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No seu artigo sobre os desafios oferecidos pelas redes sociais para a imagem corporal, Thayane Andriani discorre sobre os padrões de beleza e a maneira como a mídia tem se comunicado e mostrado como deve ser o corpo ideal de homens e mulheres. Em união com colegas de profissão, ela explica a influência sofrida na construção da imagem corporal.
No texto, destaca-se “a importância de mais estudos sobre o tema, devido uma escassez de produções sobre o assunto. Observa-se que houveram algumas modificações nos discursos e propagandas reproduzidas pela mídia e que existe a necessidade de um olhar mais crítico do psicólogo em como a mídia influencia na imagem corporal”.
LN: O que te incentivou a escrever sobre os impactos da mídia na imagem corporal?
Dra. Thayane Andriani: Durante a minha graduação, eu acabei conhecendo pessoas que realizaram cirurgias bariátricas, e isso era uma consequência da autoimagem delas. Foi percebendo que, mesmo após as cirurgias, essa percepção não modificava (algumas meninas faziam e continuavam a achar que estavam acima do peso, mesmo não estando mais), eu comecei a observar com mais atenção isso. Aí eu fiz esse artigo com algumas colegas e elas tinham interesse em trabalhar a questão da autoestima, só que com foco nas mídias sociais, então juntamos as nossas curiosidades (a minha parte focando na autoimagem com as cirurgias e as das minhas companheiras voltadas para as redes sociais em questão da autoestima). Juntando as duas ideias, obtivemos o artigo “Os impactos da mídia na imagem corporal”.
LN: Tem alguma rede social que você considera mais maligna que as outras? Por quê?
Dra. Thayane Andriani: Eu não acho que exista uma rede específica que é mais maligna que as outras, porque cada uma tem sua particularidade. Por exemplo, o Instagram tem os filtros, que afinam nariz, modificam o rosto, clareiam e escurecem a pele, por enquanto que também temos o Twiter, onde as pessoas falam o que querem. É de momento. Hoje, as redes mais utilizadas são o Instagram e o Twitter (em questão de exposição), mas depende muito da sociedade e da cultura. Além de que, cada uma age de uma maneira, seja verbalizando, explicita ou implicitamente, ou não.
LN: Na sua opinião, como a mídia consegue ter tanto controle sobre como as pessoas se enxergam?
Dra. Thayane Andriani: Eu sou psicóloga e tenho um viés na parte cognitiva e comportamental, então eu entendo que as pessoas constroem a autoimagem delas, como também a imagem das outras pessoas, desde criança. Elas vão construindo até a fase adulta. E não é que a mídia tenha controle, mas é que a sociedade já tem dentro dela uma autopercepção e a mídia só reforça mais ainda esses estereótipos. Então, no momento que as pessoas, por maldade, julgam as outras, apontam os defeitos estéticos, não é a mídia que origina isso, e sim os indivíduos que já se enxergam de determinada maneira e as redes reforçaram tal característica.
LN: Sabendo que existem influenciadores nas redes sociais que promovem hábitos de vida saudáveis e outros que compartilham seus corpos apenas com a intenção de se objetificar, qual conselho que você dá para quem está exposto aos dois tipos de conteúdo?
Dra. Thayane Andriani: Em relação aos influenciadores, mesmo que um pareça ser positivo e outro negativo, os dois podem dar um prejuízo para quem está vendo. Aquele que usa o corpo para se objetificar, já está explícito que não é um caminho muito bom para se seguir, mas o que me preocupa é quem prejudica de maneira implícita. Aquele que promove hábitos de vida saudáveis acaba levando um padrão para as pessoas que, às vezes, a realidade delas não permite alcançar. Um indivíduo que tem uma rotina muito estressante não consegue inserir hábitos saudáveis com facilidade, porém ela pode ter algumas atitudes mínimas saudáveis, só que não o “ideal”. Aí essa pessoa, que consegue minimamente, vê quem tem o padrão perfeito e fica se comparando. Isso pode levar a frustração. Nós temos que tomar muito cuidado ao que nos expomos, pois por mais que pareça um conteúdo inofensivo, quem consome acaba querendo se enquadrar no que vê.
LN: Por que os jovens são o grupo mais afetado por essa questão?
Dra. Thayane Andriani: Hoje, não dá para falar que os jovens são o grupo mais afetado, pois o público infantil já está sofrendo com as consequências desses problemas. E, atualmente, trabalhando com essa faixa etária, eu vejo que eles já estão sensibilizados por causa do acesso às redes sociais cedo. Isso tem muito haver com a questão do desenvolvimento, com o querer se enquadrar em grupos. Futuramente, quem vai ser o grupo mais afetado vão ser as crianças, e isso é causado pelo acesso prematura à mídia.
LN: Então qual a melhor resposta para a distorção de imagem que eles sofrem?
Dra. Thayane Andriani: Essa distorção vai acontecer independentemente das redes sociais, dito isso, é preciso trabalhar com eles. Uma sugestão minha, que estou voltada para a área da saúde mental, é a terapia, que pode ajudá-los a entender e a lidar com isso da melhor maneira. Atualmente, eu não consigo enxergar outra solução que seja uma melhor saída.
LN: Quais são os maiores impactos da mídia na imagem corporal no geral?E qual a resposta para esses problemas?
Dra. Thayane Andriani: A maior consequência é quando a pessoa se submete a procedimentos estéticos agressivos por conta dessa distorção. E esses procedimentos podem não mudar em nada. Quem se submete a isso, pode continuar a não se ver como gostaria. A resposta para isso é trabalhar essa autopercepção e a autoaceitação, para que evitem tomar atitudes que se arrependam depois.
LN: Você acha que é possível que a própria mídia seja mais responsável com o conteúdo que produz?
Dra. Thayane Andriani: Eu não acho que seja possível que a mídia seja responsável, porque ela é um meio de comunicação. E quem está por trás desse meio de comunicação são as pessoas. Se quiséssemos que a mídia fosse mais responsável, teríamos que trabalhar com quem movimenta elas.
LN: Você acha que, em algum momento, também mudou a forma de ver seu próprio corpo por causa das redes sociais?
Dra. Thayane Andriani: Já mudei várias vezes a forma que vejo meu corpo e, por se tratar de algo cultural, é interessante que, aos meus 26 anos, já existiram diferentes autopercepções. Em alguns momentos, eu me encontrava de uma maneira, e em outros, de outra. O que eu achava que era feio e ruim, hoje em dia é o que é valorizado. As mudanças acontecem o tempo todo.