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A Vila Cultural Cora Coralina apresenta até o dia 28 de julho a exposição “Entre o Dito e o Não Dito”, do artista visual Paulo Serrado. A mostra, com entrada gratuita, busca estabelecer um diálogo entre literatura e arte, utilizando pinturas e esculturas. A inspiração para os trabalhos surge a partir das leituras de obras relevantes como “O Povo Brasileiro”, do antropólogo Darcy Ribeiro, e “Brasil: Uma Biografia”, das historiadoras Lilia Schwarcz e Heloisa Starling.
O objetivo declarado da exposição é fazer o público repensar a história iconográfica brasileira colonial como forma de ressignificação social e de identidade, levando o espectador a questionar o que é ser brasileiro. Paulo Serrado, artista local formado em Artes Visuais e mestrando pela Universidade Estadual de Goiás, frequentou a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, localizada no Rio de Janeiro, onde se formou ao estudo de Artes. Em 2016, teve a oportunidade de atuar como assistente da artista renomada Sônia Gomes. Serrado revela-se um artista multifacetado, trabalhando com pintura, escultura, fotografia e montagem.
A proposta de Paulo Serrado é ambiciosa e pode ser considerada louvável, pois aborda a temática relevante da identidade brasileira e sua relação com a história colonial. No entanto, ao analisar a exposição, é possível notar algumas lacunas e questões a serem levantadas.
Primeiramente, a ligação entre as obras de arte e as referências literárias poderia ser mais clara para o público. É fundamental que o artista forneça elementos que convide os visitantes a perceberem, a conexão entre as ideias dos livros e a materialização dessas ideias nas pinturas e esculturas expostas. Caso contrário, corre-se o risco de a mensagem se perder e a exposição se tornar confusa. Parece faltar um fio de narrativa que conecte todas as obras expostas ao livros.
Outro ponto a ser considerado é a falta de uma critica clara. Para um exposição que se propõe a ressignificar as obras parecem apenas ilustrar um conceito já estanque da brasilidade feita a partir da contribuição voluntária das três raças. O lado forte da exposição sem dúvidas são as pinturas. Serrado possui um olhar instigante para a composição das formas e cores em suas telas. Vibrantes e esteticamente agradáveis.
Quanto à estrutura da mostra, a disponibilidade de visitação de segunda a sábado, das 9h às 17h, e aos domingos das 9h às 12h, é bastante positiva, permitindo ao público ter uma ampla janela de oportunidades para apreciar o trabalho do artista. Contudo, seria relevante a presença de guias ou mediadores culturais durante o período de visitação, para enriquecer a experiência do público com informações adicionais sobre a proposta artística e os conceitos abordados.
Em suma, a exposição “Entre o Dito e o Não Dito” de Paulo Serrado traz consigo uma proposta instigante ao buscar ressignificar a identidade brasileira a partir de obras literárias originais. No entanto, carece de uma conexão mais clara entre as referências e as obras de arte, além de uma contextualização mais aprofundada para enriquecer a visita do público. Com ajustes adequados, a exposição pode se tornar uma contribuição relevante ao cenário artístico cultural goianiense, incitando reflexões importantes sobre a nossa identidade histórica e social.