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Os Plantadores de Água são uma Organização Não Governamental (ONG) que surgiu em 2019 a partir de do encontro de Meirinalva, Eliamara e Ernesto antes de uma gincana que promovia o plantio de mudas em um terreno preparado pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) e que atua desde então na Região Metropolitana de Goiânia e nas cidades do interior de Goiás, com o apoio do Ministério Público para a compra de algumas ferramentas e com o patrocínio de empresas privadas.
Segundo Meirinalva Maria Pinto, o grupo procura remover os lixos descartados e reflorestar áreas próximas às nascentes de rios ameaçados pela poluição e pelo desmatamento promovido pela população. A presidente cita inclusive o desafio em dialogar com os moradores da região: “Teve um senhor que estava jogando lixo e nós pedimos para que não fizesse isso, mas fomos embora com medo, porque recentemente ameaçaram bater em um agente da AMMA“.
No início, os integrantes da ONG afirmam que as dificuldades financeiras afetaram o desenvolvimento do projeto e que foi necessário criar “vaquinhas” para adquirirem os materiais necessários, mas que a visibilidade recebida recentemente na grande mídia fez com que as ações ganhassem mais notoriedade e voluntários dispostos a ajudar. Atualmente, a organização conta com cerca de 200 indivíduos engajados em cuidar do meio ambiente.
Por que “Plantadores de Água”?
Através de Meirinalva, o nome foi sugerido dentre diversas opções e o grupo acolheu sem empecilhos. De acordo com Karla Maria Silva de Faria, docente, doutora em Geografia e pesquisadora da área de impactos ambientais em paisagens do Cerrado, a recuperação do bioma interfere no ciclo da água na natureza.
Quando existe vegetação ou quando ela novamente é inserida no ambiente, voltamos a permitir, primeiro, a proteção do solo. Além disso, as raízes auxiliam na infiltração da água e na recarga do lençol freático, no ritmo do equilíbrio que a natureza determina.
Karla Faria, doutora em Geografia e pesquisadora
Os lençóis freáticos são formações de água localizadas nos meios subterrâneos e, segundo a professora, com o desmatamento há uma compactação da terra que impede a água de infiltrar no solo e percorrer seu caminho até a nascente ou o leito do rio. Sendo assim, a ONG escolheu seu nome porque quando se planta uma pequena muda, o terreno se torna mais permeável e auxilia na qualidade e no volume dos rios locais.
Voluntários e parceiros
O Nilson é morador de Goiânia, aposentado, voluntário há mais de 1 ano e explica que no Residencial Veredas dos Buritis existem pés como os de cagaita, pequi e até mesmo pau-brasil, dentre as mais de 3.000 mudas plantadas na área. Ele ajuda limpando o que é necessário, cortando as árvores e plantando também.
O voluntário, com seus colegas, relata: “para a gente, isso aqui é como uma terapia”.
Nilde é pedagoga e também conheceu a iniciativa através do Instagram. Já engajada com causas ambientais, a professora encontrou a oportunidade de ajudar de maneira mais ativa na preservação e na recuperação do meio ambiente. Ela declara que convidou recentemente o filho Filipi de 20 anos e para ele, participar das ações vai além de ajudar o Cerrado: ele, de fato, se desestressa.
Ludmilla Coelho faz parte da empresa Jacó Coelho Advogados e participa das ações como representante do escritório parceiro. A advogada conta que tem o desejo de ir mais vezes aos encontros e que já está providenciando outras iniciativas junto aos colegas, pois a questão socioambiental deve ser uma preocupação de todos os cidadãos.
A importância em cuidar do ciclo da água
Entre os dias 22 e 24 de março de 2023 a cidade de Nova Iork receberá a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a água. Com muitos objetivos atrasados da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, instituições do mundo todo se encontrarão para tomar medidas cabíveis para a preservação e recuperação do ciclo da água, prejudicado pela poluição e pelo desmatamento.
A docente Karla Maria Silva de Faria acredita que as universidades deveriam estar mais engajadas no atendimento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na realização de oficinas junto à comunidade acadêmica e no estabelecimento de planejamentos que atendam as metas locais. Segundo a professora, há muitos projetos que estão sendo realizados, mas para os quais falta uma maior divulgação por parte das direções.
Às vezes as ações ficam muito vinculadas às datas ambientais, mas poderiam ser contínuas.
Karla Faria, doutora em Geografia e pesquisadora
Com Meirinalva, Eliamara, Ernesto, Nilde, Nilson, Idair, João Paulo, Ludmilla, Cynara e tantos outros colegas, a sociedade aprende todos os dias que grandes eventos são importantes, mas que não há progresso se não começarmos a agir em nossos bairros, cidades e estados. O trabalho dos Plantadores de Água beneficia não só o meio ambiente, como também melhora a qualidade de vida dos envolvidos e daqueles que estão próximos com uma água mais potável, abundante e acessível.
Como contribuir
A especialista Karla Faria comenta que “cada nascente apresenta uma necessidade”. Assim, a inserção de espécies de plantas inadequadas pode não apresentar boas chances de desenvolvimento. Diante disto, o ideal é pesquisar o que é nativo do bioma para poder contribuir com as plantações.
Os Plantadores de Água estão presentes nas redes sociais e em grupos de aplicativos de mensagens. Caso você queira se voluntariar ou doar mudas e sementes, basta entrar em contato e combinar a entrega.
Além dos plantios, os organizadores participam de palestras em escolas e empresas, fazem ecotrilhas e outros eventos para atrair ajudantes.
O próximo encontro, no fim do mês de fevereiro, acontecerá no setor Três Marias e é aberto para toda a população.
Parabéns ao trabalho desenvolvido pelos Plantadores de Água.
Parabéns pela reportagem!!!
Parabéns aos voluntários!!!
Parabéns ao trabalho elaborado pelos Plantadores de Água !!!