IBGE revela dados surpreendentes sobre o cenário educacional brasileiro

Último relatório anual do PNAD Educação aponta estatísticas importantes sobre a queda de taxas de analfabetismo e evasão escolar, além de outros tópicos. Confira na matéria a seguir;
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O PNAD Educação é uma pesquisa anual realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que coleta informações sobre a educação no Brasil, abrangendo aspectos como escolaridade, frequência escolar e outros indicadores educacionais. A pesquisa é importante para a população, pois fornece dados essenciais sobre o sistema educacional brasileiro, ajudando a compreender o acesso à educação, níveis de escolaridade, desigualdades educacionais e outras informações cruciais para o desenvolvimento de políticas públicas e tomada de decisões informadas na área da educação.

No mais recente levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) voltada para a educação, referente ao ano de 2022 e divulgado em 2023, dados indicam avanços significativos no combate ao analfabetismo no Brasil. A taxa de analfabetismo em indivíduos com 15 anos ou mais apresentou uma queda notável, passando de 6,1% para 5,6%.

Esse resultado, embora modesto, sinaliza um progresso importante na promoção da alfabetização e do acesso à educação básica no país. Outro destaque que emerge dos dados é a redução da taxa de analfabetismo entre pessoas com 60 anos ou mais. De acordo com os números da PNAD Educação 2022, essa taxa registrou um declínio notável de 18,1% para 16,0%. Confira abaixo no gráfico:

Fonte: PNAD Educação 2022 – IBGE

Esse fenômeno pode ser interpretado como um reflexo do esforço contínuo para proporcionar oportunidades educacionais inclusivas e adaptadas a todas as faixas etárias. No entanto, apesar desses avanços, persiste o desafio de garantir que as políticas e investimentos educacionais alcancem de maneira eficaz os grupos mais vulneráveis e regiões menos favorecidas do país. Além da redução do analfabetismo, a pesquisa revelou avanços promissores no que diz respeito à taxa de escolarização em faixas etárias cruciais. Entre crianças e adolescentes com idades entre 6 e 14 anos, a taxa de escolarização aumentou ligeiramente, passando de 99,3% para 99,4%.

Baseado nisso, Valdineide Martins, pós-graduada em Letras na Universidade de Letras do Porto em Portugal e professora de português e redação para cursos preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e na rede pública de ensino, disserta sobre a questão abordada:

“A educação a nível nacional, apesar dos dados, ainda possui problemas porque o Brasil é um país muito extenso, ou seja, cada região tem seus problemas, aumentando bastante a desigualdade. Atualmente, as faculdades também estão repletas de analfabetos funcionais, que por conta da não preparação adequada para se avançar nos níveis educacionais, acabam não conseguindo ir adiante tanto na vida estudantil quanto na vida profissional também.”

Valdineide Martins

Outro dado de destaque na pesquisa é a ascensão expressiva na taxa de escolarização de jovens entre 15 e 17 anos. A porcentagem subiu de 89,0% para 92,2%, um aumento significativo que reflete o esforço conjunto de educadores, famílias e autoridades para manter os adolescentes engajados no sistema educacional por um período crítico de transição para o ensino médio.

Além disso, a taxa de frequência escolar líquida entre os mesmos jovens (15 a 17 anos) registrou um salto notável, alcançando 75,2% em comparação aos 71,3% do ano anterior. Essa elevação pode ser interpretada como um passo em direção ao fortalecimento do vínculo entre os adolescentes e a educação, contribuindo para a redução da evasão escolar e o incentivo à continuidade dos estudos.

Apesar desses índices, Valdelícia Lourdes Castro, servidora pública e membra da coordenação do Colégio Estadual Padre Pelágio, localizado em Trindade-GO, relata que as dificuldades para conseguir manter o aluno da rede pública na escola, em geral, são constantes e atrapalham tanto o próprio aprendiz quanto o Estado também. Veja abaixo:

“Em Goiás, por exemplo, os alunos recebem uma ajuda do governo ao receberem todo o uniforme e kits de cadernos e lápis para estudar. Entretanto, muitos alunos buscam apenas a frequência em sala de aula e não ligam pro estudo de fato, além do fato de que muitos alunos precisam trabalhar para ajudar a família e acabam ficando cansados ao extremo para estudar, ou seja, nesses casos, não há nem como focar no ENEM, por exemplo. A somatória de todos esses fatores e alguns outros acabam resultando na evasão escolar e colaboram para desenvolver novos empecilhos.”

Valdelícia Lourdes Castro

José Leonardo Santana, graduado em História na Universidade Federal de Goiás e especialista em gestão educacional, também aborda sobre as dificuldades educacionais do país, mas ressalta que os avanços na área nos últimos 15 anos são notórios, assim como é comprovado através do PNAD Educação 2022, divulgado em 07 de junho de 2023. Entenda:

“A educação brasileira caminha a passos lentos, os problemas na educação do nosso país estão ligados diretamente a desigualdade social, quanto mais pobre menos acesso a escolaridade. Porém, não podemos negar que nos últimos 15 anos tivemos um grande avanço na qualidade e nos números em nossa educação, os investimentos e as politicas afirmativas com as cotas contribuíram para isso. O país precisa correr atrás do prejuízo causado pela desigualdade social e potencializado pela pandemia, pois milhares de estudantes ainda continuam sem acesso a uma educação de qualidade.”

José Leonardo Santana

No Brasil, em 2022, 20,0% (9,8 milhões de pessoas) da população de 15 a 29 anos de
idade não trabalhava nem estudava ou se qualificava a nível superior
. Em 2019, esse valor era de 22,4% (11,3 milhões de pessoas). A queda desse contingente esteve mais associada à expansão da ocupação
desse grupo em 2022. Portanto, o mercado de trabalho explica parte importante da redução do
“NENO” (não estuda e não ocupado).

Valores (em %) referentes às pessoas que não trabalhavam ou estudavam

Em 2022, pela primeira vez, mais da metade (53,1%) da população de 25 anos ou mais de idade tinham pelo menos o Ensino Básico Obrigatório, enquanto 9,6 milhões de pessoas no Brasil foram consideradas analfabetas (para ser alfabetizado, é considerado aquela pessoa que sabe escrever um bilhete simples. Ex: Maria foi no mercado), e cerca de 40,2% das pessoas entre 14 e 29 anos indicaram que a necessidade de trabalhar para sustentar a si próprios ou auxiliar suas famílias foi o fator determinante para o abandono escolar. Ainda assim, os resultados da PNAD Educação 2022 oferecem um vislumbre encorajador do progresso gradual e constante na luta contra o analfabetismo e pela educação equitativa no Brasil.

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