Em 2019, o caso de Tales Cotta chamou a atenção da mídia. O modelo teve um mal súbito durante um desfile da grife Också, na 47ª edição da São Paulo Fashion Week (SPFW). Após se desequilibrar e cair na passarela, o público presente pensou que se tratava de uma performance programada, o que atrasou em 3 minutos o resgate de Tales – que foi levado inconsciente para o hospital – diminuindo suas chances de sobreviver. Cotta tinha hábitos saudáveis, praticava atividades físicas, além de ter apenas 25 anos. De acordo com o laudo necroscópico divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML), o uso de álcool e drogas foi descartado e a causa da morte do jovem foi declarada como um edema pulmonar agudo, em decorrência de uma cardiopatia não detectada.
PREVENÇÃO
Como forma de prevenção, é fundamental a realização de avaliações periódicas com um médico cardiologista, além da adoção de hábitos saudáveis e o abandono do consumo de tabaco, reforça o Guilharde. Segundo o Conselho de Educação Física (CONFEF), a prática de exercícios físicos regulares, alinhada à uma alimentação balanceada, são importantíssimas para evitar a ocorrência de um mal súbito.
Tálita Angélica da Silva, professora de educação física e personal trainer, esclarece que uma avaliação médica e física são essenciais para identificar os limites de cada indivíduo: “Antes de iniciar em uma academia, é muito importante que a pessoa entenda até onde o seu corpo vai. A prática de atividades físicas é sinônimo de qualidade de vida, é a busca pela saúde, mas nós temos que entender que cada organismo é diferente de outro. Os casos de overtraining têm sido muito comuns, onde ocorre o sobretreino, a forma excessiva e prolongada. É importante estar em alerta”.