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Sendo o quarto maior do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão – e o primeiro da América Latina – o mercado brasileiro da estética movimenta bilhões todos os anos na economia. A realização de procedimentos faciais, corporais e capilares passou do status de “necessidade” e entrou como questão de saúde, bem-estar e autoestima. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria, Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), somente nos últimos 5 anos (2018-2022), o crescimento desse ramo se deu em torno de 560% em relação aos anos anteriores – e isso implicou no número de profissionais da área, que subiu de 72 para 480 mil, no mesmo período. Além disso, segundo dados de uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), já são realizados cerca de 1,5 milhão de procedimentos estéticos por ano, que geram em torno de 48 bilhões de reais para o setor financeiro do país.
A última edição do Índice FinanZero de Empréstimos (IFE), relatório de demanda dos pedidos de crédito da internet, mostra que a solicitação de empréstimos para fins estéticos atingiram o maior pico dos últimos 12 meses, com aumento de 97% nas solicitações durante o período. Essa grande procura pode ser explicada na tradição de culto à beleza, que perpassa gerações no Brasil, além da facilidade de acesso às redes sociais e aos padrões de beleza cobrados nelas, que atingem todas as idades, gêneros e classes sociais, mas principalmente as mulheres, que são cerca de 70% no número de presença em clínicas de estética.
Em entrevista ao Lab Notícias, Déborah Loures, esteticista e cosmetóloga especialista em tratamentos faciais e design de sobrancelhas, comenta sobre a presença majoritária de mulheres em sua clínica, na cidade de Trindade/GO, e destaca o crescimento no número de homens que a procuram para darem um “up” no visual.
“Hoje o público que mais me procura é o público feminino, de faixa etária entre 18 a 55 anos e, embora seja menor, está crescendo cada vez mais o meu público masculino, de faixa etária que vai dos 25 aos 35 anos de idade”.
PROCEDIMENTOS
Conforme a mesma pesquisa da SBCP, dentre os mais procurados pela população estão as soluções que prometem reduzir medidas sem intervenção cirúrgica, tratamentos cutâneos, remoção de pelos, técnicas de rejuvenescimento e preenchedores contra a flacidez. No Brasil, quem encabeça o topo da lista é a aplicação de toxina botulínica, o botox. O procedimento consiste em uma inserção no músculo que bloqueia os receptores de acetilcolina – um neurotransmissor que faz a comunicação entre músculos e o sistema nervoso – deixando o local paralisado. Com o relaxamento muscular, as rugas e vincos da pele ficam menos visíveis. Porém, o efeito é temporário e o retoque do produto deve ocorrer em torno de 5 a 6 meses após a primeira aplicação.
Anualmente, a SBCP afirma que são realizados cerca de 400 mil aplicações de toxina botulínica no país, com valores que vão de R$ 700 podendo chegar até R$ 1.800. Na sequência, estão os preenchedores dérmicos (de ácido hialurônico, em sua maioria); em terceiro, a depilação a laser; em seguida, combate às estrias e celulites; os peelings (descamação da pele com a finalidade de diminuição de manchas e renovação celular) e por último, o tratamento de gordura localizada (que tem o emagrecimento como objetivo).
Déborah ainda comenta que os procedimentos mais realizados por ela são limpeza de pele com técnicas adequadas para cada tipo cutâneo e tratamentos faciais para controle de acne e hipercromias (manchas), reforçando o que mostra a pesquisa. Além disso, a esteticista também oferece serviços de embelezamento, como design de sobrancelhas e maquiagem, e diz que o seu diferencial é atuar com tecnologia cosmética e aparelhos cientificamente testados:
“Dentro da parte cosmética, temos a nanotecnologia (onde produtos são formulados com ativos nanoencapsulados, trazendo resultados satisfatórios aos tratamentos). Na parte de aparelhos, prefiro trabalhar com empresas que usam tecnologia de ponta dentro da indústria estética e sejam certificados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para garantir segurança e qualidade aos pacientes”.
PROFISSIONALISMO
Para atuar nesse mercado é necessário que se tenha formação adequada. A Sociedade Brasileira de Estética e Cosmética prevê que para adquirir o título de esteticista e cosmetólogo, o profissional precisa ter o diploma de ensino superior de grau tecnólogo ou bacharel. Para o título de técnico, precisa-se ter concluído o curso técnico em estética. O esteticista é apto a realizar procedimentos faciais, corporais, capilares, paliativos e integrativos, sejam eles por meio de recursos eletroterápicos e/ou cosmetológicos, por meio de tratamentos não invasivos e injetáveis. O profissional não pode trabalhar de maneira invasiva que leve à perfuração de órgãos internos, sendo estes exclusivos de prática médica.
Na perspectiva de Loures, o maior desafio enfrentado na área são outros profissionais descompromissados com integridade e honestidade. O oferecimento de serviços duvidosos e de receitas “milagrosas”, sem evidência científica, compromete a atuação séria e a ética da profissão, além de implicar na credibilidade junto ao cliente. Segundo ela, é preciso passar confiança ao paciente desde o primeiro atendimento até na experiência comprovada ao realizar esses procedimentos.
