‘A gente sofre preconceito quando é mais jovem’: Lucilio Macedo comenta sobre o início na carreira de jornalista

Apresentador e repórter do Jornal do Meio Dia, Lucilio Macedo comenta suas experiências e vivências no jornalismo.
Tempo de leitura: 7 min

Foto: Instagram Lucilio Macedo

A escolha do Jornalismo

O jornalista Lucilio Macedo concedeu ao LabNoticias uma entrevista, onde ele comenta sobre como foi a sua escolha na profissão do jornalista, como é feita a produção do Jornal do Meio Dia, como é ser repórter e apresentador  e suas experiências com as pautas destinadas à ele.

LN: Por que você decidiu exercer jornalismo?

Lucilio: Eu sempre fui um questionador das realidades desde cedo. Eu questionava porque determinadas pessoas têm acesso a determinadas coisas na educação, na infraestrutura, na parte social de uma maneira geral e outras não. Por que a sociedade entendia que determinadas pessoas mereciam o mérito se outras que faziam trabalho pesado. 

Essas e outras questões me traziam uma certa revolta e crescendo no meio do jornalismo com jornalistas. A partir do momento que eu comecei minha vida profissional como na área da publicidade fui tendo contato direto com alguns jornalistas também, e vi que eu poderia contribuir de alguma forma e com o meu perfil, eu acho que eu decidi exercer a função de jornalista a partir do momento que o jornalismo me aceitou.

LN: Como foi o começo da profissão para você?

Lucilio: Foi muito difícil, foi muito difícil porque é difícil você estar em um lugar em que o talento é bem recebido. Ou é difícil você estar no lugar onde quem tem talento quer segurar a mão de quem precisa imergir na profissão. 

Ou por medo dessa pessoa tomar o espaço, ou por incompetência profissional mesmo, porque quem não ajuda, quem está chegando deve sofrer de algum tipo de problema no mínimo de autoestima.

A gente sofre preconceito quando é mais jovem também porque é taxado de desqualificado, despreparado, de verde, de foca e outras comparações ridículas.

Eu tive problema no início, nunca tive esse tipo de problema na TV Serra Dourada porque eu entrei na TV Serra Dourada pela, porta da frente, mas uma porta da frente cobiçada porque eu fui cortejado a entrar na TV Goiânia Band que quando eu comecei, também foi cortejado a entrar só que no meio do processo eu saí de um departamento de entretenimento que era de produção para o jornalismo e, lá, algumas subcelebridades não gostavam da chegada de um jovem promissor que tinha um certo talento que estava ávido por conhecer a profissão e ávido por um espaço ávido por produzir novas coisas isso causou um pouco de espanto, assustou determinadas pessoas.

 Volto aqui a dizer, de uma minoria, mas de uma minoria que exercia naquele instante cargo de liderança.

Dificuldades enfrentadas como jornalista

LN: Qual a maior dificuldade que você já teve que encarar, tanto no meio profissional quanto pessoal?

Lucilio: Olha, no meio profissional sem falar dessa coisa, saindo um pouco dessa coisa do início da profissão eu penso que é o desafio diário é o desafio da das entrevistas ao vivo. Porque quando as crises acontecem e você tem que ter profissionalismo e conhecimento do que você vai falar.

Por exemplo, a gente sofre aqui em Goiás e a gente sofre ainda, é um problema crônico e não só em Goiás, mas no Brasil que é na segurança pública quando o assunto é sistema penitenciário. 

O sistema penitenciário brasileiro está defasado, ele é corrompido e ele infelizmente não reeduca ninguém. Entra ladrão e sai com uma com o custo de especialização em ladrão e outras coisas.  Ele entra ladrão e sai pós-graduado no artigo cinco sete. 

Ele ganha graduações de tão incompetente que é o nosso sistema penitenciário e quando você trata desse assunto nós tratamos várias vezes ao vivo e eu não vou citar nome de entrevistados, nós tinhamos que ter uma certa coragem além de competência, porque você iria lidar com líderes diretos a Secretaria de Segurança Pública que tinha aquela marra de serem duros, e eram e que não iriam reconhecer a incompetência naquela determinada área do sistema prisional que nós estávamos ali denunciando.

Existia naquele ano e outros estão falando de coisas que estão falando de uma realidade agora de mais de dez anos. 

E essa situação que aconteceu comigo, tem mais de dez anos em que esse diretor não reconheceu através da nossa reportagem que foi uma denúncia que estava existindo lá no sistema penitenciário um esquema onde passavam armas, drogas e celulares e tinha tudo, tinha um custo, tudo tinha um preço.

E se passava é porque o sistema estava corrompido e isso tudo foi abordado ao vivo, isso causou um incômodo muito profundo e que eu tive que ter ali naquele momento pulso forte e coragem para defender o lado da denúncia que era o lado da verdade.

Isso custa você de alguma forma se arriscar no incerto para defender o que você pensa que é certo.

Foto: Instagram Lucilio Macedo

Rotina no Jornal do Meio Dia

LN: Qual a sua rotina como apresentador e repórter do jornal do  meio dia?

Lucilio: A minha rotina é, nós começamos o próximo jornal do meio-dia assim que o Jornal do Meio Dia presente acaba. Eu chego fisicamente na TV às sete e meia da manhã, e lá eu já chego com jornais que eu já li durante o dia. Então eu já chego lá com todas essas informações.

É claro que nós procuramos alguns veículos, o rádio também nos auxilia de manhã porque a Rádio Goiana pela manhã é um laboratório fantástico de informações e notícias, nós temos radialistas que são muito profissionais e tratam a notícia com a devida checagem e a devida correção isso já dá uma esquenta para nós e às vezes eles tão repercutindo que nós já checamos nas últimas vinte e quatro horas. 

Infelizmente as tragédias acontecem e nós de alguma forma vamos checando e colocando tudo em ordem.

Sete-e-meia eu chego já com todos os jornais lidos e eu pego a minha pauta, vou para rua, cumpro minha pauta, chego na TV em média entre nove e meia e dez da manhã e ali eu já vou me debruçar no espelho do jornal, já tenho ali o que vai ser o Jornal do Meio Dia parcialmente pelo menos e eu vou me debruçar em cada questão, em cada reportagem, em cada ao vivo em cada pedido do telespectador, nós temos um canal através do WhatsApp que nós checamos as demandas, e demanda na saúde, na infraestrutura a gente tá falando de asfalto, de rede pluvial, de posto de saúde que não está de acordo com o que a população precisa, falta de medicação, posto de saúde que está com infiltração, falta de vagas em UTIs e problema de segurança pública.

Enfim, diversos tipos de pedidos dos nossos telespectadores. Feito isso com todas essas informações nós vamos estudar detalhadamente o que vai ser o jornal, mas no meio do caminho você pode mudar. Porque, as notícias acontecem ao vivo também vão de acordo com o que vai acontecendo. Mas, basicamente existe um planejamento que ele é fruto de uma organização que perdura durante vinte e quatro horas.

Realização profissional

LN: Qual a sua maior realização profissional?

Lucilio: A minha maior realização profissional é ver realidades transformadas. É saber que você está colaborando de uma maneira imparcial e verdadeira para informar as pessoas do que elas precisam saber no dia a dia. Perdão, que você também está colaborando para mudar a realidade.

Quando você denuncia algo que não está sendo feito porque aquela população pediu e o poder público não atendeu você faz aquela abordagem no estilo denúncia sempre colocando a fala daquele cidadão. E a autoridade de alguma forma acorda e vai lá fazer, ou por uma questão política, ou por uma questão de consciência administrativa, você mudar aquela realidade.

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