“É importante ter uma esteticista confiável, que além de ter um espaço adequado, higiênico e confortável, possa te proporcionar bem-estar, ciência em métodos e técnicas e, acima de tudo, ser autoridade no assunto e em sua área de atuação. O corpo físico da clínica é importante mas ter formação adequada e passar confiança ao paciente é imprescindível para uma carreira de sucesso”.
Lacy Gregório, enfermeira especialista em estética avançada com MSE (Método Super Eficiente – um conceito de tratamento que utiliza de terapias manuais que atuam inicialmente no sistema linfático superficial e profundo do tecido muscular), contou ao Lab Notícias que há uma infinidade de produtos destinados à área da beleza e que o mercado está em constante evolução dia após dia, isso faz com que o atuante mantenha um estudo aprofundado de técnicas.
“Todo profissional desse ramo precisa acompanhar as últimas tecnologias lançadas e se manter atualizado, já que toda semana temos um leque de produtos e procedimentos para todas as partes do corpo. Eu preciso entender o que minhas clientes precisam e oferecer o que há de melhor para cada uma delas, separadamente. Por exemplo, se recebo uma paciente que reclama de flacidez de grau leve, posso indicar corrente russa (que é o fortalecimento do músculo – 10 minutos desse procedimento equivale a 400 abdominais); se o caso é de flacidez severa, várias sessões de corrente não serão tão eficazes quanto uma aplicação de um bioestimulador de colágeno (substâncias injetadas na pele que promovem a produção natural dessas proteínas). O que serve como solução para uma pode não servir para outra. Meu trabalho é ligado diretamente à autoestima, por isso, a questão financeira não pode estar à frente da geração de bons resultados”.
CUIDADO
A palavra “estética” vem do grego aisthetiké que, de acordo com a filosofia, é reflexão a respeito da beleza sensível e do fenômeno artístico. A busca pela perfeição vem dos povos primários de diversos lugares do mundo que se adornavam e utilizavam, por exemplo, óleos e substâncias vindas de plantas. No Egito, tida como umas mulheres mais bonitas do mundo, Cleópatra se tornou referência em rituais de beleza que se perduram até os dias atuais. Banhos, como o de leite de cabra e mel, que deixavam sua pele macia e radiante; o uso de água de rosas para o rosto, a fim de acalmar a pele e descongestionar olheiras; a passagem de óleo de amêndoas nos cabelos em dias de lua Crescente, com a finalidade de deixá-los longos e sedosos, estão entre os costumes da última rainha do Egito.
Atualmente, a atenção está cada vez mais voltada ao cuidado e à prevenção ao envelhecimento, além da possibilidade de “corrigir imperfeições”. Patrícia Cruz é uma verdadeira fã de procedimentos estéticos e comenta que eles vieram pra ficar. Segundo a estudante de Direito, uma seringa de preenchimento de bigode chinês (sulco nasogeniano) e sessões de criolipólise (quebra de gorduras por meio de congelamento) foram o que transformaram sua relação com o espelho.
“Sempre fui muito expressiva e sorridente, o que fez com que essa área em torno do meu sorriso se ‘afundasse’. Isso me incomodou de uma forma que eu não conseguia mais tirar fotos e tentava fazer o mínimo possível de expressões durante o dia, além de ficar super marcado quando eu me maquiava e acumular suor. O preenchimento foi a melhor saída pra mim, fiquei muito feliz com o resultado, só não é mais perfeito porque não é ‘para sempre’ e precisa de um retoque anualmente. A criolipólise também me ajudou em um problema que afetava diretamente minha autoestima, a pochete (gordura localizada na parte inferior da barriga). Pretendo me cuidar o suficiente para ter um envelhecimento gradativo, nada muito exagerado, mas tudo o que for passível de melhoria”.
Em conversa com o Lab Notícias, Rânia Arielle Reis, técnica em radiologia, conta que também encontrou na estética a solução para a redução de pelos faciais e de acnes. De acordo com a jovem, desde criança ela sofria bullying e se submetia regularmente a depilações dolorosas — foi somente com a depilação a laser que ela conseguiu a resolver do problema.
“A depilação a laser e limpezas de pele foram uma virada de chave na minha autoestima. Eu sempre tive muitos pelos faciais e acnes, e por isso, usava muita maquiagem para tentar disfarçar, além de fazer depilação na linha, que doía muito e piorava o que já não era bom. Hoje em dia, consigo sair sem nada no rosto e não tenho quase nada de pelos depois de algumas sessões. Em relação às espinhas, a limpeza de pele auxilia muito na questão da oleosidade da minha pele, eu faço como uma forma de manutenção mesmo, já que não existe nada milagroso que se resolva de primeira. Pode parecer fútil, mas isso foi muito importante pra mim”.
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